Rebeca A eletricidade entre nós era palpável. A intensidade do desejo pairava no ar, quase tangível. — Que tal irmos para a minha casa? — Ele sugeriu, os olhos faiscando. — Claro, só preciso falar com meu amigo primeiro. Ryan me olhou com um sorriso malicioso. — Você é uma verdadeira safada, sabia? — Óbvio que sabia. — Respondi com uma piscadela. Fomos até o prédio dele, e a curta caminhada serviu para aumentar ainda mais a expectativa. Wallace abriu a porta, e quando entramos no elevador, não esperei. Avancei contra ele, puxando-o para um beijo faminto. Nossas línguas se enroscavam, exploravam, provocavam. Suas mãos desceram para minha cintura, puxando-me contra si. Assim que chegamos ao apartamento, ele me guiou para dentro, o ambiente carregado de masculinidade, um reflexo dele. Pegou uma garrafa de vinho na adega e serviu duas taças. Aceitei uma, mas minha mente estava longe da bebida. Seus lábios quentes pousaram em meu pescoço, sua respiração quente me provocava. — Ass
Rebeca Assim que cheguei à casa da Letícia, um calor familiar tomou conta de mim. O cheiro do café fresco e a risada animada das meninas me fizeram sorrir. Assim que avistei Nana, fui direto até ela, abraçando-a apertado e cobrindo seu rosto de beijos. — Oi, Nana! Ela riu, acariciando meu rosto com ternura. — Oi, minha filha! Como você está? Aproveitou bastante com seus pais? Suspirei, soltando um meio sorriso. — Nem tanto. Passei mais tempo fora do que com eles. Dessa vez, reclamaram bastante... Mas no mês que vem eles vêm passear no Rio. Vou levá-los a vários lugares, e quero que você também venha conosco. Nana sorriu, emocionada. — Claro, minha filha. Muito obrigada! Letícia se aproximou, animada. — Vamos todos aproveitar esse passeio com seus pais, Rebeca! Assenti, me jogando no sofá. — Quero aproveitar para ficar perto deles... Minha mãe reclamava toda vez que eu saía à noite para dançar. — Ah, só dançar, é? — Letícia arqueou uma sobrancelha, divertida. — No meu pri
Rahmi Estou à beira da loucura. Trabalho incansavelmente na esperança de esquecer aquela que me enfeitiçou. Mas quanto mais tento fugir, mais fundo afundo nesse abismo. A cada dia, meu humor piora, e acabo descontando minha frustração em todos ao meu redor. Nunca estive assim antes... Desde que a vi pela última vez, não fui capaz de me envolver com mais ninguém. E isso só agrava a minha situação. As noites são um tormento sem fim, repletas de sonhos que me assombram com sua imagem. Seu sorriso, seu perfume, a forma como ela me olhava... tudo está gravado em minha pele. Saio do escritório quando a cidade já está mergulhada na escuridão, evitando conversas desnecessárias. Me afundo no uísque, na solidão do meu escritório, onde ninguém ousa me questionar sobre meu humor cada vez mais sombrio. O que eu faço para parar de pensar nela antes que enlouqueça de vez? Rebeca. Minha linda, minha Pérola Negra. Eu, Rahmi Altan, estou irremediavelmente apaixonado. E o pior? Não posso tê-la.
