Carolina
Eu já estava desempregada há três meses quando comecei a sentir o peso real do desespero. As contas continuavam chegando, meu currículo rodava por tudo quanto era lugar e, mesmo assim, nada. Eu sabia do meu valor — sou inteligente, esforçada, trabalho bem, aprendo rápido — mas, na prática, nada parecia dar certo. Toda vez que eu achava que ia, vinha a decepção.
Até que apareceu uma vaga de assistente contábil. O salário era justo, tinha benefícios e um horário normal. A vaga parecia feita sob medida. Quando fui chamada para entrevista, respirei fundo e pensei: é agora. E foi.
No meu primeiro dia, descobri que trabalharia diretamente com o advogado da empresa. Detalhe: ele era casado com a filha do dono. Confesso que, de cara, torci o nariz. Pensei que seria mais um daqueles caras metidos, que vive de sobrenome e influência. Imaginava um babaca arrogante que só estava ali por causa do casamento.
Mas bastou vê-lo pela primeira vez para me deixar em dúvida. Ele era bonito, sério