Por um momento me senti perdida, no meio de tantas pessoas, vozes vindo de todas as partes. Me sentia num verdadeiro mar humano, enquanto meu coração batia desenfreado em meu peito. Apesar de não ter certeza sobre o que estava prestes a fazer, minha decisão, estava me movendo na direção que achava certa e que esperava não me arrepender. Deixo o troco com motorista, andando em passos largos, esbarrando em uma senhora que estava prestes a entrar no Mayo Clinic assim como eu, peço desculpas rapidamente e atravesso o saguão da recepção, indo direto para o balcão, aonde havia uma mulher menor que eu.— Posso ajudar? — Ela pergunta, quando nota que estou recuperando o fôlego, olhando atentamente para os lados, numa tentativa de ver Jonah.— Dr. Jonah Harris — digo quando finalmente consigo falar, respirando pelos meus lábios entre abertos — Está no hospital?— Dr. Jonah Harris — O olhar dela vai para o computador, aonde digita facilmente o nome do cardiologista, e
Suspiro profundamente antes de abrir os olhos, olhando para a janela, cuja cortina bege fina, não impedia que o sol entrasse. Meus olhos se sentem hipnotizados por a luz que entrava por ali, me sentia hipnotizada todas as manhãs e muitas vezes me questionava por quê mas, sempre acabava não me importando com uma resposta. Parecia que havia passado anos, mais só fez um mês. Um mês desde que sai do apartamento de Tyler e simplesmente não disse para aonde iria, deixando Beth e Tyler cheios de perguntas. Continuava no jornal, mais com um horário flexível agora e preferia o home office, aonde tinha a melhor companhia: Oliver. Demorei alguns dias para perceber que tinha tudo o que eu sempre queria bem ali, naquela casa. Tinha a melhor companhia diariamente, alguém que se importava comigo e me amava sem termos carnais, era assim que eu descrevia a minha relação com Jonah; Ele fazia questão de cuidar de mim em suas folgas do hospital, em estar comigo e Ollie
Brian Harris. Brian Harris. O nome repete diversas vezes em minha cabeça, a medida que ando em passos largos e rápidos. — Vou me casar com Brian Harris, Rebeca — A voz de Beth se torna cada vez mais alta em minha mente — Irei me casar. Com Brian Harris — Beth praticamente usa todas as palavras possíveis, para que eu entendesse. Fecho minhas mãos com força, tentando fazer com que parasse de esfregar aquela loucura na minha cara, mas era impossível. Saio abruptamente do elevador, ignorando algumas pessoas que me cumprimentavam a medida que avanço pelo extenso cômodo, com diversas mesas em seus próprios espaços invisivéis. Algumas pessoas me olhavam atentamente, talvez pelo fato de estar andando como se estivesse com pressa ou procurando alguém, realmente estava procurando alguém: Beth. Meus olhos vagam por todo espaço, com boa parte das mesas ocupadas, além de ter pessoas transitando de um lado para o outro, o que dificultava a minha busca.
Ainda não tinha certeza do que estava procurando, quando decidi a ir naquele lugar. Num banco traseiro de um táxi, sem ao menos ter olhado direito para o motorista, reuni o máximo de informações que encontrei em jornais, inclusive no jornal que trabalhava, sobre a morte de Elena há cerca de dois meses atrás. Em pé diante da mansão de Brian Harris, encaro o portão branco, ignorando as câmeras de seguranças viradas para mim. Caminho lentamente de um lado para o outro, olhando atentamente a rua, percebendo que todas as casas dali, tanto as vizinhas daquela mansão e as que estavam em frente, tinham câmeras de segurança. O que era um detalhe importante. Segundo os jornais, Elena estava saindo de casa, por volta dás 21h45 da noite, quando foi abordada e obrigada a sair do veículo, a menos de dois metros da mansão. Lembro mentalmente, olhando novamente para a mansão, antes de calcular a distância, notando que não era uma distância muito grande.
