Leonard olhava para Clío com desespero; já não sabia mais o que fazer para que ela o aceitasse. Por mais que tentasse, ela parecia imune a seus encantos. Seu olhar frio e seus constantes rechazos o desarmavam, mas dessa vez ele havia decidido ir com todas as suas forças. Com determinação, levantou-se, contornou a mesa que os separava e, com um gesto solene, ajoelhou-se diante dela. Clío o observava impassível, como se aquela cena fosse uma rotina qualquer. Leonard tomou sua delicada mão entre as suas e, olhando-a diretamente nos olhos com uma intensidade desesperadora, confessou: — Eu te amo, Clío.Clío arqueou ligeiramente uma sobrancelha; seu rosto permanecia sereno. Ela ficou ali olhando para seu chefe até que soltou um suspiro. — Por que você me diz isso, Leo? — perguntou com um tom neutro, sem o menor indício de emoção. — Porque você é linda — respondeu Leonard, esboçando um sorriso carregado de nervosismo e esperança. A decepção cruzou rapidamente os olhos de Clío, que a
Clío saiu do escritório caminhando a passos firmes, embora não conseguisse evitar sentir uma mistura de raiva e frustração fervendo em seu interior. Por que Leonard insiste em me seguir, quando é evidente que o detesto? pensou, enquanto empurrava a porta de seu escritório. Entrou e foi diretamente ao dispensador de água. Precisava se acalmar. Serviu um copo de água fria e o segurou entre as mãos, tentando sufocar o calor que se acumulava em seu corpo, não apenas pela raiva, mas também por aquele pequeno e incômodo nervosismo que ele conseguia despertar nela. — Você rejeitou o chefe de novo? — perguntou Lúa, sua melhor amiga e assistente pessoal, que acabara de entrar, ainda segurando a pasta de tarefas do dia. — Você sabe muito bem que não o suporto — respondeu Clío, deixando-se cair em uma cadeira com um tom carregado de frustração —. Ele acredita que todas as mulheres devemos nos render a seus pés como se fosse um deus grego ou algo assim. Lúa semicerrrou os olhos, analisand
Lúa inclinou a cabeça, analisando-a com olhos perspicazes, mas decidiu não insistir. Conhecia-a muito bem e estava convencida de que sua amiga acreditava naquilo que dizia. — Bem, espero que algum dia você encontre seu Brayan — cedeu com um pequeno sorriso. No entanto, logo seu rosto se iluminou com malícia, e acrescentou, em um tom zombeteiro —: Para mim, que me deixem com um como Leo. O corpo dele me enlouquece, e se ele não sabe falar, não me incomoda muito. O que importa é o trabalho que faz na cama, k, k, k, k... Clío soltou uma gargalhada sincera, balançando a cabeça. Pensou que sua amiga não tinha jeito. — Você é uma grosseira, nunca vai mudar! — disse, embora não pudesse evitar que um sorriso cruzasse seu rosto. Lúa sempre tinha esse dom de fazê-la rir, mesmo nos momentos mais tensos. — Nada de grosseira — respondeu Lúa, movimentando-se pelo escritório como se a conversa fosse a coisa mais casual do mundo —. Isso você diz porque nunca provou o doce como deve ser. No di
O olhar de Jenri se deteve um segundo nela, sério e analítico, antes de responder com a mesma cortesia, mas com uma frieza que parecia uma barreira intransponível. — Não é necessário, senhorita Lúa, mas muito obrigado pela oferta — disse secamente. Clío levantou uma sobrancelha, observando de canto como sua amiga tentava manter a compostura após a resposta desencorajadora. Sem dar muitas voltas, Jenri acrescentou com profissionalismo: — Agora, sigam-me, por favor. Meu chefe as está esperando. Mais uma vez, o assistente se adiantou, guiando-as com passos firmes enquanto elas o seguiam em silêncio. Lúa mordeu o interior da bochecha, resistindo à tentação de soltar algum comentário para aliviar a incomodidade. Clío, no entanto, não conseguiu evitar um pequeno sorriso irônico nos lábios. — Você deveria anotar como lidar com um bloqueio emocional — sussurrou com humor, inclinando-se para Lúa enquanto caminhavam. — Oh, cale a boca! — respondeu a amiga, visivelmente envergonhada,
