Quando terminaram de lanchar, Bridget e Callie permaneceram sentadas por mais alguns minutos, aproveitando o clima leve e a brisa agradável do jardim.O celular de Bridget, que estava silencioso sobre a mesa, vibrou de repente. Ela franziu o cenho ao ver que era um número desconhecido.Sentindo uma pontada de desconfiança, atendeu.— Alô? — disse, sua voz calma, mas atenta.Do outro lado da linha, silêncio.Ela esperou alguns segundos, pensando que talvez fosse uma ligação ruim ou até alguém tentando falar.— Quem está falando? — insistiu, sua expressão ficando séria.Nada.A ligação foi encerrada abruptamente, como se a pessoa do outro lado tivesse simplesmente desligado. Bridget permaneceu olhando para o celular em sua mão por alguns instantes, uma sensação incômoda crescendo dentro dela.Callie, percebendo a mudança no semblante de Bridget, perguntou preocupada:— Aconteceu alguma coisa?Bridget guardou o telefone na bolsa e forçou um sorriso.— Deve ter sido engano... — disse, ten
Bridget fechou a porta do quarto com um suspiro pesado.Aquela noite tinha sido insuportavelmente dolorosa.Ela sentia como se estivesse se forçando a ficar em uma casa onde seu coração só encontrava cicatrizes.Colocou a bolsa sobre a poltrona e caminhou até a janela, abrindo-a para deixar o ar fresco entrar.A brisa da noite acariciou sua pele, mas não levou embora o aperto que sentia no peito.Seu celular vibrou na cômoda.Ela caminhou até ele, curiosa.Número desconhecido.De novo.O coração de Bridget acelerou involuntariamente.Ela atendeu, levando o aparelho à orelha com cautela.— Alô?Silêncio.— Quem é? — insistiu, sua voz mais firme.Nada. Apenas o som abafado de uma respiração do outro lado da linha.Bridget desligou com um estremecer involuntário, sentindo uma sensação incômoda rastejar sob sua pele.Já era a segunda vez em poucos dias. Quem estaria fazendo isso?Tentando não se assustar ainda mais, ela trancou a porta do quarto e foi ao banheiro tomar um banho rápido, te
Bridget saiu da Livraria-Café Tulipa com o coração aquecido, o cappuccino ainda fazendo cócegas suaves em sua memória afetiva. O céu nublado refletia seus sentimentos: uma mistura de esperança e incerteza. Ela caminhou devagar até a calçada, mas assim que passou pela porta, aquela sensação desconfortável de estar sendo observada voltou. Arrepios percorreram sua espinha. Olhou discretamente para os lados. Nada. A rua em frente estava tranquila, movimentada apenas por transeuntes apressados e o fluxo normal da cidade. Mesmo assim, Bridget sentiu o estômago revirar. "Calma, deve ser impressão... ou talvez café demais," pensou, tentando rir de si mesma. Mas o incômodo persistia. Ao dar mais alguns passos, sentiu o vento bater forte, como se o próprio universo sussurrasse: "Volte." Bridget não hesitou. Girou nos calcanhares, empurrou a porta da Tulipa de volta com força e entrou novamente no espaço acolhedor da livraria. Com as mãos ainda tremendo, puxou o celular do bolso e d
Mais tarde naquela noite... A mansão Miller estava mergulhada num silêncio confortável, quebrado apenas pelo leve crepitar da lareira acesa na sala principal. Maxwell e Bridget estavam sentados no grande sofá de veludo azul-marinho. A luz dourada das chamas pintava sombras suaves nos rostos deles, criando um clima íntimo e acolhedor. Maxwell, sempre hábil em ler os ambientes — e as pessoas —, puxava assuntos leves, tentando distrair Bridget da tensão que ainda pairava sobre ela desde a estranha ligação e o breve encontro com Andrew. — Sabia que na Escócia eles acreditam que chá cura quase tudo? — ele disse com um sorriso divertido, oferecendo a ela uma xícara fumegante. Bridget sorriu de canto, aceitando o chá. — Mesmo o coração partido? — brincou, com a voz baixa. Maxwell fingiu pensar por um instante, dramatizando: — Para isso, minha querida, talvez precisemos de duas xícaras... e um pedaço generoso de bolo. Ela soltou uma risadinha sincera, e Maxwell sorriu satisfe
