Jéssica nunca imaginou que aos 18 anos, sendo mãe de um menino, teria sua vida virada de cabeça para baixo. Seu casamento com Leonardo, um músico encantador, mas interesseiro, já era um desafio, mas tudo desmorona quando ele desaparece — levando todo o dinheiro e deixando para trás apenas mentiras e traição. Hugo tinha tudo: uma família perfeita, um negócio próspero e uma esposa que transformou em estrela da internet. Mas o que ele não sabia era que Clara, sua esposa, compartilhava mais do que segredos com Leonardo. Juntos, os amantes fogem sem olhar para trás, deixando um rastro de destruição. Sem escolha, Jéssica e Hugo se unem para proteger seus filhos e reconstruir suas vidas. Seis anos depois, a paz que conquistaram está prestes a ruir. Leonardo e Clara estão de volta, prontos para reivindicar tudo o que abandonaram. Mas há algo que Jéssica e Hugo não perceberam ao longo dos anos: a conexão entre eles vai muito além da amizade. E agora, para proteger o que construíram, precisarão lutar contra o passado… e contra sentimentos que talvez não estejam mais dispostos a negar. Porque, às vezes, só percebemos o valor de algo quando estamos prestes a perdê-lo.
Leer másJéssica estava concentrada, preenchendo o sistema com as informações dos pacientes, quando foi surpreendida pela voz suave de Jonathan atrás dela.— Trabalhando muito, doutora?Ela se virou com um sorriso cansado.— Sempre. Mas hoje o sistema resolveu colaborar, então estou adiantando tudo antes que mude de ideia.Jonathan se sentou em uma das cadeiras ao lado, deixando o crachá pendurado no pescoço balançar levemente.— E em casa, como estão as coisas? Faz tempo que não vejo os pequenos.Jéssica suspirou fundo, sem conseguir disfarçar o cansaço emocional.— Complicadas. Desde que o Leonardo apareceu, a dinâmica da casa mudou muito. Ele semeou tanta discórdia que as crianças se sentem o tempo todo injustiçadas... Ninguém fala, mas fica evidente que é isso que todo mun
Leonardo sentia o ar mais leve desde a discussão com Clara. Pela primeira vez em anos, não havia nada a perder em sua decisão — apenas a convicção de que precisava mudar de rumo.A conversa tensa, os olhos dela faiscando de ódio, as palavras cortantes... tudo ainda ecoava em sua mente. Mas ele não voltaria atrás.Na manhã seguinte, convocou uma reunião emergencial com a equipe da turnê.— Quero encerrar mais cedo — sua voz era firme, o olhar decidido. — Tenho algo importante em Campinas daqui a algumas semanas, e não vou chegar em cima da hora. Quero estar lá com tempo, quero estar inteiro.Ninguém ousou questionar. Mas sabiam que Clara reagiria.Ela apareceu minutos depois, os saltos ecoando como uma marcha de guerra pelo corredor. Entrou sem bater, os olhos vermelhos, porém frios.— Desculpem o atraso. Qual &e
Leonardo encarava Clara, com as emoções fervendo. Como ela tinha coragem de tomar uma decisão dessas sem falar com ele?Clara estava sentada no sofá, calculando mentalmente como convencer o marido, mas agia como se o mundo estivesse perfeitamente em ordem.— Precisamos conversar — disse, sem rodeios, fazendo um sinal para dispensar a equipe. — Já falei com a Amanda. Assim que voltarmos, vamos direto para São Paulo. A casa já está organizada.Leonardo franziu a testa.— Como assim? Eu não falei que queria voltar para São Paulo.Clara suspirou, como quem fala com uma criança teimosa.— Léo, a temporada em Campinas não fez bem para a gente. Desde que fomos para lá, tudo virou uma confusão. Processos, fofocas, uma possível exposição desnecessária... Eu só quero recuperar a paz
Leonardo largou a guitarra no suporte e desceu do palco, sentindo o suor escorrer pelo rosto e a garganta arranhada pela entrega.O show havia sido um sucesso estrondoso; a multidão ainda gritava seu nome lá fora, mas, por dentro, ele carregava um vazio que nem toda aquela energia conseguia preencher.No backstage, as palmas ainda ecoavam quando algumas crianças, segurando bloquinhos e canetas, se aproximaram, tímidas. Nick sorriu, incentivando-as a chegar mais perto.— Olha só quem veio pedir autógrafo, Leo — disse ele, piscando para o amigo. Leonardo sorriu, cansado, e se agachou para assinar os papéis. Seu sorriso era gentil, mas seu coração doía.Queria muito que o filho estivesse ali.Uma menininha de olhos castanhos o abraçou apertado, e ele quase perdeu o equilíbrio.— Obrigado, mocinha — ele disse, tocando delicadamente o cabelinho dela. Clara, que vinha logo atrás, cruzou os braços e fez uma careta de desag
— O que você pensa que está fazendo, Leonardo?Do outro lado, o silêncio foi curto.— Eu só queria saber como ele está... Por que você está atendendo o telefone do meu filho? — Leonardo respondeu, com uma ponta de hesitação.— Seu filho? Quem te autorizou a dar um celular para uma criança? Aliás, quem te autorizou a ficar perto do meu filho? — Jéssica não ia disfarçar a irritação.— Jéssica, eu não preciso de autorização para ficar perto do meu filho. E tenho todo o direito de dar um presente a ele. Qual o problema?— O problema, Leonardo, é que existem limites para presentes. O Breno é uma criança de seis anos! Não tem autorização para ter um celular. Eu tive que tomar o aparelho dele. Só esse o problema.
