Selene Castiel
O sono não vinha. Nem viria.
O travesseiro tava encharcado — de raiva, de dor, de mágoa, de decepção.
O peito queimava. A cabeça latejava. E o corpo... tremia.
Aquela casa me sufocava.
Aquele teto... aquele cheiro... aquele silêncio... me rasgava inteira.
Levantei. Não.
Levantei não — eu levantei pronta. Pronta pra guerra.
Saí do quarto, descalça, com a seda do robe arrastando no corredor, como quem carrega junto o próprio fantasma. O relógio marcava 2h47. Mas o inferno não tem hora pra começar.
E então...
No corredor que dava pra sala... ouvi.
Vozes.
Sussurros.
Apertei o robe na cintura. Fui.
Pisei firme. Fui até onde o instinto mandou. E quando dobrei...
Ela. Clara.
No sofá.
Sentada. Chorando? Talvez. Mas pouco me importava.
O problema não era o choro dela.
Era ela. Aqui. Nessa casa. Ainda.
Me aproximei. E quando ela percebeu minha presença... se levantou na hora. As mãos trêmulas. O olhar perdido.
— Selene... — a voz falhou.
Cruzei os braços, arqueei a sobran