Clío engoliu em seco, um leve nó se formando em sua garganta. Sabia que, em teoria, o que eles propunham soava como uma oportunidade incrível. No entanto, algo dentro dela, uma espécie de pulso silencioso, a instava a não se precipitar. Precisava analisar, refletir com calma.Ambos a olhavam com expectativa, como se estivessem certos de que ela diria que sim imediatamente. Mas Clío não tomava decisões apressadas, muito menos quando se tratava de negócios. Ela valorizava a lógica e a preparação acima de qualquer emoção momentânea. Endireitando-se na cadeira, adotou uma postura profissional, decidida a não se deixar levar pelo entusiasmo do momento.— Estou muito lisonjeada por pensarem tão bem de mim, pessoal — começou, escolhendo cada palavra com cautela, para não ferir os sentimentos deles —. Mas vocês me conhecem, sou… complicada para trabalhar. Sou exigente, um pouco inflexível. Às vezes, a frustração me vence e acabo batendo de frente com todos se as coisas não saem como quero.Du
O dia de hoje tem sido exaustivo. Estou pressionada pela quantidade de projetos, e quando pensei que tinha terminado, meu chefe me chamou para substituir uma funcionária que teve um acidente e não pude recusar. É uma reunião muito importante.— Clío, você está atrasada — me pressiona Lúa da porta, com meu vestido em uma mão e os papéis na outra.— Já vou, Lúa, não sei por que o chefe me avisou com tão pouco tempo — digo irritada, sempre é assim com ele.— É que Larisa teve um acidente de carro e fraturou o braço, ela era quem iria. Mas isso para você é fácil — continua Lúa sem parar de me ajudar —. O táxi já chegou.— Está bem, está bem. Me dê o vestido — não consigo acreditar, acho que não vou conseguir entrar nele —. Por que você comprou esse tão justo? E ainda por cima, com um zíper que fecha tudo.— Clío, era o mais elegante que tinham na loja do seu tamanho — responde Lúa sem me ouvir, eu sei que comprou de acordo com o gosto dela, não o meu —. Olha, está perfeito em você, pega o
Entramos em uma sala de reuniões lotada. A maioria são homens que, ao me ver, praticamente me despem com o olhar. Uma moça muito profissional faz as apresentações. Quando sou anunciada, me adianto e faço minha apresentação. Tudo sai muito bem; ao se retirar, os participantes elogiam meu chefe e alguns a mim. — Muito obrigado, Clío, foi, como sempre, um trabalho impressionante —me diz meu chefe, sem perder a profissionalidade. — Obrigada, senhor, estou apenas fazendo meu trabalho —respondo da mesma forma. — Bem, agora que tudo terminou, haverá uma pequena recepção no andar de baixo. Relaxe e vamos. Depois, eu a levarei pessoalmente para casa —me fala respeitosamente, mas nem louca deixo ele me levar; ele pode tentar algo ao nos vermos sozinhos no carro dele. Por isso, me apresso em dizer: — Não é necessário, senhor. Tomarei um táxi. — Posso levá-la, mas se preferir assim, não vou me opor —diz com a mesma seriedade com que me tratou a noite toda.Estou surpresa, realmente esto
Isso deve ser o karma; eu não deveria rir das desgraças do meu chefe. Eu me encosto na parede, correndo, enquanto olho para Leonard, que tenta cobrir a mancha em sua calça enquanto amaldiçoa repetidamente por não poder fazer nada. — Senhorita Clío, aproxime-se, por favor —me chama. — Não posso, senhor, venha você, preciso da sua ajuda —peço quase em súplica. Ele me olha e avança, cobrindo a calça com a mão. — Senhor, eu preciso que me empreste seu paletó —balbucio, olhando para todos os lados. — Meu paletó? —se espanta e nega com a cabeça—. Não posso, senhorita, veja como essa moça me deixou, e ainda tenho que atravessar todo esse espaço até a saída. — Senhor, meu vestido se abriu! —sussurro aterrorizada. — O que quer dizer? —pergunta levantando uma sobrancelha. — O zíper do meu vestido se abriu; estou completamente nua! —repito, amaldiçoando Lua por me fazer isso. —Por favor, me ajude! — Vamos ver, vire-se, talvez não seja tão grave —diz muito sério. — É grave, senh