~ Quando Penélope ouviu aquela frase, gelou de temor ~ — Sei que não é o momento, mas quero apresentar minha namorada: Penélope Waldorf. — Não seja burro! — cuspiu Marcela transtornada. — O sobrenome dessa pilantra é Teixeira, filha de Paloma Teixeira, a amante do seu pai — berrou voltando-se para o marido. — Confesse para o seu filho que você e essa cobra mataram o irmão dele — exigiu apontando um ponto ao lado do jovem casal. ~ Penélope pensava que o amor desapareceu, mas uma solicitação mudou sua vida ~ — Quero que se case com Diego e juntos adotem Samuel. — Casar com Diego? — Era estupidez repetir as palavras ouvidas, mas foi o que conseguiu balbuciar desnorteada. Abriu a boca para falar mais verdades ao homem que destruíra seus sonhos, porém Diego entrou naquele momento. Penélope apertou os lábios e os punhos, trancando sua revolta, e observou os olhos, que um dia a admiravam com devoção, estreitarem com reprovação. ~ O tempo deu a Penélope a resposta que ela sempre esteve procurando ~ — É o que proponho. Ele se aproximou e segurou o rosto dela com ambas as mãos, os polegares deslizando carinhosamente por sua face. Ela ficou paralisada, observando o efeito das luzes que vinham da casa no rosto dele, sentindo o perfume dele cada vez mais próximo. Enquanto ela se perguntava o motivo do cheiro dele ser tão bom, ele inclinou a cabeça e esfregou sensualmente a barba na face dela, os lábios deslizando suavemente por sua pele a caminho de sua boca.
Leer másOs olhos castanho-escuros que tanto amava brilhavam incandescentes, não de paixão, como se habituara, e sim de ódio. Seu grande amor, Diego Freitas, a desprezava e não tinha a menor intenção de esconder esse fato.
O desejo flamejante de retaliação presente nos olhos do homem que amava - que durante dias dissera amá-la -, aumentou seu medo e insegurança. Instintivamente apertou o bebê de dois meses contra si, vergonhosamente utilizando-o como uma barreira entre eles.
Samuel remexeu-se em seu colo e choramingou. O olhar furioso de Diego foi atraído para o bebê por um instante, retornando fulminante para ela. Os lábios, que por tantas vezes tomaram os seus com paixão, comprimiram em uma linha fina, o desgosto transformando a face bonita em uma máscara de rejeição e asco. Ele apagara as promessas de amor que fizeram, fechara o coração para ela e reservara ao pequeno Samuel um buraco de rancor.
Não mereciam essa atitude, não tinham feito nada, eram as vítimas.
— Diego, não tenho culpa... — disse querendo esclarecer o que os levara a mansão Freitas, mesmo tendo muito a perder se o fizesse.
— Cale-se! — ele a interrompeu bruscamente. — Não ouvirei novas mentiras. São desnecessárias.
Diego caminhou com passos pesados até a fonte de sua raiva.
Com medo, Penélope encolheu-se e apertou Samuel ainda mais contra si.
— Eu te amei tanto. Estive disposto a abdicar do meu status e do dinheiro por você, e o que ganhei? — ele disse com a voz carregada de dor e desgosto, com ela e consigo mesmo. As úmidas íris cor de chocolate e a expressão dolorida não o apiedaram, ao contrário, aumentaram a raiva corroendo-o. — Você e esse moleque maldito destruíram a minha família, a minha vida. Odeio-te com o triplo da força que te amei. Não aguento ficar ao seu lado, te olhar ou escutar sua voz traidora, por isso vou sair dessa casa. Mas não pense que deixarei o caminho livre para você e esse bastardo tirarem o que me pertence e a minha mãe — avisou antes de erguer a mala pousada no chão e sair batendo a porta de madeira maciça.
O barulho alto fez Penélope ter um sobressalto e Samuel chorar. Para acalmá-lo, o embalou e beijou com carinho os fios escuros - iguais aos de Diego - que cobriam sua cabecinha e sussurrou para ficar calmo, que ficariam bem. Ele não parou de chorar. Sua voz alterada pelo choro não passava segurança e as lágrimas quentes que escorriam por sua face o molhavam. Queria transmitir a força que Samuel necessitava, mas não conseguia.
Diego fechara mais que uma porta física, ele selara o passado de amor e companheirismo que tiveram, encerrara o desejo de ficarem juntos para sempre. Dali em diante ela teria de esquecer esses momentos, pelo seu bem e o de Samuel.
