A manhã no convento amanheceu mais silenciosa que o habitual, como se o vento soubesse que algo estava por vir. Valentina, ajoelhada na capela, mal podia concentrar-se em suas preces. Cada palavra das orações parecia pesar, carregada pela lembrança de Gabriel — seu sorriso confiante, o olhar que parecia enxergar além da superfície e a proximidade que fazia seu coração disparar de maneira assustadora.
A tranquilidade foi quebrada pelo som suave dos passos da Madre Superiora entrando no recinto.
— Valentina, preciso conversar com você — disse ela, com um tom de preocupação que fez o estômago da jovem noviça se apertar.
Valentina levantou-se rapidamente, ajustando o véu.
— Sim, Madre.
As duas caminharam até o jardim do convento, onde a Madre Superiora parou ao lado de uma pequena fonte de pedra.
— Você sabe quem é Gabriel? — perguntou, seus olhos fixos nos de Valentina.
Valentina hesitou. Mentir não era uma opção.
— Ele veio até o convento há alguns dias. Tivemos... uma co