Capítulo 2 — MICHAEL

Michael Williams:

Os problemas pareciam me perseguir, como se fosse uma forma de me fazer sofrer pelos meus atos do passado. Era uma noite de quinta-feira, havia acabado de sair de uma palestra extremamente entediante, quando decidi ir até um bar próximo. Antes que eu pedisse a princesa dose, Lilian estava me ligando e enviando fotos nuas, esperando que eu a respondesse e quem sabe fosse dela esta noite também.

"Lilian…" — eu realmente estava cheio, tive um dia péssimo, e como se isso não bastasse, Lilian me ligava somente para querer sexo e luxúria.

"Michael, você não me parece nervoso quando está dentro da minha boca." — sua voz se tornava cada vez mais irritante e todos os dias eu me perguntava o que eu fiz para merecer isso, ou porque eu não sei onfora enquanto podia.

"Já conversamos sobre isso, Lilian. Não existe mais nós dois, existe apenas eu e você. Eu quero vê-la bem, mas não damos mais certo, afinal, nunca demos certo, apenas conviviamos juntos e…"

"Não preciso da sua ajuda, nem do seu dinheiro, eu só quero você e mais nada, Michael. Às vezes parece querer complicar as coisas entre nós. Não vê que fomos feitos um para o outro? Nós dois nos merecemos, meu amor!"

"Até mais, Lilian." — decidi não beber por ora, então fui para casa.

Estava chovendo, as ruas vazias e muito nublado, não dava para ver muito bem quem estava passando, foi então que eu bati em alguém…

O airbag foi acionado, então sai o mais rápido que pude e vi o corpo magricela jogado no chão, bem no meio de uma poça d'água, mas a água já estava vermelha pelo sangue que foi derramado. Me aproximei rápido, pegando o corpo miúdo do chão e levando até o carro o mais rápido possível.

— Você está bem? Eu vou levá-la ao hospital. — e o que parecia não viver mais, soltou em murmurinhos algumas palavras que eu não entendi bem, porém retruquei. — Deveria olhar melhor por onde anda!

— Não preciso de hospital. Preciso ir para casa. — ela era teimosa, mas não era hora de contrariar ela, sua situação estava precária.

— Onde você mora?

— Rua Dairo, 455. É virando a esquerda! — por um momento nossos olhares se cruzaram, despertando em meu corpo leves arrepios.

— Eu sei onde fica. — por um segundo, e pela primeira vez, percebi que havia falado rude com alguém novamente, mas ela não parecia se importar.

O silêncio era perturbador, mesmo sentindo dor ela não falava nada, nem fazia nenhum barulho. Preocupado, olhei para trás e a vi chorando, mas sem expressão alguma. Ela era bonita, mas agora estava suja e arrebentada, por minha culpa. Não posso deixá-la dessa forma.

Parei o carro e na esquina, e olhei para trás, tendo uma fodida visão dos seus seios arfando, enquanto ela tentava se segurar para erguer o corpo e abrir a porta.

— Me deixe aqui, por favor. — vagarosamente ela saiu, me olhando e dizendo suas últimas palavras. — Você errou em não me matar. — sorriu fraco e saiu andando torto, deixei o carro ali mesmo e fui seguindo ela.

A rua era deserta, as pessoas que ali estavam, era apenas para fazer use de drogas, ou sexo nos becos escuros.

Sua casa era moderna, porém, não havia cuidados. O portão estava enferrujado, a grana alta e as árvores estavam cobrindo a frente da casa. A garota entrou e logo em seguida ouvi um tapa, não podia ser o que eu estava pesando!

— O que houve com você, sua vadia? Saiu de casa inteira e volta rosa quebrada, quer que façamos alguma coisa por você? Pois sabe que terá que arcar com as consequências… — a voz era feminina, mas quem deveria ser para falar desta forma com tamanha autoridade. — Afinal, tava tentando tirar a vida outra vez?

— Eu nunca tentei tirar minha vida, não sou tão idiota como vocês. E eu estava andando distraída e caí em um bueiro, quando estava voltando de uma festa. — sua voz doce e calma era atraente, porém triste.

