(Ponto de Vista de Lucas)
O som inesperado do telefone quebrou o silêncio, fazendo com que Olivia afastasse os olhos da janela e buscasse o aparelho dentro da bolsa, de onde o retirou para, em seguida, olhar a tela antes de atender.
— Alô? — Sua voz soou suave, controlada, ainda que eu soubesse que o turbilhão de emoções a consumia por dentro.
Observei sua expressão mudar e, ao mesmo tempo, um lampejo de algo, fosse dor ou esperança, atravessou-lhe o rosto.
— Sim, Clara. Entendi. Estou indo agora mesmo. — Disse, com a voz embargada. — Obrigada por ligar.
Ela encerrou a chamada e permaneceu encarando o aparelho por um momento, com os nós dos dedos brancos de tanto apertá-lo.
— Está tudo bem? — Perguntei, mantendo o tom gentil.
— Quem ligou foi Clara Wilkins, do Estúdio de Cerâmica Uivo do Barro. — Explicou Olivia, erguendo por um instante os olhos esmeralda para os meus. — Ela avisou que a caneca da Lily... Da Lily está pronta para ser retirada.
A dor ainda tão viva se revelou no tremor