por Milena
Eu já perdi a noção do tempo.
Dias, talvez semanas?
Eu não sei.
Aqui dentro, tudo se mistura em uma confusão de escuridão e angústia.
Eles têm controlado minha percepção de tempo, alternando as horas das refeições, me deixando sem nenhum ponto de referência.
É como se quisessem me desconectar da realidade, me enlouquecer aos poucos.
Mas eu tento me manter lúcida, agarrando-me às poucas certezas que restam.
A mais importante delas: eu preciso sobreviver.
Não por mim, mas por meu filho.
Minhas amarras foram soltas, finalmente, não houve mais a necessidade de me manterem amarrada.
Eles perceberam que eu não sou uma ameaça.
Por que seria?
Meu corpo está fraco, minha mente exausta, e tudo o que me resta é o medo.
As cicatrizes das cordas ainda marcam minha pele, um lembrete cruel do que tenho suportado.
Mesmo assim, a liberdade das mãos me dá uma falsa sensação de controle, de que talvez, de alguma forma, eu ainda tenha uma chance.
O cativeiro é pequeno e abafado,