Capítulo 8

Capítulo 8

Armand Dumont entrou no salão com passos firmes, olhando ao redor com atenção.

Seus olhos logo encontraram sua filha.

Alana, deslumbrante como uma princesa, descia com graça ao lado de Leonardo. O vestido azul-marinho moldava sua silhueta elegante, e seu sorriso iluminava o ambiente mais do que qualquer lustre.

Por um momento, Armand prendeu a respiração. A imagem de sua falecida esposa, Clara, misturou-se à da filha. Alana havia herdado toda a beleza da mãe, o mesmo brilho no olhar, a mesma postura altiva e delicada. Um nó se formou na garganta dele.

Dez anos se passaram desde que perdera Clara, mas a dor ainda era um fantasma silencioso, rondando seu peito. Desde então, dedicou cada segundo da vida à sua princesinha, zelando por ela com uma proteção quase exagerada. Talvez tenha se tornado um pai coruja demais, mas a ideia de vê-la sofrer, ainda que por um simples arranhão, o aterrorizava.

Aos cinquenta anos, Armand continuava um homem de presença imponente: alto, bonito, o corpo ainda em forma. As mulheres se atiravam sobre ele, interesseiras, os olhares mais focados na sua conta bancária do que em seu coração. Não, para ele, o amor verdadeiro tinha partido junto com Clara, e não via chance de reencontrá-lo.

Enxugando discretamente a emoção que ameaçava transbordar, Armand atravessou o salão e se aproximou de Alana com um sorriso caloroso.

Sem dizer uma palavra, envolveu-a em um abraço apertado e carinhoso, depositando um beijo leve em sua testa.

- Te amo, minha querida. - murmurou, a voz embargada de amor.

Alana retribuiu o abraço com um sorriso doce, apertando-o contra si como se também sentisse que, naquele gesto, estavam anos de histórias, promessas e proteções silenciosas.

Leonardo, que havia parado discretamente a poucos passos, assistia à cena com respeito e uma ponta de emoção nos olhos.

Vê-los ali, pai e filha, tão conectados, tão sinceros em seus sentimentos, trouxe à tona memórias esquecidas da própria infância, lembranças distantes de abraços calorosos que já não sentia há muito tempo.

Involuntariamente, seus olhos suavizaram. Alana parecia ainda mais linda naquele momento, não apenas pela aparência deslumbrante, mas pela ternura que irradiava. Era como se, por trás da mulher forte e determinada que comandava uma empresa, existisse uma menina protegida por um amor incondicional.

Ele desviou o olhar para não parecer invasivo, ajeitando a manga do paletó enquanto tentava recompor a expressão. Era estranho como ela conseguia, sem nem ao menos tentar, bagunçar o que ele sentia.

Armand soltou Alana aos poucos, sem deixar de passar a mão de leve no cabelo dela, em um gesto automático de carinho.

- Vamos aproveitar a festa - disse Armand, animado, piscando para a filha. - Você está maravilhosa, minha princesa.

Alana sorriu com doçura, ajeitando de leve a saia do vestido, enquanto Leonardo permanecia discretamente ao lado.

Armand então se voltou para ele, estendendo a mão de forma firme e imponente.

- Leonardo, não é? - disse com um leve sorriso que não suavizava completamente seu olhar de vigilância.

- Sim, senhor - respondeu Leonardo, apertando a mão de Armand com respeito, mantendo a postura ereta.

Antes que pudesse dizer algo mais, uma voz feminina soou atrás deles.

- Alana! - Uma mulher elegante, de cabelos loiros e curtos, se aproximava com um sorriso radiante. - Que bom te ver aqui!

Alana, educada, virou-se imediatamente para cumprimentá-la, afastando-se alguns passos, envolvida na nova conversa.

Armand, percebendo que estavam momentaneamente a sós, inclinou-se um pouco em direção a Leonardo, baixando o tom de voz:

- Está sendo uma distração, Leonardo.

