Leonard guardou silêncio com uma expressão dolorida, mas não disse mais nada. O chofer, por indicação de Leonard, ligou o carro. Meu chefe continuava sem articular uma palavra, enquanto eu me afundava no assento de couro, tentando que o paletó cobrisse o máximo possível do meu corpo.— Muito obrigada, senhor, eu agradeço muito —disse, respirando aliviada e um pouco envergonhada pelo que havia acontecido antes—. Desculpe, estou exausta.— Não me agradeça ainda —respondeu muito sério, sem me olhar—. Receio que esta saída nos trará muitas dores de cabeça, a você e a mim.Era a primeira vez que o via se comportar desta forma, e embora tivesse mostrado seu outro eu por um momento, continuava sendo um verdadeiro cavalheiro comigo. Ao chegar à minha casa, olhei para ele de soslaio.— Esta é minha casa, senhor. Muito obrigada por tudo —ia descer, mas parei e lhe perguntei—: Você quer subir para que eu possa lhe devolver seu paletó? Talvez eu possa ajudá-lo a tirar a mancha da sua calça.— Est
Fiquei parada olhando para Leonard, que estava visivelmente irritado e nervoso ao mesmo tempo. Era verdade que eu era parte do problema, mas não via necessidade de continuar alimentando os rumores dos outros. Sua reputação de Casanova era o que nos havia colocado na mira de todos os jornalistas, mais do que o que realmente havia acontecido.— Você só vai me acompanhar, senhorita Clío, por favor —me pediu suplicante e, em seguida, seus olhos brilharam e ele disse—: Depois, juro que lhe darei uma recompensa, o que você pedir.— O que eu pedir? Você fará qualquer coisa que eu pedir? —perguntei com incredulidade, mas tentada a aceitar.— Sim, dou minha palavra —repetiu muito sério.Claro, sua proposta me deixava perplexa, mas também me preenchia com uma curiosidade incontrolável. Não seria interessante ver como ele se movimentava entre toda aquela gente importante, com seu carisma inato e suas maneiras que às vezes desconcertavam? Leonard tinha o poder de fazer a curiosidade de quem o cer
Nossa atuação de namorados convence a todos de que somos o casal mais apaixonado do salão; todos nos olham e tiram fotos. Eu sei que estou me metendo em grandes problemas, mas não é algo que eu não possa resolver e suportar.A mulher nos observa à distância, com os olhos brilhando de derrota. Sua tentativa de insinuar-se havia fracassado e, para minha surpresa, não sinto o menor traço de insegurança. Pelo contrário, estou mais decidida do que nunca a não ceder terreno.Finalmente, a gala termina. Estou extenuada, não sei como adormeci no carro, encostada no ombro do meu chefe, que me deixou até chegar. Ele me chama com cuidado e, sem que eu pedisse, me leva até a porta do meu apartamento.— Muito obrigada, senhorita Clío, você não sabe o grande problema que me tirou —ele vai embora, mas volta para me dizer—. Vamos falar amanhã sobre a recompensa que você quer. Boa noite.— Boa noite, senhor Leonard —digo e entro em casa, indo direto para o banheiro. Tomo um banho com água bem quente e
Leonard olhava para Clío com desespero; já não sabia mais o que fazer para que ela o aceitasse. Por mais que tentasse, ela parecia imune a seus encantos. Seu olhar frio e seus constantes rechazos o desarmavam, mas dessa vez ele havia decidido ir com todas as suas forças. Com determinação, levantou-se, contornou a mesa que os separava e, com um gesto solene, ajoelhou-se diante dela. Clío o observava impassível, como se aquela cena fosse uma rotina qualquer. Leonard tomou sua delicada mão entre as suas e, olhando-a diretamente nos olhos com uma intensidade desesperadora, confessou: — Eu te amo, Clío.Clío arqueou ligeiramente uma sobrancelha; seu rosto permanecia sereno. Ela ficou ali olhando para seu chefe até que soltou um suspiro. — Por que você me diz isso, Leo? — perguntou com um tom neutro, sem o menor indício de emoção. — Porque você é linda — respondeu Leonard, esboçando um sorriso carregado de nervosismo e esperança. A decepção cruzou rapidamente os olhos de Clío, que a
