O outro lado de um mafioso
O outro lado de um mafioso
Por: Lu Carvalho
Eu, minha mãe e minha melhor amiga.

Nascia um novo e lindo dia, calmo e ensolarado em uma das pequenas cidades da Itália.

*Pordenone*, está localizada na região do Friuli Venezia Giulia. Com cerca de 50.008 habitantes.

Uma cidadezinha antiga e pitoresca, onde as pessoas vivem suas rotinas diarias de sempre e quase todos se conhecem.

Um lugar não tão agitado como uma cidade grande e nem tão luxuosa, mas encantadora e com o seu toque especial.

Em uma casa simples, mas aconchegante, e um pouco afastada da cidade, eu me levantava animada para mais um dia.

- Mas um dia de vida, que Deus me abençoou com sua infinita bondade. - espreguicei-me antes de levantar para ir ao banheiro.

Já no banheiro, lavei o meu rosto, escovei os dentes e em seguida troquei o pijama por um vestido leve que estava pendurado atrás da porta.

- Bem, agora nada como um belo café da manhã para começarmos mais um dia, não é? - disse a mim mesma olhando em frente ao espelho.

Voltei para o quarto, arrumei minha cama e desci para a cozinha, enquanto minha mãe ainda dormia em seu quarto.

- Vou preparar um café da manhã especial para ela, afinal ela é minha heroína e merece tudo de melhor.

Abri as portas dos armários, a porta da geladeira e fiquei pensando em o que faria para nós de café da manhã.

- Acho que umas belas fatias de pães italiano com geleia ( pane e marmellata ), ovos mexidos com bacon ( uova strapazzate con pancetta ) e um café quentinho da moka, forte e intenso ( caffè moka caldo, forte e intenso ), deve ser o suficiente para nos sustentar até o almoço, afinal hoje é dia daquela faxina pesada aqui em casa,.. - suspirei fundo ao pensar o quanto tínhamos para fazer até a tarde. - ..mas, quero aproveitar que por enquanto não tenho que me preocupar mais com os estudos e ajudar mais a minha mãe nos afazeres aqui de casa. Sei que ela nunca reclama, mas é difícil cuidar de uma casa com 6 cômodos todos os dias sozinha e ainda ter que trabalhar meio período em uma padaria (forno).

Peguei tudo o que ia precisar para um bom café da manhã e coloquei tudo em cima da mesa.

- Por isso, a partir de hoje quero ajudá-la em tudo, assim é um jeito de eu agradecê- la por tudo que ela tem feito por mim até hoje, e também quero mostrar a ela o quanto eu a amo e me preocupo com ela.

Eu estava tão distraída arrumando a mesa, que nem percebi que ela estava me observando, encostada na batente da porta da cozinha.

- Não importa se você me ajuda ou não aqui em casa minha filha, eu sei o quanto você me ama. - disse carinhosamente - E eu quero que você nunca se esqueça que eu também a amo.

Me virei rapidamente ao ouvir a voz dela atrás de mim.

- Oh.. bom dia mamãe, eu não escutei a senhora descendo a escada. - caminhei até ela para pedir a sua benção enquanto ela sorria para mim - Benção mãe. - segurei em sua mão e dei um beijo nela.

- Benção minha filha. - sorriu novamente enquanto beijava a minha testa e olhava admirada para a mesa já arrumada - Acordei com esse cheirinho maravilhoso de café. - aspirou o cheiro profundamente - Estava com saudades de quando você preparava o nosso café da manhã a uns 8/10 atrás.

- Não se preocupe mamãe, de hoje em diante, enquanto eu não resolvo nada sobre a faculdade, prometo preparar o nosso café da manhã todos os dias. - sorri gentilmente para ela e a olhei com carinho.

- Não se preocupe com o café da manhã minha filha, só de ter você aqui comigo todos os dias de manhã já é a melhor coisa que eu poderia ter.

- Eu também estou muito feliz em poder voltar a tomar café com a senhora todos os dias novamente. Sair correndo todas as manhãs para ir para a escola era bem cansativo.

- É, eu sei que era. - olhou-me com compreensão.