Bridget tentava disfarçar o incômodo que queimava em seu peito.Sentada à bancada de mármore, ela girava a colher dentro da xícara de chá sem realmente se importar com o que fazia.Maxwell, à sua frente, não era tolo.Com uma mordida preguiçosa no croissant, ele a observava com olhos atentos, sem dizer nada por um momento.— Você está quieta hoje, Bridget... — comentou, de forma casual, mas a voz carregava uma preocupação sutil — Dormiu bem mesmo?Bridget ergueu o olhar, forçando um sorriso doce.— Dormi sim, só estou... meio pensativa, eu acho.Maxwell apoiou o cotovelo na bancada e inclinou o rosto, analisando-a com aquele jeito paciente e gentil.— Pensando em coisas boas, eu espero.Ela riu sem humor, baixando o olhar para a xícara.— Ainda estou tentando decidir se foram boas... — murmurou, mais para si do que para ele.Maxwell não insistiu. Apenas estendeu a mão e tocou levemente a dela sobre a bancada, transmitindo apoio silencioso.Bridget fechou os olhos por um instante, agra
. Por alguns segundos, tudo ao redor desapareceu. O gosto dele, o calor, a intensidade… era como se o tempo tivesse parado ali, na cozinha iluminada pela luz suave da manhã.Mas então, do lado de fora, o som abrupto de algo caindo no jardim quebrou o momento.Bridget se afastou rapidamente, o coração disparado — não só pelo susto, mas pelo que quase aconteceu. Os olhos dela estavam arregalados, confusos, perdidos.— Eu… não posso. — murmurou, com a respiração entrecortada. — Andrew, eu quero te ajudar a recuperar suas memórias… de verdade. Mas eu não posso misturar isso com… isso. Com o que a gente quase fez.Ele franziu o cenho, ainda ofegante, mas atento ao tom vulnerável dela.— Eu entendo… — disse ele, em voz baixa.— É que... você ainda está em um processo de recuperação. E eu... eu também estou tentando me curar. — Bridget desviou o olhar, apertando as mãos contra o peito, como se tentasse segurar o próprio coração. — Então, por enquanto... eu acho melhor mantermos certa distânc
No andar de cima, Bridget ainda trocava mensagens com Camila e Vitória no grupo de WhatsApp. Ambas amigas ficaram surpresas e indignadas ao saberem do que havia acontecido entre ela e Andrew, passando um sermão carregado de carinho e preocupação.Enquanto lia e digitava respostas, bateu uma leve batida à porta. Bridget se recompôs e abriu, encontrando Maxwell com uma expressão serena.— Vim ver se você está bem — ele disse, apoiando-se no batente com naturalidade.— Estou... só conversando com as meninas — Bridget respondeu com um sorriso fraco.Maxwell hesitou, depois suspirou.— Eu preciso viajar. Elizabeth me pediu para representar o Grupo Miller em uma situação complicada em uma das redes. — Ele fez uma pausa. — Vou precisar ficar fora alguns dias.— Oh... — Bridget pareceu surpresa, os olhos se iluminando com preocupação. — Vai voltar a tempo da inauguração?— Claro. Eu prometi que estaria lá com você — Maxwell garantiu com um sorriso gentil. — Nada me faria perder isso.Eles tro
Camila ajeitou os cabelos, ajeitando rapidamente a blusa como se buscasse parecer ainda mais impecável — não que precisasse. Seus olhos brilhavam de expectativa enquanto puxava Bridget e Vitória pelo braço.— Vamos lá antes que ele desapareça! — sussurrou, ansiosa.Elas caminharam com passos elegantes até Jacob, que, mesmo de longe, parecia irradiar uma presença magnética. Vestia um terno escuro perfeitamente alinhado ao seu corpo alto e atlético, a gravata sóbria realçando a firmeza de seu queixo e o olhar sério. Atrás dele, uma pequena comitiva de secretários e gestores se movia de forma organizada, quase reverente.Quando Jacob avistou Camila, um sorriso rarefeito, mas cheio de emoção, escapou dos lábios firmes dele. Sua postura, até então toda voltada para os negócios, relaxou instantaneamente.— Camila... — ele murmurou, quase como se o nome dela tivesse o poder de mudar tudo ao redor.Camila não se conteve e correu até ele, abraçando-o de maneira impulsiva, sem ligar para o pequ