Ainda esperava o desprezo. As palavras cortantes que ele pudesse disparar, me atravessando feito lâmina, completando de vez a minha ruína. O silêncio parecia prestes a explodir.
Apoiada na porta recém-fechada, eu evitava encará-lo. Olhava a bancada da cozinha, o chão, qualquer coisa, menos ele. Alexandre. O homem que eu desejava com cada fibra do meu corpo, mas cuja presença me consumia de medo e contradição. Aquela paixão era um erro, uma loucura... mas era minha.
E onde havíamos chegado já não existia limite algum.
Ele se aproximou sem aviso. Senti sua mão tocar minha nuca, subir com precisão até se firmar em meu pescoço. Me obrigou a olhar. E quando encarei seus olhos escuros, intensos, cravados nos meus, tudo pareceu calar.
— Não poderia me dar esse direito de decidir?
Engoli em seco. O nó na garganta era tão apertado quanto a mão que me segurava. Eu nem sabia se conseguiria falar. Seus olhos me despiam, sua presença me pressionava contra a porta. O calor do corpo dele no meu era i