Cicatrizes Vivas.
Alexandro
O cheiro de terra molhada ainda está nas minhas mãos.
Volto ao orquidário com Julian, mas Aria permanece afastada, entre flores e distâncias.
Eu respeito.
Ainda que tudo em mim grite para me aproximar.
Julian, com uma flor nas mãos, pergunta:
— Papai, quando eu era bebê, você já sabia de mim?
Congelo por dentro. A voz dele é limpa, sincera, inocente.
Uma pergunta simples, que carrega tudo o que não fui.
Ajoelho diante dele, olho nos olhos castanhos tão parecidos com os meus. Tento não vacilar.
— Não, filho. Eu não sabia. Quando descobri não sabia onde encontrá-los. E sinto muito por isso.
—Se soubesse teria vindo correndo.
Ele observa meu rosto, como se buscasse a verdade com olhos de adulto.
Depois de alguns segundos, solta:
— Mamãe disse que você tava doente e esqueceu das coisas.
—Isso é verdade?
— É. Eu bati o carro e perdi a memória por um tempo.
—E depois, quando as lembranças voltaram.
—Eu tinha feito muita besteira.
Julian se senta ao meu l