Maria começou a reclamar de dores na barriga no final da tarde. A princípio, Hugo e Jéssica acharam que era apenas um incômodo passageiro, mas quando a menina ficou pálida e começou a suar frio, o alarme soou em suas mentes.
Jéssica imediatamente pegou o termômetro, enquanto Célia preparava um chá para acalmar o estômago da menina. No entanto, as dores aumentaram mesmo com o chá. Maria começou a chorar baixinho, encolhendo-se na cama.
O instinto de Jéssica foi imediato. Sem hesitar, levou a menina até Mariana para uma consulta. Hugo ficou com os meninos, que se mostraram muito preocupados com a irmã.
— Tia Mari, tá doendo muito — disse a menina entre soluços, segurando a barriga com força.
— Calma, tia Mari vai examinar. Mas relaxa um pouquinho. Deixa eu ver essa barriguinha?
Mariana, cuidadosamente, in
Jéssica aproveitava o tempo em casa para organizar os próprios pensamentos. Havia muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo, e ela precisava entender o que realmente queria para o futuro.O que esperava de um relacionamento? O que estava disposta a aceitar e o que jamais poderia tolerar? A confusão em sua mente se misturava com uma inquietação que ela ainda não conseguia nomear.Às vezes, a sombra de Leonardo pairava sobre ela. Um tipo de feitiço que a impedia de estar inteira na relação.Ao refletir sobre o tempo que passou com Marcelo na viagem e como tudo mudou desde que chegaram, ela percebeu que estava muito mais relaxada quando sabia que aquela relação tinha prazo de validade. Não haveria expectativas, não havia o risco de uma decepção duradoura. Talvez fosse por isso que a insistência de Marcelo a incomodava. Não que não gostasse dele—era lisonjeiro ver o esforço dele para estar com ela—, mas aquela sombra insistente de Leonardo sempre a fazia acreditar que, no momento em que ba
O hospital estava especialmente movimentado naquela tarde. Jéssica terminava de revisar alguns prontuários quando Marcelo apareceu à porta da sala de descanso, segurando um café e exibindo um olhar casualmente interessado.— Precisa de um reforço? — perguntou, estendendo o copo.Ela aceitou com um aceno de cabeça, massageando as têmporas.— Se você soubesse o tanto de coisa que já resolvi hoje...Ele riu e sentou-se ao lado dela.— E se eu dissesse que tenho uma proposta que pode te tirar de toda essa rotina exaustiva?Jéssica ergueu uma sobrancelha, desconfiada.— Eu morreria... Você sabe como amo essa loucura. — Ela estava mais leve e receptiva com ele naquele dia. — O que tem aí? — perguntou, observando o papel que ele trazia nas mãos.Marcelo se inclinou para frente e colocou o documento so
O conflito inicial foi discreto. Nicole até tentou argumentar que gostaria muito de usar o vestido só dessa vez, mas aceitou que não poderia, pelo bem da festa.Trabalhou demais para estragar tudo no primeiro minuto.A festa seguia animada, com crianças correndo pelo espaço decorado e adultos conversando entre si. O brilho nos olhos de Maria demonstrava o quanto ela estava feliz, mesmo achando tudo cafona demais.Jéssica ficou satisfeita ao vê-la se divertir. Apesar do incômodo inicial com o vestido de Nicole, conseguiu desviar a atenção da filha para a festa, evitando um drama maior.Marcelo a observava com um sorriso discreto. Ela estava linda, atenta a cada passo dos filhos, equilibrando-se entre ser mãe e anfitriã. Esperou o momento certo para se aproximar, segurando duas taças de espumante.— Um brinde à aniversariante? — Ele