— Então deve está com dinheiro! Ou será que isso foi apenas uma queda? Será que não foi alguém que te arrebentou por aí? — desta vez, a voz máscula gritava, como se fosse partir dali para pior. — Quando eu estiver falando com você, olhe para mim, está me entendendo?

— Sim, pai! — então aqueles eram os pais dela?

Não seria egoísta ao ponto de ficar apenas ouvindo seu sofrimento sem fazer nada…

— Eu gostaria de falar com a filha de vocês! — disse após uma senhora magra e alta, de cabelos grisalhos presos em um rabo de cavalo abriu a porta.

— Émie não está, se quiser falar com ela, ligue para ela! — antes que a senhora pudesse fechar a porta, coloque o pé para bloqueando que a mesma fosse fechada.

— Eu perdi o celular, perdi também seu número. Poderia anotá-lo para mim? Posso pagar por esse favor!

Não foi difícil, em menos de dois minutos eu estava com seu número anotado em um pedaço de folha de caderno. Lhe entreguei uma nota de cem dólares, o que enlargueceu seu sorriso, me despedir e fui embora.

Minha consciência estava pesada por não ter feito nada, apesar de que eu estivesse funcionando no automático. Estava com os pensamentos confusos, Lilian conseguiu bagunçá-los de uma forma inexplicável.

Não saí dali antes de ter certeza que aquele era realmente seu número de telefone, então liguei, e ao ouvir sua voz, desliguei rapidamente.

(...)

— Boa noite, Michael. Como não houves comunicação, eu fui embora ontem a noite e estou chegando agora. Algum problema? — Rose era a minha luz, era ela que eu procurava em meio ao caos. Ela sempre estava ao meu lado, e quando eu vim morar sozinho, ela decidiu que quiria vir comigo. Era minha mãe nas horas vagas, quando minha mãe estava trabalhando.

— Tudo bem, Rose. Se não for incômodo para você, queria lhe dar umas férias, quantos dias você quiser. Tem que haver alguma coisa que tenha vontade de fazer, sei lá… visitar alguém, ou algum lugar. — eu queria um tempo pra ficar sozinho, ela não me incomodava, mas estava ali todo o tempo.

— Eu vou adorar ir visitar sua avó, eu lamento pela sua mãe, mas vai ficar tudo bem. — seus braços me envolveram em um abraço quente e confortável. — Qualquer coisa pode me ligar, ou se quiser apenas conversar.

— Obrigada, Rose.

Ela não demorou muito, dentro de meia hora, Rose arrumou suas malas e estava esperando o táxi para levá-la. Havia mil e um pensamentos em minha cabeça agora, mais da metade dele eram em Émie. Eu precisava saber como ela estava, mas sua mãe mentiu ao dizer que ela não estava, ao menos eu agora tinha o seu número.

Tomei um banho gelado e antes de fazer qualquer outra coisa, pela primeira vez sentiu que deveria ligar para alguém. Se aquela garota morresse por minha culpa, jamais iria me perdoar, além de que, não me conformei com as coisas que ouvi em sua casa.

Disquei os número e não demorou muito para que ela atendesse…

"Alô! Quem é?" — sua voz estava baixa, como se tivesse atendido por obrigação ou esperando algo.

"Oi… sou eu! Só quero saber se está tudo bem com você. Fiquei preocupado com estado, nunca vi alguém recusar ajuda após ser atropelado."

"Estou bem. Agradeço pela preocupação, mas não será necessário se preocupar com isso. Foi distração minha."

"Tudo bem… se precisar de alguma coisa, ou ainda quiser ir ao médico, pode retornar a ligação. Se eu puder ajudar com algum val…" — é… ela era menos paciente que eu.

Antes que a ligação fosse encerrada, ouvi um grito onde ela estava, então ela desligou. Alguns minutos se passaram, mas não houve retorno de sua ligação, não liguei mais, pois não havia mais nada para dizer naquele momento.

Com Rose longe, agora poderia ficar um pouco mais em algumas coisas em casa, já que estive ausente na maior parte do tempo. Faltam apenas duas semanas para começar um novo semestre e eu estou completamente louco.

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