Capítulo 99 — Não é um presente
Narrador:
Cleo acomodou-se no banco do motorista, acariciando o couro do volante com um sorriso que não conseguia esconder. Abriu a janela e olhou para ele como se não quisesse partir ainda. Nero inclinou-se para ela, apoiando um braço na moldura da janela. Seus olhos estavam fixos nos dela, aquela mistura de advertência e afeto que sempre a desarmava.
— Não é um presente, é um empréstimo... — sua voz era grave, quase um sussurro — E eu o quero de volta sem um único arranhão.
Ela arqueou uma sobrancelha com descaramento.
— Confie em mim.
—Confio... o suficiente —replicou ela, com um meio sorriso que não conseguia suavizar a seriedade do seu olhar—. E ouça bem: seja discreta. Não deixe o carro na garagem do prédio. Há um estacionamento privado a uma rua de distância. Deixe-o lá e venha a pé. Não me importa se é inconveniente, não quero que comecem a fazer perguntas... e menos ainda perguntas inconvenientes.
Cleo assentiu, mas com aquele brilho travesso qu