Clío saiu do escritório caminhando a passos firmes, embora não conseguisse evitar sentir uma mistura de raiva e frustração fervendo em seu interior. Por que Leonard insiste em me seguir, quando é evidente que o detesto? pensou, enquanto empurrava a porta de seu escritório. Entrou e foi diretamente ao dispensador de água. Precisava se acalmar. Serviu um copo de água fria e o segurou entre as mãos, tentando sufocar o calor que se acumulava em seu corpo, não apenas pela raiva, mas também por aquele pequeno e incômodo nervosismo que ele conseguia despertar nela. — Você rejeitou o chefe de novo? — perguntou Lúa, sua melhor amiga e assistente pessoal, que acabara de entrar, ainda segurando a pasta de tarefas do dia. — Você sabe muito bem que não o suporto — respondeu Clío, deixando-se cair em uma cadeira com um tom carregado de frustração —. Ele acredita que todas as mulheres devemos nos render a seus pés como se fosse um deus grego ou algo assim. Lúa semicerrrou os olhos, analisand
Lúa inclinou a cabeça, analisando-a com olhos perspicazes, mas decidiu não insistir. Conhecia-a muito bem e estava convencida de que sua amiga acreditava naquilo que dizia. — Bem, espero que algum dia você encontre seu Brayan — cedeu com um pequeno sorriso. No entanto, logo seu rosto se iluminou com malícia, e acrescentou, em um tom zombeteiro —: Para mim, que me deixem com um como Leo. O corpo dele me enlouquece, e se ele não sabe falar, não me incomoda muito. O que importa é o trabalho que faz na cama, k, k, k, k... Clío soltou uma gargalhada sincera, balançando a cabeça. Pensou que sua amiga não tinha jeito. — Você é uma grosseira, nunca vai mudar! — disse, embora não pudesse evitar que um sorriso cruzasse seu rosto. Lúa sempre tinha esse dom de fazê-la rir, mesmo nos momentos mais tensos. — Nada de grosseira — respondeu Lúa, movimentando-se pelo escritório como se a conversa fosse a coisa mais casual do mundo —. Isso você diz porque nunca provou o doce como deve ser. No di
O olhar de Jenri se deteve um segundo nela, sério e analítico, antes de responder com a mesma cortesia, mas com uma frieza que parecia uma barreira intransponível. — Não é necessário, senhorita Lúa, mas muito obrigado pela oferta — disse secamente. Clío levantou uma sobrancelha, observando de canto como sua amiga tentava manter a compostura após a resposta desencorajadora. Sem dar muitas voltas, Jenri acrescentou com profissionalismo: — Agora, sigam-me, por favor. Meu chefe as está esperando. Mais uma vez, o assistente se adiantou, guiando-as com passos firmes enquanto elas o seguiam em silêncio. Lúa mordeu o interior da bochecha, resistindo à tentação de soltar algum comentário para aliviar a incomodidade. Clío, no entanto, não conseguiu evitar um pequeno sorriso irônico nos lábios. — Você deveria anotar como lidar com um bloqueio emocional — sussurrou com humor, inclinando-se para Lúa enquanto caminhavam. — Oh, cale a boca! — respondeu a amiga, visivelmente envergonhada,
Clío engoliu em seco, um leve nó se formando em sua garganta. Sabia que, em teoria, o que eles propunham soava como uma oportunidade incrível. No entanto, algo dentro dela, uma espécie de pulso silencioso, a instava a não se precipitar. Precisava analisar, refletir com calma.Ambos a olhavam com expectativa, como se estivessem certos de que ela diria que sim imediatamente. Mas Clío não tomava decisões apressadas, muito menos quando se tratava de negócios. Ela valorizava a lógica e a preparação acima de qualquer emoção momentânea. Endireitando-se na cadeira, adotou uma postura profissional, decidida a não se deixar levar pelo entusiasmo do momento.— Estou muito lisonjeada por pensarem tão bem de mim, pessoal — começou, escolhendo cada palavra com cautela, para não ferir os sentimentos deles —. Mas vocês me conhecem, sou… complicada para trabalhar. Sou exigente, um pouco inflexível. Às vezes, a frustração me vence e acabo batendo de frente com todos se as coisas não saem como quero.Du