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Capítulo 2 - O casamento arranjado

Serena e Kaía entraram apressadas na mansão Blackwolf, os sapatos ecoando pelo corredor de mármore. A lua já brilhava no céu, iluminando cada coluna imponente e as paredes brancas que refletiam o luxo da casa. Estavam atrasadas para o jantar, e a pressa fazia seus corações baterem mais rápido.

— Meninas, meninas, se acalmem! — exclamou Margarida, surgindo à frente delas com a postura rígida de sempre. — O Alfa exige a presença de vocês, e estão atrasadas! Andem como as moças elegantes que ensinamos a ser…

— Sim, Margarida! — responderam em uníssono, tentando controlar o riso.

Enquanto avançavam pelo corredor, Serena lançou um olhar cúmplice para Kaía:

— Ele vai perceber que estamos rindo.

— Melhor rir agora antes que vire crise — sussurrou Kaía, apertando a mão da irmã. — Respira fundo, você consegue.

Quando chegaram à sala de jantar, William Blackwolf estava sentado à cabeceira da mesa, a postura impecável, olhos azuis percorrendo cada detalhe do ambiente. Serena engoliu em seco.

Antes de se sentarem, as duas irmãs se aproximaram do pai. Serena beijou rapidamente sua bochecha, Kaía fez o mesmo. Por um instante, a severidade do homem pareceu suavizar-se, embora a autoridade permanecesse intacta.

— Vocês estão atrasadas — disse William, com sua voz grave e firme, que fazia o ar parecer mais denso.

— Desculpe, pai — respondeu Serena, tentando conter a ansiedade. — A lua nos enganou…

Kaía reprimiu um riso e cochichou para Serena enquanto se sentavam:

— Sempre a desculpa da lua… Acho que ele nem liga mais.

— Melhor assim, senão ele percebe nosso nervosismo.

Serena e Kaía, assim como todas as suas irmãs da linhagem Blackwolf, carregavam traços fortes e marcantes: cabelos negros e longos, lisos ou levemente ondulados, pele cor de canela e olhos azuis penetrantes que refletiam força, determinação e inteligência. Cada detalhe lembrava a majestade do jaguaretê, e juntos, faziam delas jovens belas, imponentes e cheias de presença, capazes de fascinar e impor respeito por onde passassem.

Quando chegaram à sala de jantar, William Blackwolf estava sentado à cabeceira da mesa, a postura impecável, olhos azuis percorrendo cada detalhe do ambiente. Serena engoliu em seco.

Antes de se sentarem, as duas irmãs se aproximaram do pai. Serena beijou rapidamente sua bochecha, Kaía fez o mesmo. Por um instante, a severidade do homem pareceu suavizar-se, embora a autoridade permanecesse intacta.

— Vocês estão atrasadas — disse William, com sua voz grave e firme, que fazia o ar parecer mais denso.

— Desculpe, pai — respondeu Serena, tentando conter a ansiedade. — A lua nos enganou…

Kaía reprimiu um riso e cochichou para Serena enquanto se sentavam:

— Sempre a desculpa da lua… Acho que ele nem liga mais.

— Melhor assim, senão ele percebe nosso nervosismo.

O jantar começou, com o aroma do vinho recém-servido misturando-se ao perfume das flores tropicais e à madeira polida da mesa. Conversas baixas entre as filhas preenchiam o espaço, enquanto Serena tentava concentrar-se nos sons e no brilho dos cristais, mas seu coração permanecia acelerado. Cada gesto do pai, cada olhar ao redor da mesa, lembrava que aquele jantar não era apenas uma refeição — era um teste silencioso de postura e comportamento.

Kaía ajustava a postura, observando o pai com atenção; Serena respirava devagar, sentindo cada batida do coração; e, por um instante, trocaram um olhar cúmplice, como se dissessem sem palavras: “Vamos sobreviver a isso, juntas.”

William ergueu a mão, pedindo atenção.

— Tenho um anúncio a fazer.

O salão mergulhou em silêncio imediato. As filhas se entreolharam nervosas; algumas tossiram, tentando disfarçar, enquanto outras permaneciam com o rosto congelado, o coração acelerado como se quisesse escapar do peito. Cada movimento parecia amplificado pelo peso da presença de William.

Serena sentiu um frio percorrer a espinha. Ela sabia que algo grande estava prestes a ser revelado, algo que mudaria sua vida para sempre.

Ayla, servindo cuidadosamente um pouco de salada para uma das filhas, respirou fundo, tentando suavizar a tensão:

— Meu bem… para onde ela irá?

William recostou-se, os dedos entrelaçados sobre a mesa, olhos frios e penetrantes fixos em Serena:

— Para Riverwood, no condado de Kingsbury, Estados Unidos. Ela se casará com o herdeiro das terras dos Greenwood. Como sempre, pagaremos as dívidas deles antes que o Estado tome suas propriedades.

Ele se inclinou levemente, a voz firme e direta:

— E você me ajudará com isso, como sempre, como todas as suas irmãs fizeram!

O impacto da notícia atingiu Serena como um soco no estômago. O coração acelerou ainda mais, e sua respiração se tornou irregular.

— Pai… não! — a voz tremia, carregada de emoção e incredulidade. — Eu não quero me casar com alguém que eu nem conheço!

Ayla tocou suavemente o braço da filha, tentando transmitir apoio e calma, mesmo sabendo que nada poderia abrandar a decisão de William.

— Serena… eu sei que é difícil, mas precisamos pensar na família. Ele quer proteger você e a todos nós — disse Ayla, a voz baixa, quase um sussurro, tentando ser um porto de segurança naquele mar de ordens e imposições.

