EROS
UM MÊS DEPOIS... — ISSO — vibro com os olhos na tela do celular, só esqueço que estou dentro de uma sala de reuniões com o meu pai, cinco funcionários e dois clientes. Olho para todos os presentes e vejo seus olhares interrogativos em minha direção. — Desculpem! — falo, desconcertado. — Pode continuar, Catarina. A apresentação da reunião está sendo feito por Catarina Demetriou, nossa coordenadora de marketing. Ela volta à apresentação e, mais uma vez, me distraio stalkeando a rede social dela: Chiara Giordano, a estranha daquela noite. Descobrir quem é a garota, se tornou uma missão. Após o sexo incrível que fizemos aquela noite, dormimos em poucos minutos de tão exaustos que estávamos. Eu quis perguntar como tinha sido para ela a sua primeira vez, mas a garota parecia tão segura de si, que me deixou intimidado. Na manhã seguinte, acordei e, ao olhar para o lado, vi que ela ainda dormia. O lençol cobria apenas a bunda dela, que, diga-se de passagem é uma delícia. Ela estava de bruços, e suas pernas e costas estavam expostas. O cabelo cobria parte do seu rosto, e eu o coloquei delicadamente atrás da orelha para não acordá-la. Tinha sido a primeira vez da garota, então achei que deveria ser cordial. Não falei para ela, mas a minha família é dona da rede de hotéis Makris. Ou seja, eu tinha passe livre na cozinha. Cozinhar é algo que me dá muito prazer; são as minhas melhores memórias com a minha mãe. Preparei um desjejum grego com iogurte, frutas, mel, castanhas, pão pita, frios, azeitonas, bolo, torta, biscoitos, ovos mexidos com tomate e queijo feta e, é claro, o tradicional café grego. Queria deixar uma pista sobre a minha nacionalidade, já que não sabemos nada um do outro. Mas, para minha surpresa, ao voltar para o quarto, a estranha, ou melhor, Chiara Giordano, não estava lá. Confesso que fiquei decepcionado. Essa coisa de sair sem se despedir é coisa de quem quer fugir. — Tem algo que queira acrescentar, Eros? — meu pai pergunta, me tirando dos meus pensamentos. O que dizer? Não prestei atenção em uma única palavra que Catarina falou. — Acho que com Catarina Demetriou estão em ótimas mãos — falo, direcionando o meu olhar para os clientes. Eu não minto, Catarina é a nossa publicitária mais experiente, e será promovida a diretora de marketing quando meu velho, meu irmão e eu nos mudarmos para a Itália. A reunião chega ao fim. Meu pai e eu apertamos as mãos dos clientes, que logo deixam a sala de reuniões. — Eros, o que está acontecendo com você ultimamente? — meu pai pergunta — Tem estado distante, distraído... — Impressão sua — respondo. — Só me distrai um pouco na reunião. — Você está distraído desde que voltou da Itália da última vez. — Não sei de onde tirou isso, Sr. Theodore Makris — desconverso. — Mas me conta: e a mulher que conheceu na Itália? Há dois meses, meu pai contou para mim e meu irmão que conheceu uma mulher em um café em Milão. Isso nos deixou bem surpresos, visto que a minha mãe morreu em um acidente há quinze anos e, desde então, ele assumiu o papel de viúvo e não considerou se relacionar com mais ninguém. Não foi por falta de pretendentes. Cansei de ver mulheres se atirando em cima dele, mas sua vida se resumia a trabalhar e cuidar de mim e do Atlas. Não estou afirmando que nunca mais o meu pai tocou em uma mulher, mas nenhuma delas foi importante a ponto dele mencionar para mim e meu irmão. A mulher de Milão deve ter algo especial, já que desde que a conheceu, o meu velho tem viajado para lá toda semana. — Paola tem ocupado os meus pensamentos — um sorriso se formou no rosto do meu pai. — Temos passado bons momentos juntos, e sempre que chego à Grécia, sinto vontade de pegar o primeiro voo de volta para a Itália. — Sr. Theodore Makris está apaixonado — sorrio, dando dois t***s em seu ombro. — Eu quero essa mulher para mim, filho, mas não sei se ela está levando o que temos tão a sério quanto eu. Ontem, enquanto conversávamos por telefone, ela confessou que ainda não falou de mim para as suas filhas. — Porque não tem uma conversa franca com ela sobre o que sente? — Não sei — seu olhar fica distante. — Estou enferrujado para essas coisas. Não falo sobre sentimentos com outra mulher desde a sua mãe. — Só seja sincero com ela. — Vou pensar no que falar. À noite ligo para ela — meu velho fala, se levantando. — Vou almoçar com a sua tia. Ela quer conversar comigo. — Sobre o que tia Hebe quer conversar? — Ainda não sei, mas ela tem tentado me convencer de que a mudança para a Itália é um erro. Hebe Megalos Makris é minha tia por parte de mãe. Ela e o meu pai se conheceram antes dos meus pais serem apresentados. Meu velho me contou recentemente que quando tinham a minha idade, a tia Hebe se declarou apaixonada por ele. Dias depois, ele viu a minha mãe pela primeira vez e se apaixonou perdidamente. Isso explica muita coisa, visto que eu sempre achei que a forma que a minha tia olha para o meu pai é diferente, mesmo quando era casada com meu tio, Leonidas Makris, que morreu de infarto a alguns anos. Saio do escritório e dirijo até a academia. Marquei de encontrar com o Atlas.