Mundo de ficçãoIniciar sessãoSuper sem graça, Kaori falou que, na verdade, não gostava de ficar em contato com pessoas conhecidas porque se sentia mal em não saber conversar e nem recordar das coisas. A Daia se desculpou e disse que realmente precisava ir, mas que Kaori podia ir lá qualquer dia pra se conhecerem melhor. Ela falou que iria. Assim que a Daia saiu, os irmãos dela, Maicon e Rui, entraram, foram se arrumar e saíram pra jogar bola. Até convidaram a Kaori, mas ela recusou imediatamente, toda envergonhada.
Como a casa ficou sozinha, ela foi sentar na sala e deixou a Lisa conversando com a Ivone na cozinha, fofocando. Uma das maiores dúvidas dela era com quem já tinha ficado ou estava ficando e como era o sexo na vida dela, porque até nas últimas lembranças ela era virgem ainda e tinha certeza de que não mais. A Lisa não sabia muita coisa. Contou quantos parceiros a Kaori dizia ter tido e também disse que ela ficava com o Enzo há anos, mas sem se assumir, e que com certeza faziam sexo. Quando ela procurou as redes sociais dele, viu que ele estava casado e com uma filha, então já pensou que não deviam ter nada há muito tempo. Ela poderia ter falado com a Bibi, mas levando em conta que na última lembrança estavam brigadas, e a própria Bibi disse que antes do acidente elas também estavam, então ela não quis perguntar nada, só respondia algumas mensagens que a amiga mandava. Kaori estava assistindo a um programa qualquer quando o Rui voltou sozinho. Entrou na sala e falou: — Oi, já esqueceu de mim? De novo? Ela sorriu e falou, com vergonha: — Não, eu vou esquecer amanhã, provavelmente. Ele perguntou se ela nem tinha vagas lembranças, talvez um pressentimento com alguém. Ela disse que não, branco total dos últimos anos. Ele falou sério: — Humm... entendi!!! Ela respondeu, curiosa: — Por quê? Eu deveria me lembrar de algo em especial com você? Ele disse que não, nada. Ela se chateou, com receio de ser feita de idiota. Ele podia mentir pra conseguir algo. Rui começou a puxar assunto, dizendo que devia estar sendo difícil se acostumar com a nova rotina. Ela concordou, levantou e foi pra cozinha, dizendo que estava cansada e queria ir embora. Ele foi logo atrás, e a Ivone pediu pra ele ir comprar refrigerante. A Lisa falou: — Mas o que você tá sentindo, filha? Tá com dor de cabeça? Tá quase pronto o almoço, vamos comer rapidinho e depois você vai pra casa. O Carlos vai dar uma passadinha aqui, na verdade queria apresentar vocês, mas se você não tá bem deixamos pra outro dia. A Ivone estava falando para o Rui ir logo no bar. Ele convidou Kaori, que aceitou só para evitar a Lisa falando do Carlos o novo ficante. Os dois foram saindo juntos. Ela perguntou se era longe e se iam andando. Ele perguntou se ela preferia ir de moto. Ela respondeu: — Moto não. É ali em cima? Ele disse que era perto. Foram andando. Ela perguntou se eles eram amigos por causa do comentário da irmã dele. Ele respondeu: — Acho que não. Na verdade, só nos falamos umas três vezes por causa das nossas mães. Eu nem tenho seu número e não te tenho no Face, i***a, então não devemos ser amigos mesmo, né? Ela disse que não e que se sentia aliviada. Ele perguntou por quê, sem entender, achando que ela não estava gostando de conversar com ele. Ela respondeu: — É que eu não sei o quanto posso confiar nas pessoas, no que vão me falar, e eu não vou ser recíproca com quem conheci nesses últimos anos, porque pra mim todos são estranhos. Não quero decepcionar ninguém, sabe?! Tô evitando a todos desde que saí do hospital. Me dá crise de pânico ver as pessoas! Ele disse que dava pra entender um pouco e que nem tinha nada pra falar dela porque ele não chegou a conhecê-la bem. Ele estava omitindo um pouco dos fatos, já que os dois trocavam alfinetadas todo o tempo em que ficaram perto um do outro no passado. Ele entrou no bar sozinho, ela ficou na calçada esperando. Quando ele saiu, ela perguntou se lá tinham doces daqueles baratos. Ele disse que tinham alguns, perguntou o que exatamente ela queria. Ela disse que nem tinha levado dinheiro, que era pra deixar quieto. Ele falou: — Eu pago. Na verdade, eu marco, tenho conta lá. Vem, vamos comigo, você escolhe o que quer. Meio envergonhada, ela foi. Quando viu as opções, falou surpresa: — Nossa, tem bastante variedade. Eu tô em dúvida entre esses três. Quando será que foi a última vez em que eu comi um desses? Parece tão bom! Eu não devo ter parado de comer, não é? Tá dando água na boca! Ele respondeu rindo: — Eu realmente não sei. Ô, seu Zé, pega um de cada desses aqui de cima, por favor. Ela começou a falar que não era preciso, que só ia querer o doce de leite. Ele disse que não seria perdido, porque depois ele ou o Maicon comiam. Mesmo constrangida, ela agradeceu e já saiu do bar comendo, toda feliz como uma criança. Ele não quis nada. Ela perguntou se estava pagando mico, parecendo uma criança pidona. Ele perguntou qual era a idade dela, tirando os cinco anos perdidos. Ela respondeu: — Quinze, mais ou menos. Mas nessa idade eu só queria parecer cada vez mais adulta. Que ironia do destino. E você? Qual a sua idade? Ele disse que mais do que o dobro dos quinze dela. Surpresa, ela disse que não parecia tudo aquilo. Ele tinha 32 anos. Os dois conversaram sobre a infância deles. Quando chegaram na casa, já viram o carro do Carlos lá. O Rui já conhecia ele e adiantou que ele era legal, gente boa. Vendo ela tensa, ele disse que ia ficar perto pra salvar ela a qualquer momento, se precisasse. Ela rindo disse que ia levar ele pra encontrar todas as pessoas que queriam ver ela então. Ele respondeu, irônico: — Assim que você se lembrar de tudo, princesa, vai voltar pro seu mundinho e nem vai querer falar comigo mais. Ela não gostou e respondeu, chateada, devolvendo o saco de doces a ele: — Se você pensa isso de mim, por que ficou puxando assunto comigo e fingindo dar importância pra tudo o que eu falava? Você já me conhecia e, pelo jeito, não gostava de mim. Nossa, Rui... valeu mesmo, hein!