Jéssica e Hugo permaneceram sentados no sofá da sala, olhando um para o outro em silêncio. O som ambiente, a taça de vinho, os pijamas confortáveis de praxe não conseguiram amainar os nervos culpados.O jantar ficara marcado pelo silêncio das crianças – o garfo de Caio mal se movia entre as batatas, e o rosto emburrado de Maria deixava clara a tensão no ar.Cada vez que os olhos de Breno se encontravam com os de Jéssica e Hugo, havia ali um lampejo de raiva contida, de questionamento silencioso.— Eles não disseram quase nada no jantar — Hugo sussurrou, rompendo finalmente o silêncio, a voz grave com o cansaço. — E aqueles olhares… Parecia que nos culpavam por alguma coisa.Jéssica pousou uma mão no braço de Hugo, num gesto terno que mal cabia dentro das cinco palavras que lhe escaparam:— Eu sei. — Ela dei
Quando Jéssica e as crianças chegaram em casa, o clima estava tenso, como uma guerra prestes a estourar. Ela entrou, deixando as portas baterem com força enquanto Breno, com o celular nas mãos, tentava evitar o olhar dela.— Breno, preciso que me entregue esse celular — Jéssica pediu, tentando esconder a irritação. O menino não tinha culpa do que estava acontecendo.O garoto balançou a cabeça, agarrando ainda mais forte o aparelho.— Não quero. É um presente, mãe. Ele disse que não tem problema, que posso ficar com ele. Não é justo! Eu sou o único que não tem um celular na sala. Só eu!Caio, que estava perto, interveio imediatamente.— É verdade! Se o Breno vai ficar com um, eu também quero um. É injusto que a Maria tenha o dela e a gente não.Ma
Leonardo observou Breno com atenção, tentando entender o que havia por trás da resistência do garoto em aceitar o celular. Ele podia perceber que algo não estava bem; uma oportunidade se abria diante dele. Aproveitar aquele momento para criar um laço mais forte com Breno, mesmo que Jéssica tivesse que sofrer com isso.— Eu sei que você saberá usar esse celular. E isso aqui... — Leonardo começou, baixando um pouco a voz, como se estivesse compartilhando um segredo. — Ele não é só um presente. É uma maneira de eu poder estar mais perto de você, sabe? Você não acha que seria legal poder me ligar quando quiser? Falar sobre a escola, as coisas do seu dia?Breno olhou para o celular, hesitante, com os olhos grandes refletindo um misto de curiosidade e dúvida. Ele já tinha pedido para ter um celular, mas os pais sempr
Leonardo ficou um pouco decepcionado pela resposta cheia de ironia de Jéssica. Ele se expos e ela fez pouco caso.Poderia encerrar a conversa, mas teve uma outra ideia.— Eu posso levar o Breno? Adoraria que meu filho me visse cantando...— Leonardo, você falando assim eu tenho a impressão de que está querendo saber se eu sou idiota.— O que?! Não é nada disso!— Leonardo entenda. Se eu pudesse eu te impedia de ver o Breno na rua. Se eu tivesse o poder de fazê-lo não reconhecer o meu filho nem se ele estivesse pintado na sua frente eu faria isso. Por que eu te odeio. Não deixar você levar meu filho a lugar algum e não vou te seguir nem até a esquina.Leonardo foi pego desprevenido por uma sinceridade tão visceral. Jéssica estava ferindo os sentimentos dele sem pensar duas vezes.— Me odeia? Como assim me o