- Bom, mas agora enquanto eu não escolho para qual faculdade eu irei, nós vamos poder fazer isso todas as manhãs.

- Filha eu quero muito que você seja alguém na vida, que você tenha uma ótima profissão, um futuro brilhante, mas eu não quero que você se apresse em escolher o que quer fazer e para qual faculdade quer ir, pois não quero que você faça as escolhas erradas, entende?

Balancei a cabeça em concordância.

- Quero que você escolha algo que vá te preencher, somar e fazer você feliz. Porque quando escolhemos nas pressas, nos acabamos nos arrependendo depois.

Eu fiquei olhando atentamente para ela, prestando atenção em tudo o que ela me dizia, pois os conselhos dela sempre me livraram de várias enrascadas.

- As vezes as escolhas erradas nos levam a lugares onde não queríamos estar, nos levam a conhecer pessoas que não queríamos ter conhecido, nos levam a fazer coisas que não queríamos fazer.

Olhando para ela, senti como se ela estivesse falando dela mesma, para ela mesma.

- Por isso te digo que devemos pensar e repensar várias vezes antes de fazermos nossas escolhas. - disse- me com sinceridade.

- Pode deixar mamãe, eu vou pensar e repensar várias vezes antes de finalmente fazer a minha escolha. - segurei em suas mãos e a olhei com carinho.

- Filha eu rogo a Deus todos os dias para que você consiga tudo o que você deseja em sua vida. - segurou em meu rosto e acariciou a minha bochecha - Mas que você consiga de um jeito honesto. Porque tudo que conseguimos com honestidade, se torna importante e admirado por alguém.

- Eu sei mãe, eu prometo tentar seguir esse conselho sempre.

- Eu sei que sim. - sorriu para mim.

Nós, então, nós sentamos para tomarmos o belo café da manhã que eu havia preparado.

- Com muito trabalho, muito esforço e muita honestidade, você chegará em qualquer lugar que você quiser. Nunca se esqueça disso, ok?

- Jamais esquecerei mãe, e obrigada por tudo. - agradeci enquanto a puxava para um abraço terno - Você me deu a melhor educação que podia me dar, você só me ensinou coisas boas. - afastei um pouco e olhei diretamente em seus olhos - Eu sei que só me tornei o que eu sou hoje por causa de você. Por isso hoje, eu tenho muito amor e muita gratidão por você.

- E eu por você, meu amor.

Nós nos abraçamos fortemente mais uma vez.

- Agora que tal tomarmos um delicioso café? - disse empolgadamente - Porque depois temos um dia longo, não é? - perguntei dando-lhe um sorriso.

- É, verdade, você tem razão. - sorriu para mim enquanto eu servia o café fresquinho para nós duas. - Hoje o dia será bem longo e bem cansativo.

- Ah, acho que hoje não será muito cansativo não mamãe. Afinal hoje estamos em duas, então, dividindo o serviço, tudo ficará bem mais fácil e menos cansativo - disse positivamente.

- É, com certeza filha. - respondeu positivamente enquanto colocava sua mão em cima da minha - Tudo será bem mais fácil e bem menos cansativo, fazendo em duas.

Nós tomamos o café e em seguida eu fui lavar a louça e pôr o lixo para fora, enquanto minha mãe foi colocar as roupas na máquina de lavar.

Não havia muita louça, como também não havia muita roupa, já que éramos só nós duas. Então assim que acabei fui na lavanderia falar com a minha mãe.

- Mãe eu vou faxinar o meu quarto enquanto a senhora faxina o seu, e depois eu pego lá na cozinha, porque o serviço é mais pesado, enquanto a senhora fica com a sala porque é um serviço bem mais leve, pode ser? - a olhei atentamente.

- Tudo bem filha, como você achar melhor. - concordou.

Eu, então, me virei para subir para o meu quarto, mas me virei rapidamente pois havia me lembrado de outra coisa.

- Ah, e deixa que o banheiro eu limpo também, ok? - fiz um sinal de jóia para ela.

