CAPÍTULO 10
Valéria Muniz
As palavras daquele homem eram dolorosas demais pra mim. Aguentei firme a cada insulto, não deixaria que ele me fizesse abaixar a cabeça, como meus irmãos sempre fizeram, eu o responderia à altura e precisaria esquecê-lo o quanto antes.
Vi seu vulto a alguns passos.
— Você é muito atrevida, sabia? — ouvi e senti a aproximação dele, estava muito perto de mim. — Se é cega... como sabe que estou fardado, para tentar me diminuir?
— Uma pessoa cega sabe identificar muitas coisas, através do som, cheiro e percepções que seres humanos “perfeitos” não são capazes, sabia? — essas palavras doeram em mim, porque já estou tão cansada de julgamentos, por isso não gosto que fiquem me ensinando as coisas que já sei, me esforço para aprender rápido.
— Olha, eu não quis ser indelicado, sei perfeitamente sobre isso que acabou de dizer, eu só estou perguntando como sabia que estou fardado? Você consegue ver algumas coisas com os óculos? — me virei para o outro lado,