51. O MILAGRE INESPERADO
Seis meses haviam se passado desde que os caminhos de todos foram virados do avesso. O tempo parecia ter levado consigo não apenas dias, mas também fragmentos inteiros de vidas.
Leonardo caminhava pela imensa biblioteca da mansão como uma sombra de si. O homem que outrora exibia orgulho e arrogância agora carregava uma frieza ainda mais profunda, um vazio que queimava silenciosamente em seus olhos. Desde a morte de Camila — seu único e verdadeiro amor —, nada mais parecia ter cor. O luto não o fizera mais humano; pelo contrário, transformara-o em um predador ainda mais impiedoso.
Enquanto ele bebia em silêncio um copo de uísque, o reflexo no cristal parecia zombar de sua solidão. Murmurou para si, num tom baixo e quase rouco:
— Camila... você foi a última parte viva em mim... agora só resta cinza.
Do lado de fora, os ventos noturnos batiam contra as janelas da mansão, trazendo um ar de conspiração.
Helena, por sua vez, havia sido expulsa de sua própria glória. Agora, sua vida estava r