- Tá bom filha. - sorriu para mim - Mas se caso você se sentir cansada antes de ir para o banheiro, você me fala que eu mesma vou lá e lavo ele, tá?

- Pode deixar mãe, falo sim. - sorri para ela, me virei e fui para o meu quarto começar a limpeza.

Eu sempre fui muito organizada, então não havia muita bagunça para arrumar em meu quarto, então, foi algo que eu terminei bem rápido.

- Prontinho,.. - suspirei - ..mais limpo do que isso, impossível.

Olhei para o meu quarto mais uma vez, satisfeita de como eu o deixei, e em seguida desci as escadas, sentido a cozinha, mas quando eu já estava quase perto da entrada para cozinha, eu ouvi o telefone tocar lá na sala.

Eu, então, corri para atender, pois pensei que talvez fosse a Elisa me ligando, afinal ela me ligava todos os dias.

Quando não era no meu celular, era no telefone da minha casa.

Nós ficávamos conversando por horas.

.." Com certeza ela deve estar me ligando para falar da noitada passada. - ri comigo mesmo ao lembrar de tudo que ela me contava. Dos encontros dela, com caras diferentes a cada vez que ela saía - Quero só ver, o dia que eu perder a minha virgindade, se ela vai ter paciência para escutar todas as minhas aventuras amorosas.

Tirei o telefone do gancho empolgadamente.

- Fala, Lisa. - disse extasiada - Quem foi sua vítima noite passada e o que vocês fizeram? Conte- me tudo e não me esconda nada.

Achei estranho pois ouvi uma respiração do outro lado da linha, mas ninguém dizia nada.

- Alô? É você Lisa? - insisti, mas.. nada.

A pessoa do outro lado continuava em silêncio.

- Olha, desculpa, mas já que ninguém diz nada eu vou desligar, tenha um bom dia. - disse cordialmente.

Coloquei o telefone no gancho e fui para a cozinha.

Antes de começar a limpar a cozinha eu coloquei o celular no sutiã, o fone de ouvido e entrei na minha playlist para ouvir algumas músicas que eu havia baixado.

.." Nada como ouvir boas músicas para animar enquanto limpo a minha casa.

- Aaaiii.. - suspirei - Amo as músicas do Enrique Iglesias.

Limpei os armários, limpei a geladeira, o fogão, a mesa, o exaustor e por último o chão.

- Ufa.. - suspirei aliviada - Finalmente mais um lugar da casa limpo.

Assim que olhei para a cozinha toda limpinha, lembrei que ainda havia o banheiro para eu lavar.

- Bom, agora é só lavar o banheiro e depois gozar de um bom descanso.

Peguei os produtos de limpeza, os panos que eu ia utilizar para limpar o banheiro, a vassoura e o rodo, e segui pelo corredor sentido as escadas, pois o banheiro ficava no andar de cima.

Quando eu estava beirando a porta que vai para a sala, próxima a escada, eis que eu escuto minha mãe falando exaltada no telefone.

Eu até havia aprendido com a minha mãe que era feio ouvir as conversas das pessoas atrás das portas, ou atrás das paredes, mas pelo jeito que ela estava, eu precisava escutar.

Eu precisava tentar descobrir com quem ela estava falando, o porquê ela estava tão exaltada, qual era o motivo de todo aquele nervoso. Porque eu nunca havia visto ela daquele jeito.

Eu fiquei quase que bem perto da batente da porta para conseguir ouvir tudo que ela estava dizendo para a pessoa do outro lado da linha.

- Eu já disse para você não me ligar mais, Matteo. - disse irritada - Eu jamais a deixarei entrar para o seu mundo.

...

.." Matteo? Quem é Matteo? E de quem ela está falando? Entrar para o mundo dele? Que mundo?

Eu não conseguia parar de pensar em tudo o que ela havia acabado de dizer.

- Se eu a escondi de você por todo esse tempo, foi por um bom motivo e você sabe bem qual é?

...

- Desculpe, Matteo, mas eu não posso, eu não consigo confiar em você.

...

- Não, ela não sabe, e se depender de mim ela jamais saberá.

...

.." De quem ela está falando?

