Laís Carter
Estava sentada em um banco enquanto observava Henrique ser derrubado por Petter novamente em menos de cinco minutos. Meus pensamentos estão na confusão que meu irmão Mahjub causou com a Hope.
Sei que para os meus pais a vergonha que estão sentindo nesse momento é a pior, mas se apoiarem meu irmão, tudo isso logo vai se tornar apenas um capítulo nessa história e algo me diz que devemos colocar a pontinha do dedo para resolver essa situação.
Minha mãe sempre disse que precisava ser estrategista, como ela sempre foi. Com o passar dos anos, pude enxergar a mesma visão que meu avô Salim teve ao imaginar Mahjub com a filha de Mattia.
Levanto do banco e deixo o meu marido ali apanhando do seu conselheiro e vou atrás de Leon, que deveria estar assistindo algo com a Ella. Esse é o nosso mês de férias das crianças.
Foi dessa forma que consegui convencer Amélie a deixar que eles se conheçam melhor. Passo pela sala de TV e vejo os quatro ali sentadinhos assistindo a um desenho no streaming. Apanho o celular que estava no sofá ao lado deles.
— Mamãe, o vovô Hassan ligou e pediu para retornar depois. — Leon diz e volta a comer pipoca com a Ella ao seu lado.
Me aproximo e beijo a sua testa. Meus pais que me perdoem, mas vou me meter só um pouquinho nessa situação.
Aqueles dois merecem ser felizes e meu irmão precisa aprender como tratar a sua mulher.
Com o pensamento girando em um turbilhão, ligo para a pessoa que acho que pensará algumas vezes antes de me atender. Encontro o contato da Alessa e ligo.
Caminho em direção ao escritório para poder conversar com ela e, na quinta tentativa, sou atendida.
— Você vai continuar me ligando, não é? — Ela pergunta após suspirar.
— Claro que não! — Digo rindo. — Ia pegar o jatinho e ir até a capital, é apenas uma hora de voo.
Ouço gargalhar e dizer que já retornava, ela deve estar a essa hora no hospital, já que é um pouco após meio-dia. Dou a volta à mesa e sento na cadeira de Henrique como o chefe da máfia americana.
— Como ela está, Alessa? — Pergunto preocupada.
Afinal, Hope tem apenas dezesseis anos, cresceu ouvindo de todos que meu irmão a trataria como uma rainha, que ele sempre cuidaria dela da mesma forma como vê o pai adorando a sua esposa.
— Muito magoada, ela o ama e está decidida a ir para Moscou! — Ela exclama.
Viro a cadeira e mantenho os olhos no descampado que começava a ganhar flores para a primavera que estava se aproximando.
— Alessa estou pensando em dar uma lição em meu irmão e dar a Hope um homem devoto, assim como meu marido e os meus pais. — Digo e ouço um baque em sua ligação.
— Laís, prometi à minha filha que não iria mais insistir nesse assunto, ela está machucada com toda a situação, o que espera que eu faça?
— Que a deixe ir para Moscou, que permita que ela aproveite a sua juventude, claro que com responsabilidade. — Digo com a ideia se formando.
— Já permitimos que ela vá, Hope se muda na próxima semana, se tornará uma das alunas do Bolshoi. — Ouço feliz em saber.
Isso será ótimo, meu irmão. Quando ver a Hope amadurecendo aos poucos e principalmente longe de seus olhos, perceberá que ela é a mulher perfeita para ser a sua esposa.
— Farei meu irmão se redimir, perceber que a sua filha é a mulher que será a sua sheikha. — Digo, segura de mim e com um plano começando a se formar.
— Seus pais não estão te apoiando! — Alessa exclama.
— Eles não sabem o que estou planejando, então preciso que você não diga nada. — Peço.
Sei que, se meus pais souberem, irão me impedir de ajudar o inconsequente do meu irmão, que deveria estar cuidando da garota que era para ser a sua noiva em dois anos.
Ouço rir, com os anos conseguimos criar uma boa amizade, acho que pela nossa idade tão próxima e por ter ajudado no momento em que ela mais precisou.
— Amo você e seus filhos, mas lembre-se, matarei o seu irmão se ele fizer algo que piore a Hope, ela não merecia vê-lo praticamente trepando na boate. — Começo a rir.
A proximidade de Alessa e Giulia à nossa família a deixou tão assassina como eu e Helena. Adoro quando eles vêm a Nova York, deixo que ela treine com alguns de nossos soldados. Saber um pouco de tudo nunca é demais.
— Pode deixar, ainda te ajudo. — Digo rindo e ela me acompanha. — Alessa agora temos que conversar sobre o que estou planejando, mas não pelo celular, chego em duas horas no máximo, podemos nos encontrar no congresso?
Precisamos do apoio de Mattia, porque sei que, se meus pais souberem, farão a cabeça de meu avô Salim e ele persuadirá Mattia de que será do contra. Já que ele o respeita como pai.
— Pode ser, deixarei Mattia avisado! — Ela diz.
Terminamos a nossa ligação e saímos do escritório praticamente correndo, já informando que precisarei do jatinho e que farei um b**e e volta. Preciso apenas conversar com eles pessoalmente.