Leonardo piscou, confuso.

- Senhor?

O olhar de Armand era sério, mas havia um brilho oculto de provocação.

- Estou de olho em você - completou, em tom grave, deixando a ameaça no ar como uma névoa pesada.

Leonardo engoliu seco, sentindo o peso daquelas palavras. Se antes já queria impressionar a chefe, agora sabia que também precisava provar ao pai dela que era digno de confiança, ou, ao menos, que não era uma ameaça.

Tentou disfarçar a tensão endireitando novamente os óculos e soltando um leve pigarro, enquanto observava Alana de longe, sorrindo e conversando, tão natural e encantadora que fazia o mundo ao redor parecer girar mais devagar.

Armand pousou a mão pesada sobre o ombro de Leonardo, apertando com firmeza, firme demais para ser apenas um gesto amistoso. Leonardo sentiu a pressão atravessar o tecido do paletó e mordeu discretamente o lábio para conter a careta de dor.

- Mantenha suas calças no lugar - murmurou Armand com um meio sorriso carregado de intenção.

Leonardo piscou, sem saber se o homem estava brincando ou lhe passando um recado sério, provavelmente as duas coisas. Endireitou a postura, ainda com o ombro dolorido, e assentiu rapidamente, tentando demonstrar respeito e total inocência... mesmo que, lá no fundo, o nervosismo começasse a corroer sua compostura.

Armand deu uma última apertada, como se estivesse marcando sua posição, e soltou-o, deixando Leonardo recuperar o fôlego discretamente.

Enquanto o veterano empresário se afastava para conversar com outros convidados, Leonardo passou a mão no ombro dolorido e soltou um suspiro discreto.

"Essa noite promete..." pensou, lançando um olhar discreto para Alana, que agora sorria para alguém do outro lado do salão, iluminando tudo ao seu redor.

Leonardo ainda massageava discretamente o ombro quando escutou a voz doce de Alana chamá-lo:

- Leonardo... - disse ela, num tom baixo e convidativo. - Fique aqui perto de mim.

Ele não pensou duas vezes. Atravessou o espaço entre eles, atento para não esbarrar em ninguém. Parou ao seu lado, mantendo uma distância respeitosa, mas o suficiente para mostrar que era quem estava acompanhando-a naquela noite.

Alana sorriu de canto, satisfeita. Estava confortável com ele ali, como uma espécie de muralha silenciosa que a protegia dos olhares mais ousados do salão.

Mas o momento tranquilo durou pouco.

Logo Armand surgiu, caminhando decidido, acompanhado de um homem alto, forte, de aparência séria e olhar atento. Leonardo reconheceu o tipo na hora: segurança particular.

- Filha - chamou Armand, parando diante dela. - Quero que conheça o Théo.

O segurança, vestindo um terno preto impecável, inclinou levemente a cabeça em sinal de respeito.

- Théo será seu guarda-costas pessoal a partir de hoje - completou Armand, a voz grave e firme.

Alana arqueou as sobrancelhas, surpresa, enquanto Théo mantinha a postura rígida, como uma sombra pronta para agir.

Leonardo, ao lado dela, observava tudo em silêncio, sentindo uma leve tensão se instalar no ar. Não sabia exatamente qual seria seu papel agora que havia um segurança oficial ao lado dela, mas uma coisa era certa: não deixaria de protegê-la, de um jeito ou de outro.

Alana cruzou os braços, a expressão firme, mas não hostil.

- Então você vai me seguir por todos os lados? - perguntou, divertida e levemente desafiadora.

Théo apenas sorriu de canto, profissional.

- Onde a senhorita for, estarei por perto.

Armand, satisfeito com a introdução, deu um tapinha amigável no ombro do segurança e olhou para Leonardo de relance, como se estivesse mandando um recado silencioso:

"Agora ele está aqui também. Se comporte."

Leonardo manteve o semblante neutro, mas por dentro, um turbilhão de sentimentos começava a se formar.

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App