O silêncio entre eles era sufocante.
Isabela cruzou os braços, tentando conter a inquietação que crescia dentro de si. O olhar de Leonardo queimava sobre ela, carregado de algo que ela não conseguia decifrar.
— Você quer me proteger de você? — repetiu, sem esconder a incredulidade. — Isso é uma piada?
Leonardo não respondeu de imediato. Ele a observava como se estivesse lutando consigo mesmo, como se cada palavra que pensava em dizer pudesse mudar tudo.
E, no fundo, Isabela sabia que poderia.
— Eu não posso explicar agora. — A voz dele carregava uma tensão palpável. — Mas você precisa confiar em mim.
Ela soltou uma risada amarga.
— Confiar em você? Depois de tudo?
Ele fechou os olhos por um breve segundo, como se esperasse essa reação.
— Eu nunca quis te machucar, Isabela.
— Mas machucou. — O tom dela era cortante. — E agora quer que eu simplesmente aceite essa desculpa vazia?
Leonardo avançou um passo. Isabela sentiu sua presença como uma corrente elétrica, e isso a deixou furiosa. Mesmo depois de cinco anos, seu corpo ainda reagia a ele.
— Eu nunca te esqueci. — Ele murmurou, os olhos presos nos dela. — Você acha que foi fácil para mim?
Isabela engoliu seco, sentindo um turbilhão de emoções se misturarem dentro dela.
— Fácil? Você ao menos sabe o que eu passei? — Sua voz tremeu, mas ela se manteve firme. — A humilhação de ser abandonada no altar? A dor de ter que me reconstruir sozinha, sem uma explicação, sem um motivo?
Ela esperou que ele desviasse o olhar, que demonstrasse alguma culpa. Mas o que viu foi algo diferente.
Determinação.
— E se eu dissesse que fiz isso para te salvar?
Um arrepio percorreu sua espinha.
— Salvar do quê?
Leonardo hesitou. Isabela prendeu a respiração, esperando por uma resposta. Por um momento, pensou que ele fosse dar as costas e desaparecer novamente.
Mas então, ele quebrou a distância entre eles e segurou seu rosto com delicadeza.
O toque dele era quente, firme, e o coração de Isabela acelerou contra sua vontade.
— Se eu contar, Isabela… você nunca mais será a mesma.
Ela sentiu os joelhos fraquejarem, mas se recusou a demonstrar fraqueza.
— Então me diga.
Leonardo respirou fundo, como se estivesse prestes a cometer um erro irreversível.
— Você acha que eu te deixei porque quis. Mas a verdade é que alguém me obrigou a fazer isso.
O mundo de Isabela girou.
— O quê?
Leonardo apertou a mandíbula, os olhos escuros brilhando com algo sombrio.
— E agora, essa mesma pessoa quer te atingir.
Isabela sentiu um nó na garganta.
— Quem?
O silêncio que veio depois foi pior do que qualquer resposta.
— Leonardo, quem está por trás disso?
Ele desviou o olhar por um instante, como se estivesse tentando encontrar uma forma de dizer algo sem revelar demais.
— Alguém que não pode ser subestimado.
Isabela bufou, afastando-se.
— Você desaparece da minha vida, me destrói e volta dizendo que foi ‘forçado’? Que agora eu estou em perigo?
— Eu não queria que você estivesse.
— Mas estou? — ela exigiu, a voz mais alta.
Ele assentiu lentamente.
— Sim.
Isabela sentiu o peso daquelas palavras pressionando seu peito.
Por cinco anos, ela acreditou que Leonardo simplesmente a abandonou. Que ele era um covarde.
Mas e se houvesse mais?
E se o que os separou no passado ainda estivesse à espreita, esperando para atacar?