O Peso do Desaparecimento
MUITO TEMPO DEPOIS...
Acordo no meio da madrugada com o celular vibrando sobre a mesa de cabeceira. São mensagens de Adriano:
—Alguma novidade sobre a Ari? Onde ela e o bebê estão?
Meu peito aperta antes mesmo de eu abrir os olhos por completo. Há quase cinco anos, Aria sumiu sem deixar rastro e com ela, levou a esperança de um futuro que eu ainda mal começava a compreender.
Levantando-me com cuidado para não acordar o quarto vazio, calço os sapatos e vou até a varanda. A neblina envolve o jardim, e o ar frio parece dançar ao meu redor, como se cada partícula de água refletisse a minha angústia. Enfio as mãos nos bolsos e ligo o telefone: nenhum sinal novo. Mais um blecaute. Mais uma madrugada de incertezas.
Volto para dentro e sento à escrivaninha onde, até poucos dias atrás, guardava os relatórios de receitas e balanços consolidados. Agora, todos esses números me soam vazios: não há planilha, projeção ou gráfico que preencha o buraco que Aria deixou.
Peg