Cap.30
Lúcios inclinou-se, o calor de sua respiração roçando a orelha dela, fazendo Ângela sentir um arrepio profundo que não era de medo, mas de uma estranha expectativa.
— Não sei… ainda estou analisando seu caso, Ângela. Para ser sincero… nesse momento, sou seu marido. Mas não espere que eu leve as coisas de forma sentimental. Afinal, são essas coisas que podem te matar, você não acha? — O final da frase foi um sussurro gelado, mas os calafrios que percorreram o corpo de Ângela eram uma mistura inebriante de pavor e atração.
Por um instante, apenas por aquele instante, o brilho nos olhos de Ângela diminuiu. Seu olhar se tornou distante, quase dolorido.
Ela levou uma das mãos à nuca, como se tentasse se ancorar na realidade, e um soluço escapou de seus lábios antes de um suspiro pesado. Então, um sorriso agridoce, quase forçado, brotou.
— Não sei por que achei isso tão familiar e estranho.
A mão de Lúcios ergueu-se, o polegar roçando a curva do queixo dela, um toque quase possessivo