Giulia de Luca
O cheiro de éter e luvas de látex ainda grudava em mim quando saí do laboratório. Estava cansada daqueles tipos de cansaços que se acumulam nos ossos, muito mais mental do que físico. O dia havia sido longo havia conseguido diversas culturas celulares, análise de dados e relatórios. Tentei manter a compostura, focar no trabalho, ser a residente exemplar, a profissional que Erick dizia que eu era.
Mas, no fundo, meu coração ainda batia mais rápido toda vez que ele passava perto demais, ou quando nossas mãos se encontravam acidentalmente ao trocar uma lâmina ou frasco. Ainda era difícil separar completamente a Giulia, aluna, da Giulia que dormia nos braços dele quase todas as noites.
Saí do laboratório, ajeitando o coque desfeito, sentindo o ar frio do corredor me envolver. Precisava de café, ou talvez de ar fresco. Mas, antes que pudesse decidir, esbarrei em alguém ao dobrar o corredor.
— Ah, que conveniente — ouvi a voz familiar e quase melosa, mas com aquele tom cortan