Capítulo 112
Théo entrou na delegacia com passos lentos, usando óculos escuros, barba por fazer, boné surrado e uma blusa larga que o fazia parecer um homem comum, cansado da vida. O gel no cabelo mantinha os fios presos para trás, reforçando sua fachada de “civil estressado”.
— Eu não aguento mais! — disse ao policial do balcão, batendo com a palma da mão na madeira. — É cachorro latindo, música alta, som de carro, briga de casal… Eu trabalho de casa, estou à beira de um colapso nervoso!
O atendente arregalou os olhos, um pouco assustado, e antes que pudesse responder, uma voz grave soou atrás deles:
— O que está acontecendo aqui?
Théo virou-se devagar e viu o detetive Xavier Muniz, alto, elegante demais para uma delegacia, com um sorriso falso no rosto.
— Deixa comigo. Eu resolvo isso — disse Muniz.
Théo escondeu um leve sorriso. Era exatamente isso que ele queria. Já conhecia o rosto do canalha. Xavier Muniz, o detetive corrupto que agora estava na sua mira. Sempre um passo à frent