Capítulo 17 - Silêncio na Galeria

“ Eu não te amo pelo o que me dá, mas por quem você é quando me olha.”

Clara Vasconcelos 

A luz da manhã atravessava os vidros altos da galeria envidraçada, pintando o chão de mármore com tons dourados e pálidos, mas, para mim, tudo parecia sem cor. Eu estava sentada àquela mesa imponente, longa demais, fria demais, feita de madeira escura polida, tão distante do aconchego de qualquer lar. O som dos talheres já havia cessado, o murmúrio dos empregados se perdeu, e o silêncio agora era tão profundo que quase me sufocava.

A xícara de café à minha frente soltava um fio tênue de vapor, intocada. Os pratos dispostos com perfeição, frutas cortadas com precisão, croissa

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