A chuva caía como um véu sobre Sant’Elisa, ocultando segredos e silenciando pecados. Valentina sentia o gosto amargo da tempestade em seus lábios, ainda trêmulos do beijo que compartilhara com Gabriel.
Ela recuou um passo, mas ele permaneceu ali, imóvel, os olhos negros cravados nos dela. — Você precisa decidir — repetiu ele, a voz grave, carregada de algo que Valentina não queria nomear. Medo. Desejo. Perdição. — Eu já decidi — ela sussurrou, mas suas palavras não carregavam a convicção que deveriam. Gabriel inclinou a cabeça, analisando-a. — Então por que está tremendo? Ela apertou os punhos ao lado do corpo, como se isso pudesse conter a avalanche dentro de si. — Porque você me confunde. Porque me faz questionar tudo que eu sempre acreditei. Ele sorriu de um jeito sombrio, quase predador. — Então pare de lutar contra isso.