- Eu disse a ela que o pai dela morreu em um acidente de carro antes dela nascer, e com uma foto de um homem que ela nunca viu e jamais vera, que uma amiga minha me arrumou para dizer que era o pai dela, ela acabou acreditando.

...

.." Eu não acredito. - senti uma raiva surgindo dentro de mim - Então ela mentiu para mim que o meu pai estava morto!! - fechei as mãos em punho e as apertei bem forte - Meu pai está vivo, e ela está falando com ele nesse exato momento. Como ela pode, e porque ela escondeu isso de mim?

- Porque eu não queria que ela começasse a me pedir insistentemente para leva- la até você, para te conhecer. Eu não queria que ela acabasse descobrindo que o pai dela leva uma vida fora da lei, e se decepcionasse depois. Isso seria mais doloroso para mim, do que para ela.

...

.." Vida fora da lei? Do que ela está falando?

- Porque quem fez as escolhas erradas fui eu. Quem acabou engravidando de um criminoso, foi eu.

...

- Você pode até não ter sido preso ainda, mas você sabe que tudo que você faz é crime, Matteo, então..

...

.." Meu pai é um criminoso? Que tipo de coisas será que ele já fez e ainda faz?

- Eu, desejando mal a você? - disse sarcasticamente - Magina.

...

- Não, não vou. - disse sem hesitar - Agora vê se não me ligue mais, ok?

...

- Tudo bem, Matteo, você quem sabe. - disse com a voz alterada - Passar bem. - desligou rapidamente batendo o telefone no gancho.

Depois de tudo que eu havia escutado, eu fui perguntar para ela quem era ao telefone, como se eu não estivesse escutado nada.

Queria dar a ela uma chance de me dizer a verdade sobre o meu pai.

- Quem era ao telefone mãe, e por que você falava tão exaltadamen com a pessoa?

Ela me olhou assustada, afinal ela não estava esperando que eu aparecesse do nada.

- Alessia, você escutou que parte da conversa? - Indagou preocupada.

.." Eu não quero ter que mentir para ela que não ouvi praticamente nada, mas também não quero que ela saiba que eu escutei toda a conversa, pois quero que ela mesma me diga e me explique porque escondeu todo esse tempo de mim que meu pai na verdade está vivinho da Silva.

- Alessia?

- Ah, eu só ouvi a parte em que você pediu para ele não te ligar mais, e a parte que você disse: *Você quem sabe, Matteo. Passar bem.*

Ela me olhou espantada quando eu sitei o nome *Matteo*. Eu a vi engolir em seco.

- Quem é Matteo, mamãe? - perguntei dando-lhe mais uma chance de me dizer - É a primeira vez que ouço esse nome aqui em casa.

- Bem, Alessia, ele é só um primo distante que eu já não vejo há alguns anos por causa de algumas intrigas de família.

- Eu não achei que tínhamos parentes por aí, pensei que fosse só eu e você.

- É, na verdade temos alguns parentes, sim, mas eu sempre preferi mantê-los distante de nós. Eles são pessoas que não fazem diferença nenhuma em minha vida.

- Ah, sim, entendi. - fingi acreditar no que ela estava me dizendo - Mas porque a senhora ficou tão exaltada ao falar com o tal do Matteo?

- É que ele tá insistindo muito para vir até aqui para conhecer você, e para matar a saudade de mim, mas eu não acho que seria bom ele vir até aqui.

- Mas porque? - indaguei - Ele fez algo de ruim para a senhora?

- Não, não é isso filha. É que eu o conheço muito bem, e por isso sei que ele não é uma boa influência para você.

- Mas se ele é da família, porque ele seria uma má influência para mim?

Ela me olhou de um jeito, como se estivesse pensando numa boa resposta para me dar.

- Filha, hoje em dia é mais fácil sermos influenciados, prejudicados, enganados,.. por alguém da nossa própria família, do que por um amigo ou um estranho, sabia?

- Bem, o que eu posso dizer a você, mamãe? Se sempre fomos só nós duas. - suspirei desanimada.

