A estrada de terra mal iluminada serpenteava entre as árvores altas, cobertas pela névoa da noite. O carro, velho e com os faróis falhando, cortava o silêncio com o ronco baixo do motor cansado. Leonardo dirigia com o maxilar travado, os olhos atentos ao retrovisor. Isabela, sentada ao lado, segurava com força a mochila onde estavam os documentos restantes. Era tudo o que tinham. Provas. Memórias. A chance de justiça.
— Tem certeza de que essa casa é segura? — ela perguntou, quebrando o silêncio.
— Era de um amigo do meu pai. Abandonada há anos. Fica num sítio afastado, sem sinal de celular. Ninguém vai pensar em procurar lá.
Ela assentiu, mas seus olhos não escondiam o medo. Desde que saíram do apartamento, a sensação de estarem sendo observados não os deixava. Samuel ficou para trás, prometendo organizar a resistência de dentro, reunir jornalistas independentes, advogados, e quem mais estivesse disposto a enfrentar Godoy. Mas Leonardo sabia: naquele momento, estavam sozinhos.
Duas h