Ao chegarem ao quarto, Diego depositou Penélope gentilmente no colchão macio. — Aqui estamos, meu amor! — sussurrou admirando as íris avelã. — Eu amo o seu cabelo. — Seus dedos se moveram pelos fios sedosos, deslizando até a nuca para atrai-la para mais perto. — Amo seu rosto, sua boca e o seu corpo inteiro. Amei desde o primeiro instante em que a vi e com um desejo tão poderoso que vai além da minha compreensão. Seus lábios encontraram os dela cheios de desejo, a língua movendo-se sensual, fazendo-a estremecer de excitação. Agarrando-se aos ombros largos e deixando-se dominar pela paixão dele, Penélope sentia a região mais íntima de seu corpo pulsar de desejo. Seus mamilos sensíveis e enrijecidos pressionavam o tecido rendado do sutiã. — Você é perfeita! — Diego murmurou deslizando beijos suaves pelo pescoço delicado. — É a minha tentação, Pen — complementou pressionando o corpo contra o dela, fazendo-a sentir a excitação do membro rígido, quente e ávido por baixo da calça. — E vo
A biblioteca da mansão Freitas estava envolta em um silêncio sereno quando Penélope finalmente ergueu os olhos do documento e encontrou o olhar de Diego.— Diego... Isso... isso é... — Engoliu em seco, tentando encontrar sua voz. — Você abriu mão de tudo que tem direito?Penélope olhou novamente para o documento, em que Diego renunciava a qualquer direito sobre a guarda e o herança dos futuros filhos que tivessem juntos, e também transferia o que recebeu em testamento para Samuel. Essa segunda parte era a que mais a emocionava, mostrava que ele de fato se importava com o menino que até pouco tempo desejava se livrar.— Sim, e não apenas por você, também é pelo Samuel, pela família que estamos construindo. — Segurando a mão dela, a levou de volta ao sofá, para sentarem. — Sou seu marido, você é minha esposa e Samuel é nosso filho agora — indicou com ternura. — Não quero que nada, muito menos dinheiro, se interponha entre nós. Eu quero estar ao lado de vocês, sem segredos, sem mentiras,
Os olhos da maioria das pessoas na biblioteca se voltaram para Marcela, com quem Roberto um dia compartilhou mais de trinta e cinco anos de casamento e a perda de um filho. Seu rosto estava pálido, porém desprovido de emoção.— Escondi a verdade por que, se essa história viesse à tona, causaria a desonra da memória do nosso filho. — Roberto continuou com um peso visível em suas palavras: — Eu... Eu fui o responsável pelo acidente fatal dele, não Paloma. — Fechou os olhos por um momento, antes de continuar a colocar para fora o fardo insuportável que carregava. — Luiz queria se divorciar de Tereza e casar com Paloma. Ameacei deserdá-lo se persistisse em me desobedecer, prosseguir com os planos que acabariam com a união entre as famílias, mas ele não se importou e foi atrás dela quando descobriu que a expulsei de Cezário.Marcela sentiu um nó se formar em sua garganta. A dor da perda de seu filho era uma ferida que nunca cicatrizou.— Meses depois descobri sobre Samuel, nosso neto, mas
Estando com o desgosto dos termos da primeira parte corroendo-a, Penélope tinha os olhos arregalados na tela, sem crer no que ouviu. Alucinava ou Roberto, conhecido por nunca mudar de ideia, desistiu de impor que a porcentagem seria repassada futuramente aos hipotéticos netos?A incredulidade estampada no rosto de Penélope era compartilhada por Diego. Sentado ao lado dela, ele fitava o televisor, sem compreender a declaração, esperando o truque após a fala.— Imagino que esta mudança o surpreenda, Diego — Roberto disse como se pudesse enxergar o filho através da tela. — Certa vez, Luiz me taxou de manipulador, sem consideração pelos sentimentos dos demais, que tratava todos como peças de um cruel e egoísta jogo de xadrez. Nunca joguei xadrez, mas ele estava certo — comentou dando de ombros. — Para ter a minha vontade atendida, o enganei Diego.A confissão de Roberto não surpreendente nenhum dos adultos na biblioteca. Diego, sentindo um nó se formar em seu estômago, apostava que, se en
A figura de Roberto Freitas preencheu a tela. Parecia imponente, olhando diretamente para a câmera com uma intensidade desconcertante, como se estivesse frente a frente com todos os presentes em pessoa e não em uma gravação.— Vovô! — Samuel gritou saindo do colo de Penélope para correr até o televisor. — Vovô! — Chorou, deslizando as mãos espalmadas no rosto preenchendo a tela.Sendo uma profissional pronta para qualquer situação, Tereza pausou o vídeo antes que a primeira palavra saísse dos lábios de Roberto.Diego e Penélope se precipitaram até o menino ao mesmo tempo, tentando confortá-lo da melhor maneira que podiam. O garoto estava visivelmente perturbado, a saudade do avô refletida em seus olhos marejados fixos na tela, a dor cortante saindo em súplicas para o avô voltar.— Tudo ficará bem, filho — sussurrou Diego, segurando o menino nos braços. — Seu avô sempre estará com você, em seu coração — disse olhando fundo nos olhos do menino e levando a mão pequena dele ao coração ag
A tensão na biblioteca era palpável. Todos estavam apreensivos, esperando para ouvir o que Tereza tinha a dizer sobre o futuro de cada um naquele cômodo, especialmente sobre Samuel. Penélope era a mais tensa e preocupada, tentando não demonstrar fraqueza, mas, sem perceber, agarrando a mão de Diego com força.Tereza finalmente quebrou o silêncio, respirando fundo antes de falar com frieza:— O direito de tutela nunca esteve em perigo. No entanto, como assinalei anteriormente, nos próximos dias será feito uma avaliação completa de sua capacidade como tutora — indicou. — Eu e o advogado que elaborou o testamento ajudaremos em todo o processo para garantir que a avaliação seja positiva.Sufocando um riso de alívio, Penélope moveu a cabeça em concordância. Determinada a fazer de tudo para garantir que a avaliação fosse positiva.— Antes de continuarmos, há algo que preciso confessar. — Tereza deslizou as mãos pela borda de mogno. — Embora tenha tido fama de sem coração, de impiedoso, Robe
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