NICHOLAS BLACKWELL
A VERDADE TAMBÉM QUEIMA
Depois da reunião, o dia foi um inferno calculado.
Hannah passou por mim dezenas de vezes nos corredores da Onyx sem me lançar um único olhar. Era como se a noite que dividimos não tivesse existido. Como se o toque da pele dela sob a minha não tivesse deixado marcas.
Era fria. Precisa. Impecável.
E cada gesto dela me envenenava um pouco mais.
Esperei até o expediente quase acabar, quando os corredores começaram a esvaziar, e fui até sua sala. Bati levemente na porta, mas entrei sem esperar resposta. Ela nem levantou os olhos do notebook.
— Podemos conversar?
— Estou ocupada, Sr. Blackwell. — O nome saiu seco, como lâmina. Formal. Afiado.
— Sobre a outra noite...
— Achei que tivesse deixado claro que o que aconteceu entre a gente foi um erro. — Ela cortou, ainda sem me encarar. — Não deveria ter acontecido. Não estava pensando direito depois de uma madrugada tensa.
Cada palavra dela foi um golpe. Mas o pior foi o tom. Ela não me odia