Subo para o meu quarto, tomo um banho apenas para me refrescar e decido usar um conjunto de alfaiataria escuro, escolho um relógio e deixo meus cabelos soltos.
— Laís? — Ouço a voz de Henrique.
Termino de me arrumar enquanto o chamo para o closet, olho para a entrada e observo o meu marido que começa a exibir alguns fios de cabelo grisalho, deixando ainda mais charmoso. Ele entra no cômodo com a camisa molhada de seu treino, me aproximo e beijo os seus lábios, vejo suas sobrancelhas franzidas com a curiosidade.
— Para onde pensa que vai? — Pergunta retirando a camisa.
— Na capital. — Digo e já emendo. — Volto para dormir ao seu lado.
Ele para no meio do closet, começa a retirar a calça e me olha preocupado. Henrique não gosta de ter meus três pais falando em sua cabeça. Ele diz que cada visita deles é suficiente para uma dor de cabeça por um semestre.
— Laís, o que fará, seus pais não vão gostar. — Reviro os olhos, me aproximo de meu marido e o beijo novamente.
— Da mesma forma como eles ficaram irritados quando forjamos o meu sequestro? — Pergunto e passo por ele e acerto um tapa em sua bunda.
Ouço a sua risada e saio de nosso quarto. Nesse momento, meus pais não podem saber realmente o que estou aprontando, nem mesmo Mahjub, já que ele precisa sofrer o pão que o diabo amassou para aprender a dar valor à princesa do petróleo que ele terá nas mãos.
Amo meu irmãozinho, mas ele realmente precisa aprender a dar valor naquela garota. Concordo com ele sobre terem apenas comunicado os dois, sobre a promessa de casamento quando ela fez quinze anos, isso foi um terrível erro.
Laís CarterIsso fez com que Mahjub conhecesse o mundo de uma forma que Hope jamais iria conhecer. Por isso, concordo que eles deixem que ela vá e aproveite o seu tempo. Porque sei que quando o meu irmão perceber a merda que fez, ele será igualzinho ao papai.O pensamento me tira uma gargalhada, aprendi muito com a nossa mãe a forma de como tratar meu marido, apenas em ver como ela tratava meus pais. Carolina Alcântara Al-Makki, foi uma visionária, abriu o preceito entre as mulheres da “First”, caso houvesse traição e a esposa não decidisse pela morte do cônjuge traidor, ela poderia se casar novamente.Quando meus pais finalmente puderam se assumir, com uma pequena ajudinha do meu marido, sempre olhava para ele e dizia que queria escolher os meus seguranças, é algo que o Henrique sempre surtava. Já que ele sempre disse que prefere a morte do que me ver na cama com outro.Passo pela sala de TV e dou um beijo em meus filhos e seus amigos, que ainda estavam com a atenção presa no filme qu
Hope de LucaOs últimos anos foram uma loucura em minha vida. Mudar para Moscou e me dedicar integralmente ao Bolshoi foi o que precisava para respirar longe de toda a confusão que a mídia fez ao começar a investigar. Todos ficaram intrigados do porquê dei um soco no príncipe.Fora que passar quase dois meses com a mão imobilizada não foi nada interessante, cada vez que olhava para minha mão, lembrava do maldito vídeo do príncipe praticamente transando com duas ao mesmo tempo. Respiro fundo e foco no que está acontecendo.Essa semana, minha família chegou para comemorar o meu aniversário de vinte anos e, por mais que os ame, queria passar o dia sozinha, sem ninguém por perto, apenas para torturar o idiota que percebeu a grande merda que ele fez quando virei as costas para o herdeiro do Sudão.Olho pela janela do meu apartamento, o sol finalmente voltou para alegrar a minha vida triste, mesmo que tenha sido por escolha própria estar da forma que estou. Gosto da solidão que tenho em Mosc
Hope de LucaSubo no palco para a minha última apresentação, me concentro e todas as minhas companheiras do grupo já estavam em seus devidos lugares. Me entrego aos passos coreografados com devoção, incorporando o meu personagem. A apresentação do lago dos cisnes é carregada de emoção como sempre foi, com os meus pensamentos em Mahjub e sentimentos pesando em meu coração. Realizei o último ato da apresentação, exausta fisicamente, com a musculatura das minhas pernas queimando por toda a tensão que senti. Ouço os aplausos e sou ovacionada de pé pela apresentação bem executada.Recebi uma chuva de pétalas e o carinho de todas as pessoas que foram para me prestigiar, olho para o lado e meu pai estava ali com um sorriso orgulhoso, aplaudindo de pé. Reverencio à plateia pelo carinho recebido.Para a minha surpresa, percebi que Ruslan estava na primeira fileira, olho melhor para o camarote onde meus pais estavam e sinto falta de Guilherme, que ainda não havia aparecido e nem me ligado hoje.