- Eu sei filha, eu sei que você queria ter uma família grande. Uma família com avós, tios, primos, irmãos, e até um pai. Mas infelizmente isto eu nunca consegui e nunca conseguirei te dar.

- Tudo bem, mãe. Tudo bem. - fingi compreendê-la e entendê-la - Eu sei que se você afastou alguns parentes de nossas vidas, você deve ter tido seus motivos, não é?

- Sim filha, que bom que você me entende. - segurou em minhas mãos, olhou em meus olhos e sorriu para mim.

- Bom, eu não vou mais importuná-la com as minhas perguntas. - suspirei de leve - Eu vou subir e lavar o banheiro, como eu já havia dito antes que faria.

- Tudo bem, meu amor.

Ela, então, soltou a minha mão e eu fui em direção às escadas.

.." É, não adianta, ela não vai me dizer a verdade sobre o meu pai. Então, é claro que eu terei que achar provas da existência dele e depois confrontá-la.

Enquanto eu lavava o banheiro, tudo o que ela havia dito na tal ligação, ficavam matutando em minha cabeça sem parar.

.." Como e onde eu irei conseguir provas de que o meu pai está vivo? E se eu conseguir, será que eu terei coragem de confrontá-la por ter escondido de mim? Porque pelo que eu escutei ela dizer, ele é um homem fora da lei, um criminoso. - suspirei e me sentei na tampa do vaso. - Ela só está querendo me proteger, e o único jeito é me manter longe dele.

Eu comecei a morder o canto do lábio nervosamente.

.." Será que conhecê-lo, será uma boa para mim?

Me levantei e voltei a fazer o que eu estava fazendo, para acabar logo e ir para o meu quarto.

E para que eu parasse de pensar um pouco e conseguisse terminar de lavar o banheiro, eu coloquei novamente na playlist do meu celular, coloquei o fone de ouvido novamente e comecei a escuta- las.

As músicas do cantor Enrique Iglesias, eram perfeitas. Elas sempre me faziam esquecer de tudo, e ficar com a mente limpa de qualquer pensamento.

Terminei de lavar o banheiro e fui dar uma olhada na minha mãe, antes de eu ir para o meu quarto pegar uma roupa para eu tomar banho.

Bati na porta duas vezes e como não tive resposta nenhuma, decidi abrir lentamente para olhar.

Ela estava dormindo tão profundamente e tranquilamente. Nem parecia que alguns minutos atrás, ela havia se estressado tanto com uma ligação.

Eu, então, entrei nas pontas dos pés no quarto dela, a cobri direito, dei um beijo suave em sua testa e fui para o meu quarto pegar a minha roupa para tomar um banho.

.." Nada como um bom banho para deixar a gente mais relaxada.

Enquanto eu pegava a roupa que eu ia vestir depois do banho, eu peguei a foto do cara que ela dizia ser o meu pai, dentro da gaveta do criado mudo ao lado da minha cama, sentei-me na cama e a olhei por alguns segundos, antes de rasgá-la com tanta raiva.

.." A minha maior raiva é saber que mostrei esta foto para vários colegas e até para a minha melhor amiga, dizendo orgulhosa de como meu pai era lindo. - lágrimas se formaram em meus olhos - Eu fiquei várias e várias noites venerando esta foto, e para que? Se esse homem nem é o meu verdadeiro pai.

Depois de alguns minutos olhando para aquela foto rasgada, eu me levantei, joguei ela no lixo e fui para o banheiro tomar um banho.

.." O bom disso tudo, é que agora eu sei que aquele cara da foto não é o meu pai, e que meu pai também não está morto. - sorri sentindo- me um pouco mais aliviada.

Depois do banho, deitei em minha cama apenas de calcinha e sutiã e comecei a fazer umas pesquisas sobre faculdades no Estados Unidos, em meu notebook.

Eu sei que havia dito a minha mãe que não estava com pressa de procurar uma faculdade, pois ainda não sabia bem o que eu queria ser.

Mas depois do que eu havia descoberto sobre o meu pai, eu achei que seria melhor ficar um tempo longe de tudo e de todos.

