Capítulo 01
Elisa Estou me olhando no espelho, enquanto minha mãe, minhas tias e minha avó estão arrumando meu vestido de noiva. Hoje é o dia mais feliz da minha vida! Vou casar com o meu primeiro e único namorado, João Sérgio, meu Serginho! A única coisa que está me chateando é que a empresa da família dele, decidiu abrir uma filial em São Paulo, vou ter que me mudar daqui de Rezende. Mas tudo bem, amo o Serginho e agora tenho que ser obediente a ele, de acordo com o que minha mãe ensinou. — Oh, filha, vou sentir tanto sua "farta" — disse minha mãe chorando. — Eu também, minha mãe — a abracei, também chorando e sentindo o peso de ficar longe das pessoas que eu mais amo. — Francisca, chega de drama, a Elisa "tá" casando certo, com um bom homem e logo vai te dar muitos netos. Filhos? Bom, acho que quero sim. Sempre ouvi falar que para uma mulher ser realizada tinha que ter um bom marido e muitos filhos. É, devo estar no caminho certo. Ou será que não? Meu pai chegou no nosso quarto e disse que chegou a minha hora de ir para o meu casamento. Seu Antônio beijou o topo da minha cabeça e falou, com lágrimas nos seus olhos negros: — Minha bonequinha, seja muito feliz e que você realize todos os seus sonhos! — Pai, casar com o Serginho é meu sonho! — Tem certeza, Elisa? — Tenho, meu pai. Ele segurou minhas mãos com lágrimas nos olhos e assim fomos para a igreja. *** Quando eu e Serginho chegamos na Pousada, depois de finalmente estarmos casados, eu estava nervosa para que a nossa primeira noite acontecesse. Minha mãe nunca falou sobre sexo comigo, mas longe da minha família, li livros eróticos e assisti alguns filmes na casa de Luiza, minha melhor amiga. O meu preferido é "365 dias". Porém meu marido tinha outros planos. Serginho me deu um selinho rapidinho e falou: — Amor, acho que você deve estar muito cansada. Fique aqui nesse quarto e acorde cedo porque amanhã partimos cedo para São Paulo. — Mas, Serginho... Eu... Não, ele não ouviu e saiu do meu quarto, me deixando sozinha na noite que era para ser nossa primeira vez. Eu desabei. Só sabia chorar e me achar uma mulher horrorosa, nada atraente. Porque o homem que eu amo, não quis nada comigo? *** No dia seguinte, tirei meu vestido de noiva sozinha e coloquei um vestido azul marinho com um terno cinza. Enquanto estava arrumando minhas coisas na mala, Serginho chegou e falou, sentando na cama: — Acho que você deve me odiar né? — Se houver alguma explicação, meu amor, eu posso te perdoar — falei, com muita esperança de ainda vivermos o meu sonho da família perfeita. — Elisa, quando chegarmos em São Paulo, você saberá. — Serginho, acho que... Não te conheço mais — falei chorando muito. Meu marido me abraçou e disse: — Me dói muito por estar te magoando, Elisa. — Então, não me magoe e... Me jogue nessa cama e me faça subir pelas paredes. Ele riu e perguntou em seu tom jocoso: — Onde você aprendeu essas falas, Elisa? De qualquer maneira, amor é por exatamente te respeitar que não vou fazer isso. Se a gente fizesse sexo e você descobrisse tudo que vou te contar, seria muito pior. — Mas somos casados, Serginho. Não há nada que eu não possa te perdoar para conservarmos nossa família. — Ohhhh, minha doce Elisa... Ele não disse mais nada e fomos diretamente para a rodoviária onde estava toda nossa família reunida. Minha mãe me puxou para o banheiro e tentou perguntar como tinha sido a noite e respondi que tinha sido ótima. Que vergonha! Por fim, entramos no ônibus e seguimos para São Paulo. *** Mais alguns dias e fiz o máximo para tentar entender Serginho, mas nada fazia sentido para mim. Será que eu criei uma ilusão? Será que Serginho, na verdade não me ama como pensei minha vida toda que ele amasse? Será que sou tão tapada assim? Nesta noite, tentei ousar e fiz um jantar romântico para nós dois. Será que finalmente teremos nossa primeira noite de núpcias? Pois bem, criei toda uma atmosfera erótica. Dessa vez vai.... Quando Serginho chegou, ele me beijou no rosto e perguntou com hesitação: — Para que tudo isso, Elisa? O abracei e o beijei com carinho e de um jeito meio manhosa, respondi: — Acho que merecemos uma noite especial, já que ainda não aconteceu a nossa, bem... Digamos que.... — Você quer transar, né? Elisa, não podemos... Comecei a chorar desesperada e perguntei com mágoa: — Por que? — Querida, eu.... — Você...? Serginho não disse mais nada e apenas saiu do nosso humilde apartamento para sabe-lá-Deus aonde. E eu fiquei sem chão