Luísa
Era noite de Natal e eu estava pronta para fazer meu pedido e esperar que o milagre acontecesse.
Eu sabia que não existia uma estrela cadente no céu de dezembro, mas meu coração acreditava, mesmo assim. Tínhamos combinado de começar a pesquisar sobre adoção em janeiro. Eu sabia que era um processo longo, muitas vezes burocrático e cheio de incertezas, mas torcia — com toda minha alma — para que o nosso caminho fosse um pouco mais leve, mais rápido, mais acolhedor. Eu só queria ser mãe. E queria ser mãe ao lado dele.
Os primeiros a chegarem foram meus pais. Sempre pontuais. Meu pai com aquele sorriso largo, minha mãe com os braços cheios de coisas e o olhar atento como se quisesse garantir que eu estivesse bem — como se soubesse que, por dentro, eu escondia algo.
— Oi, filha. Como você está?
— Estou bem, mãe — respondi com um sorriso sincero, mas contido.
— Trouxe isso pra você — disse ela, me entregando uma pequena caixa com laço dourado.
— Obrigada, mãe.
Logo depois chegaram me