Capítulo 6

Capítulo 6

Dolores pegou a taça outra vez. Bebeu um gole longo, depois outro, rápido demais. A bebida reconfortava um pouco seu medo interno.

A chuva piorou. A cada clarão, ela se encolhia mais um pouquinho, respirando pela boca para o peito não doer. Suspirou fechando os olhos com tristeza, parecia que não tinha fim.

Zacky observava tudo. Estava preocupado.

— Você vai acabar ficando tonta — ele comentou baixo, olhando a maneira como ela esvaziava a taça.

— Estou... só tentando relaxar — ela murmurou, sem encará-lo.

Outro raio iluminou toda a sala, tão forte que por um instante o lampião pareceu inútil. O trovão veio rasgando logo em seguida.

Dolores prendeu a respiração e fechou os olhos, apertando ainda mais o braço da poltrona.

Ele estendeu a mão e tocou a dela.

Foi um toque leve. Como ela não recuou, ele deixou os dedos deslizarem até cobrir completamente a mão dela.

Calor. Um calor imediato, subiu direto pelo braço dela, um choque involuntário que fez todos os pelos de Dolores arrepiarem.

Ela abriu os olhos devagar e olhou para as mãos deles, unidas.

Zacky permanecia sério. Não era de arrogância ou de irritação. Era... de cuidado.

Ela tentou dizer alguma coisa, mas sua voz não saia. Em vez disso, ela apenas virou a palma da mão para cima e apertou os dedos dele.

Zacky baixou o olhar para esse pequeno movimento e engoliu seco.

— Não precisa ter medo — murmurou, com a voz rouca, quase um sussurro. — Eu tô aqui.

A chuva continuava, o vento batia forte nas janelas. E, no meio da tempestade, o toque dos dois se tornou perigosamente íntima.

Outro raio cortou o céu, tão próximo que iluminou a sala inteira por um segundo. Isso fez com que Dolores soltasse a taça, que caiu no tapete.

Ela levou as duas mãos ao rosto, respirando de forma rápida e curta, estava quase à beira de um ataque de pânico.

— Desculpa... — sussurrou entre os dedos. — Eu... eu odeio tempestades. Não consigo... não consigo controlar.

Zacky puxou o ar devagar, sentindo o próprio peito apertar ao vê-la daquele jeito.

Dolores tremia. Não era exagero, nem frescura. Era medo puro, tão real que o deixou inquieto.

Ela tentou levantar, foi tão rápida, que tropeçou.

Ele foi mais rápido e segurou os ombros dela antes que caísse, fazendo o corpo dela se encaixar ao dele.

— Ei, ei... Calma. Você tá aqui dentro. Nada vai te machucar.

Dolores balançou a cabeça, os olhos estavam cheios de lágrimas.

— Eu sei que é idiota — disse com a voz trêmula. — Mas eu não consigo... Quando eu era pequena, uma árvore caiu em casa numa tempestade, e... Eu nunca esqueci o barulho.

Outro trovão explodiu do lado de fora.

Ela se encolheu, apertando os dedos nos braços de Zacky.

Ele envolveu-a pelos os ombros e a trouxe contra o peito.

— Não é idiota — ele murmurou contra o cabelo dela.

Ele segurou o rosto dela com uma das mãos, o polegar passando levemente perto do queixo trêmulo.

— Olha pra mim.

Dolores ergueu o olhar devagar. Os olhos dela brilhavam de medo... e de vergonha por estar tão vulnerável.

— Respira comigo — ele disse, mantendo o contato visual. — Assim.

Ele inspirou devagar, exageradamente, para que ela fizesse o mesmo. Ela tentou acompanhar, encostada no peito dele.

Lá fora, o vento forte fez bater uma porta. Ela fechou os olhos com força.

Zacky puxou-a ainda mais para perto.

— Tá tudo bem. — Ele pousou a testa contra a dela, sentindo a respiração quente dela misturar com a sua. — Eu tô aqui, Dolores. Não vou a lugar nenhum.

Ela deixou as lágrimas rolarem livremente, enquanto agarrava a camisa dele.

E Zacky... Zacky surpreendeu até a si mesmo quando a envolveu com mais força. Outro trovão cortou o céu, fazendo-a se encolher instintivamente contra o peito dele.

Dolores levantou o rosto alguns centímetros, procurando ar, procurando controle... e encontrou o olhar dele.

Zacky a segurava, mas teve receio de perder o pouco autocontrole que ainda restava.

Ela estava vulnerável. Indefesa. Linda. E aquilo mexeu com ele. Não tinha como negar. Seu autocontrole masculino estava por um fio.

Ele tocou novamente o queixo dela com o polegar, fazendo ela erguer o rosto. A pele era macia, quente... e os olhos grandes dela, assustados pela tempestade, se abriram mais quando encontraram os dele.

Ele prendeu a respiração.

Aquela mulher... aquela mulher que tinha chegado ali para tirar sua paz. O provocava sem nem perceber.

Agora estava ali, frágil entre seus braços, olhando para ele como se fosse sua única âncora no mar.

E... ele queria. Queria mais do que conseguia admitir. O polegar dele subiu levemente, roçando a pele suave abaixo do lábio inferior.

— Zacky... — ela sussurrou, sem saber se pedia para ele parar... ou continuar.

Ela se agarrou à camisa dele com tanta força que os nós dos dedos ficaram brancos. Foi nesse instante que ele perdeu o controle interno.

A tensão de meses, talvez anos, passando por suas veias... a visão daquela boca carnuda tão perto... o cheiro dela... a solidão acumulada...

Zacky inclinou o rosto alguns centímetros, mas parou, respirando fundo. Ele encostou a testa na dela.

— Se você soubesse o quanto tá me deixando sem juízo agora... — murmurou rouco.

Dolores sentiu o corpo inteiro estremecer. Apertou mais a camisa dele entre os dedos.

A fronte dele deslizou pela dela, a respiração quente tocando a boca de Dolores. Ele estava perto demais. Quente demais. Intenso demais.

E ela... não recuou. E não queria. A atração que sentiu desde que o viu era intensa demais para se afastar e não aproveitar aquele momento.

Ela fechou os olhos e ergueu o rosto, mais do que disposta a ceder. Ficou ali, esperando… até sentir os lábios dele tocarem os seus. E, por Deus, que boca gostosa. Um beijo que mal havia começado já a fazia sentir um prazer que nunca tinha experimentado.

Um suspiro escapou de seus lábios.

— Ah…

O som suave vibrou contra a boca dele enquanto seus dedos subiam pelo peito musculoso, explorando cada curva da pele firme, o pescoço rígido… até se enroscarem nos cabelos sedosos.

Zacky abriu a boca para receber a língua doce dela. O corpo inteiro dele se enrijeceu de imediato, ele sentiu o próprio membro endurecer quase instantaneamente.

"Essa mulher…"

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