CLARA
A casa parecia mais vazia do que nunca. O silêncio pesado preenchia cada canto, e, por mais que eu tentasse focar em algo, meus pensamentos sempre voltavam para Henrique e para tudo o que ele havia escondido. O espaço que eu sempre chamei de lar agora se sentia estranho, como se nada mais fosse realmente meu.
Eu sabia que precisava sair dali. Precisava de tempo e distância para entender o que significava tudo aquilo. O que significava para mim, para nosso casamento, para a nossa família.
— Vou ficar na casa da minha mãe por uns dias, — anunciei, minha voz baixa, mas determinada.
Henrique, que estava na sala de estar, olhou para mim como se eu tivesse acabado de desferir o golpe final.
— Clara... — Ele começou a falar, mas eu levantei a mão, interrompendo-o.
— Eu preciso de espaço, Henrique. Eu preciso pensar, — continuei, tentando segurar as lágrimas. — Tudo isso... o que você escondeu de mim, o que Marcela e Gustavo fizeram, eu não posso simplesmente continuar fingindo que está