POV ALICE KIM

A chave girou na porta do apartamento com um clique baixo. Entrei.

O som da rua ainda vibrava nas minhas costas. Trânsito, buzinas, risadas aleatórias que pareciam vir de outro planeta. Um planeta onde tudo era fácil. Limpo. Leve.

Mas aqui dentro?

Era outro fuso emocional.

Joguei a bolsa no sofá, tirei os sapatos, e fui direto pra cozinha. Água gelada. Duas mãos trêmulas. Um coração batendo no ritmo de uma contagem regressiva.

O celular vibrou no bolso.

Tela acesa.

Nome que me apertou a garganta.

아빠. (Appa. Pai.)

Fazia dias que ele não ligava. A diferença de fuso horário deixava a gente desencontrando as palavras, as confissões, os silêncios.

Atendi.

— 여보세요? 아빠... (Alô? Pai...)

A voz dele veio do outro lado do mundo, quente e firme, como um cobertor que eu não sabia que precisava.

— 우리 딸, 괜찮아? 얼굴 보고 싶었어. (Minha filha, tá tudo bem? Queria ver seu rosto.)

Fechei os olhos.

— 괜찮은 척 하고 있어요. (Tô fingindo que sim.)

Ele deu aquele risinho. Aquele que sempre vinha antes de um cons