Capítulo 3
O olhar dele estava cravado nela, claramente irritado pelo sumiço repentino dela.

Lívia apertou os lábios, criou coragem e encarou Otávio nos olhos:

— Então o Sr. Otávio agora se preocupa com uma parceira de cama sem importância?

A mudança de tom vinda de uma mulher sempre obediente pegou Otávio de surpresa.

Um sentimento de desafio lhe subiu à cabeça. Puxou Lívia com força e a envolveu pela cintura, firme.

— Parceira de cama? Em dois anos, só aconteceu uma única vez. E você chama isso de relação?

Lívia não fazia ideia do que tinha dado em Otávio. Ele segurou seu queixo com firmeza e se inclinou como se fosse beijar ela.

Nesse instante, uma voz surgiu ao seu lado:

— Otávio, então é aqui que você estava. Marina está te procurando.

Otávio franziu levemente a testa, soltou Lívia e disse à pessoa:

— Já sei. Estou indo.

Lívia fingiu surpresa:

— Você conhece a minha irmã?

— Conhecer? A relação entre eles é bem mais apimentada do que você imagina. — O amigo de Otávio comentou com um sorriso provocador. — Lívia, se prepara pra ficar de boca aberta.

Assim que os dois se afastaram, um brilho de escárnio passou pelos olhos de Lívia.

Eles ainda achavam que ela estava no escuro. Planejavam humilhar ela diante de todos naquela noite.

Mas o que não sabiam era que Lívia já havia se preparado e estava pronta para cortar Otávio da sua vida, de uma vez por todas.

A festa seguia animada quando, de repente, as luzes se apagaram.

Num piscar de olhos, um holofote iluminou o palco. Otávio surgiu, impecável em seu terno, com Marina ao lado, vestida de branco.

Com um sorriso largo no rosto, Alberto levantou a mão pedindo silêncio e então anunciou em voz alta:

— Hoje reunimos todos aqui por dois motivos: primeiro, para dar as boas-vindas à Marina, que acaba de voltar ao país. Segundo, para compartilhar uma grande notícia.

Ele fez uma breve pausa e, com um tom solene, declarou:

— As famílias Vidal e Montenegro são amigas de longa data. Há anos foi firmado o noivado entre Marina e Otávio. Agora que o sentimento entre eles floresceu, a festa de noivado está marcada para o fim do mês. Contamos com todos vocês para testemunhar a felicidade desses dois jovens!

Quando Alberto terminou de falar, os amigos de Otávio se viraram quase ao mesmo tempo, todos ansiosos para ver a reação de Lívia — esperavam o espetáculo da quebra emocional.

Mas Lívia apenas permaneceu parada entre os convidados, serena, com uma expressão tão neutra que parecia não ter nenhuma ligação com o que acontecia no palco.

Otávio franziu levemente a testa.

Em sua mente, Lívia deveria estar desmoronando ao saber do noivado.

Mas não. O que ele viu foi calma. Frieza até.

Uma inquietação estranha cresceu dentro dele. Marina, percebendo a tensão, se inclinou e perguntou com voz suave:

— Otá, o que foi?

Otávio desviou o olhar, como se nada tivesse acontecido:

— Nada. Só me distraí por um instante.

Mas ele sabia. Sabia que Lívia o amava com todo o coração.

Não podia ser indiferença. Aquela reação era força. Ela só estava fingindo.

...

Lívia entrou no banheiro e jogou água fria no rosto, com força.

Ao lembrar do quanto se entregara a Otávio, só conseguiu sentir desprezo por si mesma.

Agora fazia sentido.

Durante dois anos, ele só encostara nela uma única vez.

Não era porque a respeitava. Era porque não queria.

Aquela primeira vez que ela tanto valorizava, para ele não passava de um material útil para arruinar a vida dela.

Assim que voltou ao salão, foi chamada por Alberto.

— Lívia, venha aqui cumprimentar o seu cunhado.

Ela caminhou até Otávio, mantendo no rosto um sorriso no ponto exato entre educação e distância:

— Boa noite, cunhado.

Ao ouvir o termo, o rosto de Otávio endureceu por um instante.

Marina, no entanto, nem percebeu. Com um sorriso radiante, pegou na mão de Lívia e disse:

— Livinha, acabei de saber que o Otávio é membro do conselho diretor na sua universidade! Que coincidência, né? Se você tiver qualquer problema por lá, fala com o seu cunhado. Estamos em família, não é?

Lívia apertou os dentes e respondeu, palavra por palavra:

— Eu não vou dar trabalho para o meu cunhado.

Ela não olhou para Otávio, mas sentia o olhar dele em suas costas — cortante como vento do inverno mais rigoroso. O frio daquela presença fez seu corpo inteiro se arrepiar.

Depois de algumas trocas de palavras formais, Lívia se preparou para sair.

Mas Marina se aproximou sorrindo e segurou o braço dela, com um ar forçadamente afetuoso:

— Livinha, quanto tempo! Tenho tanta coisa pra te contar.

Sem dar chance de recusa, puxou Lívia até a sala de descanso.

Assim que a porta se fechou, o sorriso sumiu. No lugar dele, uma expressão gélida tomou conta do rosto de Marina.

— Lívia, fiquei sabendo que você dormiu com o Otávio. E que o vídeo está rodando por todo lado. Achou mesmo que, usando um truque tão baixo, conseguiria prender o coração dele?

Ela soltou uma risada seca, carregada de desprezo:

— Quer saber da verdade? Ele nunca gostou de você. Nunca! Pelo contrário, ele te detesta. Aquela história da sua mãe ser amante? Fui eu que mandei ele espalhar. Ele se aproximou de você porque eu pedi. Tudo isso foi ideia minha. Eu queria ver você se apaixonando por ele, se entregando, pra depois ser destruída pelas mãos dele.

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