NARRAÇÃO DE SARA...
Dentro daquele carro, sentia-me como uma garota tentando segurar o riso. O caminho inteiro foi assim: entre olhares e pequenas risadas contidas. Achava adorável sua atitude, e ele, enrubescido, ria comigo — como se fôssemos um casal fora da lei, sustentando em segredo o amor que crescia entre nós.
As bochechas ardiam, divididas entre a vontade de rir e a de beijá-lo. Uma mistura de sentimentos me atravessava, ainda mais por estar a sós com ele, envolvida pelo perfume que se desprendia do casaco repousado em meus ombros.
Quando o carro parou no sinal vermelho, ele me fitou por um instante, depois se inclinou, a mão quente acariciando meu rosto.
— Eu sinto muito pelo susto… não imaginei que meu pai faria uma visita surpresa.
Segurei sua mão e beijei-lhe a palma. O coração disparava no peito. O sorriso dele, antes leve, diminuiu; respirou fundo, como alguém prestes a perder o controle.
— Eu tenho medo de me entregar, Sara… — confessou, num sussurro falhado. — Tenho me