A água caiu em cascata nas minhas costas quando me virei para encará-lo. Não fiquei surpresa quando o vi parado no meio do banheiro, as mãos nos bolsos da calça, os olhos cravados em mim como se eu fosse um prato prestes a ser servido à fera faminta.
Ignorei a onda de adrenalina e a maneira como minha pele formigava quando nossos olhos se encontraram e mantive minha expressão de pedra. O doce aroma de baunilha me cercou enquanto eu passava a esponja sobre a pele do meu peito, passando-a de um lado para o outro, sobre meus ombros e meu pescoço.
Bolhas brancas perfumadas surgiram na minha pele, e a espuma espessa de sabão parecia seda. A água escorria pelo meu rosto, meu cabelo molhado grudava nos meus ombros enquanto eu continuava a lavar. Quem dera fosse possível lavar seu olhar imundo do meu corpo.
Alessandre não se mexeu e eu não quebrei o contato visual. A atmosfera ficou espessa, palpável, o único som que era da água caindo no chão do chuveiro. A esponja deixou uma espuma