Aperto a campainha com força, repetindo o gesto diversas vezes, irritando até mesmo os vizinhos, que saem de seus apartamentos sem entender todo aquele barulho. Ignoro seus olhares em minha direção, continuando a apertar o pequeno botão, até que a porta abre de repente, me assustando. Beth estava molhada, enrolada em uma toalha. Havia sabão em seu corpo ainda, inclusive shampoo em seu cabelo, seu cenho franzido e seus olhos me varreram de cima a baixo, como se não esperasse por mim. E é claro que não esperava.— Oi — digo quando ela não diz nada.— Oi — Ela responde, ainda segurança a maçaneta da porta, me olhando.— Posso entrar? — Resolvo perguntar, quando ela mais uma vez fica em silêncio.— O apartamento não é meu, mas pode — Dito isto, ela volta para o interior do apartamento e fecho a porta atrás de mim, me mantendo encostada na mesma, enquanto meus olhos vagam pelo cômodo em minha frente. Estava tudo em seu devido lugar, Tyler não havia comprado
— Senhora — Ignoro a voz direcionada para mim, atravessando o saguão da empresa de Brian. Meus passos são rápidos enquanto andava em direção do elevador, sentindo um dos seguranças logo atrás de mim. Por sorte, as portas do elevador se fecham no exato momento em que ele iria me deter. Eu sabia que era questão de segundos, para que os demais seguranças que haviam naquele luxuoso prédio, estivessem a minha espera em algum dos andares. Se Brian achava que permitiria facilmente que Beth caísse em suas garras, ele estava muito enganado. O mundo inteiro poderia se iludir com a imagem que ele passava, mas eu era a única pessoa que o conhecia muito bem, que sabia que não havia limites para ele. Brian acreditava que tinha o mundo em suas mãos, assim como as pessoas. As portas do elevador abrem assim que um breve barulho soa, antes mesmo que eu saísse um segurança vem a minha espera, falando com alguém por um pequeno rádio.— Boa noite, senhora —
Eu não queria estar ali e isto ficou óbvio para mim, assim que desci daquele táxi.Deveria ter ido embora? Deveria, naquele mesmo instante ou poderia ter evitado isto, muito antes disso, muito antes de entrar naquele táxi e até mesmo confirmado a minha ida. Era loucura definitivamente a acredito que ninguém em sã consciente, pouco mais de um mês depois de tudo que aconteceu, que me resultou em uma breve depressão forte e crises de ansiedade, aceitaria ir no noivado de sua amiga e do homem que detestava. Não sei o que quis provar para mim, depois de receber aquele convite com letras douradas perfeitas e o reler várias e várias vezes. A verdade é que naquele momento, com o nome de Brian ao lado de uma mulher que mesmo que eu sentia que conhecia, parecia uma desconhecida, não me fazia sentido algum a comemoração daquela nova etapa. Como assim?, me questionei, com meu coração sem acreditar no que estava em minhas mãos. Era uma pegadinha, concluí menos de um minuto de
Brian estreita os olhos, sustentando o olhar de Jonah. O silêncio era absoluto, mesmo eu sabendo que havia outras pessoas ao nosso redor.— Do que você está falando? — A voz de Brian soa séria, ameaçadora.— Da Elena — diz Jonah sem ao menos pensar e é neste momento que dou conta de que tínhamos um possível problema, bem diante dos nossos olhos.— Jonah — digo segurando em seu antebraço, tentando fazer com que continuasse a andar para fora dali. Sem dúvida havia sido um erro ir até ali, pelo menos eu, não deveria ter ido provar nada para mim ou ver com meus próprios olhos a decisão que Beth havia tomado. Aquele último mês havia ficado mais do que claro para mim. Beth não se importava com as opiniões alheias e nada parecia forte o suficiente para mudar sua decisão.— O que tem a Elena, Jonah? — Brian pergunta devagar, tencionando o maxilar. Puxo novamente o braço de Jonah, numa última tentativa, mas o mesmo parecia assim como Beth, determinado em contar toda