Rahmi Pessoas podem ser extremamente irritantes, principalmente quando se chamam paparazzi. Esses parasitas parecem farejar minha localização onde quer que eu vá, como se eu carregasse um rastreador invisível. Hoje, não é diferente. Estou em um restaurante com minha família, tentando manter a compostura diante de uma mulher que não para de me encarar. Seus olhos me analisam com um brilho curioso e... ganancioso. Já sei bem o que ela está pensando. Será que nunca viu um homem antes? Ou será que está encantada com o meu dinheiro? Porque se ela se casar comigo, sua vida estará garantida para sempre. Quem não gostaria de ser a esposa do homem mais rico de Istambul? No entanto, essa realidade não me anima. Minha cabeça pulsa de dor, latejando em uma tortura constante. Preciso sair dali antes que minha paciência se esgote. — Com licença — murmuro, afastando a cadeira e indo até o banheiro. Do bolso interno do paletó, pego o analgésico e o engulo seco. Agora, esses comprimidos são
Rebeca Hoje, finalmente, vou cumprir minha promessa. Letícia duvidou de mim, achou que eu jamais teria coragem de confrontar aquele chefe insuportável, mas aqui estou eu, de folga, pronta para encará-lo. Ela pode achar exagero, mas é inaceitável ter relações no escritório a ponto de todos ouvirem. Quem em sã consciência faz isso? E pior, ela continua presa a esse homem, três anos de paixão silenciosa por um canalha que sequer nota seus sentimentos. Já dei todos os conselhos possíveis, já tentei fazê-la enxergar que existe um mundo inteiro de possibilidades lá fora, mas não adianta. Letícia se recusa a seguir em frente. É como se gostasse de se magoar, de alimentar esse amor impossível. O mais revoltante? Ela é linda, desejada, poderia ter qualquer um que quisesse. Mas não, seus olhos sempre voltam para o mesmo homem: Guilherme, o destruidor de corações. Um chefe sedutor, sim. Mas também desonesto e cruel. Eu, no lugar dela, jamais aceitaria ser tão ignorada. Mas Letícia é diferen
Rebeca A ansiedade me consumia enquanto aguardava na rodoviária Novo Rio. O relógio marcava três horas de espera, e a impaciência começava a me dominar. Meu coração pulsava acelerado, não apenas pela saudade, mas pela preocupação crescente com o atraso do ônibus. A cada minuto que passava, minha mente criava cenários dos mais simples aos mais catastróficos. O pior era a falta de informação. Funcionários despreparados, olhares indiferentes, respostas vagas. Eu já estava à beira de um ataque de nervos. Se meus pais não chegassem logo, eu faria um escândalo. E então, finalmente, vi o ônibus encostando na plataforma. Meu peito se encheu de alívio e emoção. Assim que as portas se abriram, meus olhos buscaram desesperadamente as duas figuras que tanto amo. E lá estavam eles. — Minha filha! — Meu pai desceu primeiro, exausto e emburrado, enquanto minha mãe vinha logo atrás, ajeitando os óculos e tentando se recompor. Antes mesmo que eu pudesse abraçá-los, meu pai disparou: — Rebeca, se
Rebeca Faz um tempo desde a última vez que meus pais vieram ao Rio. Aquele dia foi perfeito, o riso deles ainda ecoa na minha memória, e a felicidade que senti me aquece até agora. Mas, enquanto estou deitada, revivendo esses momentos, a realidade me chama. Preciso sair dessa cama e ir trabalhar, mesmo que a preguiça me prenda como uma âncora. Hoje é sábado. Pelo menos não preciso ir para a escola de arte, já que terminei o curso. Mais uma etapa concluída, mas e agora? Ainda não sei exatamente para onde estou indo, mas sei que preciso continuar. “Vamos lá, Rebeca, levanta” murmuro para mim mesma, tentando reunir forças. A preguiça gruda em mim como um amante insistente, mas não tenho escolha. Ainda tenho a faxina para fazer quando voltar, o que só piora minha falta de ânimo. Arrasto-me para o banheiro, decidindo que hoje meu cabelo ficará como está. Não quero complicações. A água quente me desperta um pouco, mas não o suficiente para apagar o nó de tensão no meu peito. Algo está
Camila O jogo de futebol brilha na tela da TV, mas minha paciência se apaga a cada segundo que Roberto ignora minha presença. Sentada ao lado dele, sinto que estou falando com as paredes. — Amor, será que você pode me ajudar com a Rebeca? Fala com ela para ir ao casamento do seu amigo. Ela morre de medo de avião, então talvez nem queira viajar para a Turquia — peço, tentando manter a calma. Nada. Nenhuma reação além de um aceno de cabeça vago, como se fosse apenas uma formalidade para me calar. — Roberto, dá para desligar essa droga de jogo e prestar atenção em mim? Por favor! Estou aqui falando com você e parece que nem liga! Ele pisca devagar, sem tirar os olhos da tela, e uma onda de frustração sobe pelo meu peito como um incêndio incontrolável. — Se é assim que vai ser depois de casados, então talvez seja melhor nem seguirmos com isso! — solto, sem pensar. Finalmente, ele me olha. Um olhar frio, calculado, que me faz engolir em seco. — Amor, você está exagerando. Por que e