Jéssica estava deitada no sofá de casa, olhando para o nada. As palavras finais de Marcelo pesavam sobre sua emoção.Ela não estava apaixonada, mas não era assim que gostaria de terminar. Ponderava se ele estaria certo e se sua atitude havia sido errada.Talvez essa história de proteger as crianças a qualquer custo estivesse realmente indo longe demais?Hugo se aproximou com as duas taças de vinho habituais.— Um doce por seus pensamentos. — Ela sorriu, dando um lugar para ele se sentar, e pegou a taça com elegância.— Você está bem? — Ele queria ampará-la. Fazia massagem nos pés dela para manter as mãos ocupadas.Estava se sentindo terrivelmente culpado pela maneira como as coisas com Nicole haviam terminado.— Culpada, envergonhada, ridiculamente egoísta... quer mais? — Ela diss
O parque estava lotado, mas, para Hugo, parecia que só existia uma pessoa ali.Ele fingia se concentrar nas crianças correndo, na música ao fundo, nas conversas que ecoavam ao redor, mas sua atenção sempre voltava para Jéssica.Ela estava linda. O cabelo preso de um jeito despretensioso, os óculos escuros apoiados no topo da cabeça e aquele sorriso que fazia o coração dele acelerar.Seis anos tinham se passado desde que ela e Breno vieram morar com ele, seis anos em que Jéssica fora uma presença constante, mas nunca tão próxima quanto ele desejava.Ele queria dizer. Precisava dizer. Mas como? Essa maldita mordaça o impedia.Hugo sempre foi um homem de atitude, mas, quando o assunto era Jéssica, a coragem vacilava.O medo de que algo acontecesse e os afastasse, que a parceria chegasse ao fim e ele tivesse que se virar sozinho com os
Célia os recebeu com a alegria de quem vê um parente querido.— Finalmente chegaram! Fizeram boa viagem? — Ela tinha um bonito sorriso e uma expressão de felicidade genuína.— Muito bem. O parque é muito legal. — Caio deu um abraço e contou animado.— E eu nadei no mar. Nadei mesmo! Fiz aula de mergulho e tudo. Foi demais! — Foi a vez de Breno mostrar a empolgação.— Foi um bom presente de aniversário. — Maria concluiu um pouco séria. Estava oscilando entre excitação e a necessidade de mostrar que era adulta.— O jantar está pronto, Célia? Estou faminto. — Hugo finalmente se manifestou.— Claro. Podem tomar um banho que já chamo para comer.Jéssica estava aliviada por estar em casa. As mini férias foram eficazes em diminuir a culpa que sentia por Marcelo. Esperava que seu retorno ao trabalho fosse mais tranquilo e com menos especulação.Hugo também se sentia mais leve e pronto para encarar seus fantasmas. Queria entender bem seus sentimentos e buscar a felicidade que ele sabia merecer.
Leonardo mal conseguia se esquivar dos golpes. Não imaginava que Jéssica fosse capaz de uma coisa dessas.Com muita dificuldade, conseguiu conter as mãos dela. O cabelo desarrumado e o lábio sangrando mostravam que ele levou a pior nessa batalha.— Chega! Não é assim que se recebe o seu marido. — Ele não perdeu o ar autoritário e imponente.— Solte-a! — Hugo se aproximou ameaçadoramente, pronto para defender Jéssica como fosse necessário.— Leonardo, você não é meu marido desde o dia em que me abandonou e me roubou! Você não tem direito nenhum. Saia da minha casa! — Jéssica se livrou do aperto. Sua respiração ofegante não se acalmou com o fim das agressões.— Sou seu marido, sim. Estamos casados. Tenho todo o direito de estar aqui. Mas não quero confus&atild
Jéssica mal conseguiu se concentrar nesse parto. O que a ajudou foi o fato de que já era o quinto filho dessa mãe e o bebê praticamente saiu sozinho.— Muito bem. Foi bem rápido. — disse ela, amparando o bebê ainda ligado ao cordão umbilical. O professor Paschoal estava monitorando-a naquele dia.Depois do parto, ele foi falar com ela.— Você está distraída hoje, Jéssica. O que houve? — Ele foi direto ao ponto.— Problemas pessoais, professor. Vou me esforçar mais para manter a qualidade no atendimento. Me desculpe. — Ela abaixou a cabeça, esperando uma grande bronca.— Vá fazer atendimentos no consultório. Temos poucos casos hoje. Milena assume as cirurgias.Jéssica estranhou a reação dele. Por mais que parecesse um castigo para os outros, ela entendeu como uma ajuda.&md