Alice Kim
A chave girou na fechadura com um clique seco. A casa estava escura, silenciosa, envolta naquele tipo de vazio que só aparece quando você precisa respirar sozinha.
Minha mãe tinha mandado mensagem mais cedo avisando do plantão de 48h. O que significava uma coisa: casa vazia. Silêncio. Nenhum adulto pra perguntar onde estive, com quem, que horas volto.
Mas quando empurrei a porta da sala...
Ele estava lá.
Zion.
Encostado na moldura da janela, luz fraca do abajur iluminando o perfil dele. Camiseta preta, cabelo bagunçado, e aquela cara de quem sabe demais — e finge que não se importa.
Mas ele se importava. Ah, ele se importava.
— Voltou tarde. — disse, sem me olhar. A voz saiu baixa. Quase calma. Quase.
Fechei a porta com cuidado. Larguei a bolsa no sofá, o casaco sobre a cadeira.
— Não é da sua conta. — respondi. Fria. Cansada. Sem energia pra mais um embate emocional.
— Engraçado... — ele soltou um riso curto, irônico. — Porque ontem à noite, parecia bem da minha conta.
Engo