Mahjub Al-MakkiSe não fosse o bastante ter visto a mulher por quem me apaixonei sendo pedida em casamento por outro homem, agora sou surpreendido pela pessoa que jamais imaginei que estaria na porta do meu quarto de hotel. Me surpreendo ao vê-la ainda com a roupa de gala e com um sorriso discreto em seu rosto.Olho para o lado e vejo que seus agentes do serviço secreto estavam ao lado da minha porta esperando alguma reação minha. O que poderia fazer? Não deixar que a mãe de Hope entre no meu quarto?— Senhora de Luca! — A recebo e dou passagem para que ela entre.Pietra olha para a mãe de Hope e sorri gentilmente, a vejo olhar meio confusa e dá dois passos para trás. Podia ver em seu olhar que começava a imaginar algo que não existia.Olho para a minha amiga que se levanta da cama e se aproxima da mãe de Hope com o sorriso gentil que é tão característico dela.— Mahjub não é nada do que foi dito dele nos últimos anos, o erro pelo qual ele fez é muito mais de vocês do que dele… — Diz m
Hope de LucaMesmo que por várias vezes o tenha ignorado, sempre pedia a Allah que Mahjub um dia implorasse o meu perdão, que descobrisse que tudo o que aconteceu anos atrás foi para seu aprendizado e estava arrependido pela humilhação que me fez passar naquele momento da minha vida.Não posso negar que o amo, nasci e fui preparada desde menina para ele, meus pais me ensinaram o que podiam sobre o que sabiam e descobrir depois dos meus quinze anos sobre o Mahjub foi um baque, mas também fiquei deslumbrada. Que garota não sonha em ter um príncipe para chamar de seu?Fui forjada dentro de sua religião para aprender seus costumes e dogmas, consegui absorver tudo o que podia de todas as pessoas que foram contratadas para me ensinar. Mas naquele dia, a menina boba que sonhava com um príncipe morreu e agora o que restou é apenas uma mulher insegura que não consegue sequer se apaixonar pelo homem que acabou de lhe pedir em casamento.Guilherme a minha frente, segurando em minha mão e me condu
Hope de LucaFecho os olhos, recordando novamente da dor que senti depois daquele ensaio de balé. A única coisa que sei é que nós quatro estávamos bem fudidos emocionalmente. Talvez seja necessária uma terapia em grupo para tentar superar as merdas que passamos.TOC, TOC, TOC— Hope sai daí — ouço a minha mãe chamando.Levanto-me às pressas e vou até a porta para falar com a minha mão, olho para o Gui que ainda estava deitado, agora com os braços atrás de sua cabeça e com um sorriso sacana. Graças a Allah não havia retirado a minha roupa. Abro a porta e vejo minha mãe com um sorriso e aponta para a minha sala.Pela soleira da porta, vejo para onde ela apontou e olho o meu pai indo em direção ao aparador de bebidas que precisei ter no apartamento apenas por conta de Guilherme que gosta de beber.Confirmo com a cabeça e volto para o quarto, fechando a porta. Dessa vez, começo a retirar a minha roupa ali mesmo na frente de Guilherme que nem se mexe, ele volta a olhar para o teto com certe
Mahjub Al-MakkiAssim que a mãe de Alessa sai do quarto onde estava hospedado, percebo que acabo de ganhar a melhor das aliadas, assim como o óbvio vem ao meu encontro quase como um soco.Laís está manipulando nossas vidas como um jogo de tabuleiro, da mesma forma como nossa mãe costumava fazer quando estava planejando o casamento de minha irmã. A única coisa que saiu errado para Carolina Alcântara Al-Makki foi a própria filha fingir o seu sequestro para ficar com o homem que já amava.Mas para o meu azar, Hope está muito magoada e ferida com a minha atitude.Desabotoo a minha camisa e tranco a porta. Sei que Pietra não aparecerá mais aqui no quarto, talvez já esteja com alguma conquista da noite. Desabo na cama, cansado pelo dia que passei, em grande maioria dentro de salas de reuniões, para fechar alguns acordos para a “Smoke” e para “Al-Makki Corporation”.Mesmo que seja o sócio majoritário da empresa de meus pais, algo que consegui devido a uma jogada que meu pai Bruno fez para me
Mahjub Al-MakkiO desejo de chorar por saber que, mesmo que eu peça perdão à mulher por quem me apaixonei, seja em vão. Hope aceitou o pedido de casamento de Guilherme e, nesse momento, estou muito chateado com Zara e Laís que nunca me disseram nada de que ela estava se envolvendo com outra pessoa que conhecemos muito bem.Continuo chorando ao recordar de como ela estava linda como Odette, o cisne amaldiçoado. Suspiro fundo, ouvindo o meu celular vibrar em cima da cama como se estivesse em caso de vida ou morte.Olho para a tela e era uma chamada de Laís, estranho ela não ter costume de ligar a essa hora da manhã. Sinto o meu peito palpitar ao imaginar que algo havia acontecido, já que nosso avô já tem uma idade bastante avançada.— O que ouve, fale de uma vez! — Imploro, me preparando para ouvir a notícia.“Que desespero é esse, não posso ligar para meu irmãozinho?”Ela me pergunta e, pelo seu tom divertido, consigo relaxar um pouco e sento na cama deslizando o masbaha entre os meus d