Virelles despertava sob uma fina névoa matinal. Os sinos da catedral Sainte-Agnès soavam ao longe, como uma lembrança suave de que a cidade seguia em frente — mesmo quando corações permaneciam presos ao ontem.
Na ala reservada da Clínica Beaulieu, Laura olhava para o teto branco. Seus olhos estavam opacos, vazios, mas a mente pulsava em redemoinhos. Os surtos vinham e iam como ondas. Desde que Elizabeth havia ordenado sua internação — logo após a desmascarada humilhação no altar —, Laura mal pronunciava palavras. Em seu ventre, a vida crescia silenciosa, enquanto o passado ainda a queimava por dentro.
Elizabeth acompanhava tudo de longe. A cada visita, observava com um misto de culpa, frustração e luto. Não sabia mais onde Laura terminava e onde começavam os danos da ambição.
— Quando esse bebê nascer — disse certa vez à médica responsável —, ele terá uma nova chance. Longe de tudo isso.
Na mesma manhã, Bridget caminhava pelas alamedas floridas da Mansão Tulipa Azul. O ar de liberdade