Enquanto isso, as irmãs permaneciam tensas, cada uma lidando com a notícia à sua maneira. Kaía apertava os dedos contra a mesa, tentando controlar a própria ansiedade. Yara cruzava os braços, respirando fundo, a raiva contida ameaçando explodir. Dyani observava com olhar clínico, analisando cada gesto do pai. Nayeli, com o coração apertado, trocava olhares preocupados com Serena. Mayume arqueava a sobrancelha, pronta para intervir verbalmente, mas consciente do momento.

O silêncio voltou a dominar a sala, pesado e quase sufocante. Cada parede, cada lustre refletia o peso do legado Blackwolf, da autoridade do pai e da inevitabilidade do destino imposto à primogênita. Serena engoliu em seco, tentando respirar devagar, mas cada batida de seu coração lembrava que sua vida jamais seria a mesma.

Após alguns momentos de educação contida, Serena pegou o lenço branco bordado a ouro sobre a mesa, limpou a boca com cuidado e respirou fundo. O olhar estava cabisbaixo, a voz trêmula, segurando o choro que teimava em escapar:

— Eu já estou satisfeita… por favor, me deem licença.

Com um gesto leve, afastou a cadeira e se levantou. Cada passo parecia mais pesado que o anterior, como se carregasse não apenas o corpo, mas o peso de toda a responsabilidade imposta.

Ela atravessou o corredor da mansão quase em silêncio, cada eco de seus passos refletindo a tensão que ainda pulsava em seu peito. Ao abrir a porta para a noite, a brisa salgada do mar acariciou seu rosto, e Serena se permitiu, finalmente, soltar a respiração presa.

Seus pés descalços afundavam na areia quente da praia, deixando pequenas pegadas que a maré viria apagar em breve. O mar estava calmo, mas o coração de Serena não encontrava paz. Cada onda parecia sussurrar lembranças de escolhas que não havia feito, destinos que não queria aceitar.

A tristeza tornou-se sua companheira silenciosa naquela caminhada solitária. O perfume do sal e a suavidade da areia contrastavam com a tempestade interna que a consumia, e Serena fechou os olhos por um instante, permitindo que lágrimas escapassem livremente.

— Por que… sempre assim? — murmurou, a voz quase engolida pelo som das ondas. — Por que nunca posso escolher meu próprio caminho?

Ela respirou fundo, tentando recompor-se, mas o aperto no peito permanecia. A lua refletida na água parecia única testemunha de sua dor, e o vento parecia carregar consigo cada fragmento de frustração e medo que Serena tentava ocultar diante da família.

Serena caminhava lentamente pela praia, os pés descalços afundando na areia morna, tentando aliviar o peso que apertava seu coração, quando uma voz cortou a solidão da noite:

— Falando sozinha, jaguaretê?

Ela se sobressaltou, a respiração presa, o coração acelerando. Virou-se rapidamente e encontrou Raoni Guaraci a poucos metros de distância, sorrindo para ela. A pele morena refletia a luz da lua, e suas roupas humanas tradicionais — camisa leve e shorts — se destacavam contra a escuridão da noite.

— Ra… — começou Serena, a voz embargada. — Eu tava… conversando com a lua…

Ela esboçou um sorriso triste, tentando esconder a angústia que ainda a consumia, mas falhou. Raoni, percebendo o turbilhão de emoções, aproximou-se calmamente, cada passo firme na areia, como se trouxesse consigo segurança e compreensão.

— Conversando com a lua, é? — disse ele, a voz calma e divertida. — Parece sério… ou só poesia noturna?

Serena deixou escapar uma risadinha contida, quase sem perceber, e virou o rosto para olhar o mar. A brisa suave trouxe consigo o cheiro do sal e da maresia, misturando-se à sensação de conforto inesperado que Raoni proporcionava.

Serena desviou o olhar, tentando controlar as lágrimas, mas não conseguiu. Raoni se aproximou com passos tranquilos, a presença dele trazendo conforto imediato. Havia algo familiar naquele jeito de andar, naquele sorriso discreto — algo que lembrava os dias de infância, quando corriam juntos pela aldeia, despreocupados e livres.

— Ra… eu… — começou, mas a voz falhou, e o nó na garganta tornou impossível falar.

— Não precisa dizer nada — respondeu ele suavemente. — Se não quer conversar, então não vamos conversar.

Serena respirou fundo, finalmente permitindo que a tensão saísse em forma de pequenos soluços contidos.

— Tá… — murmurou, a voz quase um sussurro, e se deixou cair na areia quente da praia.

Raoni sentou-se ao lado dela, mantendo alguns centímetros de distância respeitosa, mas suficientemente perto para que sua presença fosse sentida como um apoio silencioso. Nenhuma palavra foi dita; apenas o som do mar preenchia o espaço entre eles, misturando-se ao ritmo irregular da respiração de Serena.

Uma lágrima escapou de seu rosto, deslizando lentamente pela bochecha. Ela não tentou escondê-la; estava cansada de fingir coragem, cansada de esconder o medo e a dor. Raoni permaneceu quieto, como fazia quando eram crianças, quando a amizade falava mais alto do que qualquer explicação ou conselho.

O silêncio entre os dois não era desconfortável; era um refúgio. Um momento roubado do mundo que exigia tanto dela, um instante de lembrança de que ainda existia alguém que a conhecia desde sempre, alguém que não precisava de palavras para entendê-la.

Serena se inclinou levemente, encostando a testa nos joelhos dobrados. Raoni permaneceu ali, lado a lado, o olhar fixo no horizonte, compartilhando o silêncio que falava mais do que qualquer conversa poderia falar.

E naquele instante, por mais breve que fosse, Serena sentiu que não estava totalmente sozinha.

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