- Bom, vou pesquisar algo que não demore muito para acabar, pois apesar de tudo, não quero ter que ficar muito tempo longe da minha mãe. - suspirei enquanto olhava para a nossa foto junto em cima do criado mudo ao lado da minha cama - Não gosto da ideia de ter que deixá- la aqui sozinha, mas acho que será bom para ambas.

Horas se passaram e eu nem percebi que já havia escurecido.

- Uau, já é quase 20 hrs! - suspirei ao lembrar que havia marcado de sair com a Elisa e a galera - O duro que eu não estou no pique para sair hoje. A única coisa que eu quero é ficar aqui deitada até o sono bater.

Olhei para o meu celular do lado do notebook e pensei em enviar uma mensagem para a Elisa, desmarcando a nossa saidinha com a galera, mas antes que eu pudesse pegar o celular e digitar a mensagem, eis que ouvi a voz dela do lado de fora, berrando o meu nome.

- Alessia?? - gritou até que eu fosse abrir a janela - Alessia, vamos nos atrasar, anda logo.

Me levantei rapidamente e fui até a janela, antes que ela acabasse acordando a minha mãe.

- Ei, pare de gritar sua louca, minha mãe já está dormindo. - digo baixinho esgueirada na janela do meu quarto ainda de calcinha e sutiã.

- Então vista-se e desça logo. - disse no mesmo tom que eu - A galera já está nos esperando la no fim da rua.

Não que eu não gostasse de sair com a Elisa e a galera, mas não havia sido um dia animado para mim.

Eu havia passado o dia todo faxinando a casa com a minha mãe, e para piorar eu estava bem para baixo depois da tal ligação.

Então uma festinha até altas horas, não era o ideal para mim naquele momento.

Acho que o ideal seria eu ter uma boa noite de sono e alguns dias de reflexão.

Mas como dizer a Elisa, sem precisar dizer o real motivo de eu não querer ir?

Pois não adiantava eu mentir para ela, afinal, ela parecia um detector de mentiras.

.." Bom, vou tentar convence-la de que eu não estou afim de ir, pois estou muito cansada. Espero conseguir faze-lá acreditar em mim.

- Anda Alessia, se apresse, eu não quero ser uma das últimas a chegar naquela festa.

- Acho que eu não vou, Lisa.

- Como é que é? - gritou surpresa - Você não vai? Como assim?

- É que eu não estou afim de sair hoje. - digo a ela desanimada. - Passei o dia faxinando a casa com a minha mãe, então você pode imaginar como eu estou agora, não é? - a olhei com esperança de que ela me entendesse.

- Ale, nem vem com essa. - olhou com as sobrancelhas franzidas - Eu e a galera toda estamos contando com você, então por favor, né.

- Eu sei que vocês estão contando comigo, mas é que hoje eu não estou no clima para festa. - tentei convence-lá.

- Ah, Ale, por favor, vamos. Eu prometo que desta vez não vamos varar a noite. - olhou-me com aquela carinha de cachorro pidão - Anda, vai.

Ao ve-la me pedindo com tanto jeitinho, e mesmo tão relutante para não ir a tal festa, eu acabei cedendo.

- Tá bom, eu vou, ok? - suspirei em derrota - Me de só dez minutos e eu já desço.

- Até 20 se você precisar.

Fechei a janela, me troquei, peguei minha chave e desci para encontrar a Elisa lá fora.

- Uau, menina, você arrasou no look, hein. - me olhou admirada - Se com 10 minutos você se vestiu assim, imagine se eu estivesse dado a você meia hora.

- Não sei porque a surpresa, Lisa. Eu sempre me vesti rápido.

- Rápido sim, mas não tão bem quanto hoje - olhou- me de cima a baixo, várias vezes - Os caras vão cair matando em você está noite.

- Ah, para Lisa, você também está deslumbrante. - disse com sinceridade.

- Ah, obrigada, mas e aí.. vamos?

- Bora.

Entrelacei meu braço no dela e fomos encontrar a galera no final da rua.

.." Só tomara que eu chegue antes que minha mãe acorde, ou.. - mordi o canto da boca - ..ela vai ficar super brava por eu ter saído sem avisá-la.

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