Capítulo 05

— Você despertou — disse, a voz baixa, reverente. — Você é uma de nós.

Angela balançou a cabeça, confusa.

— Uma de vocês? O que vocês são?

Theo se ajoelhou também, do outro lado, seu olhar cheio de algo mais profundo que compaixão — devoção.

— Somos Alfas — disse suavemente. — Não apenas homens. Não apenas feras. Somos algo além... ligados à magia antiga desta terra.

Damian permaneceu em pé, observando como um rei diante de sua rainha caída.

Seus olhos vermelhos ardiam com a verdade que ele sempre soubera.

— E você, piccola — disse com aquela voz grave que fazia sua pele arrepiar —, é algo ainda mais raro.

Você é a chave.

A chave para quê, ela não sabia.

Mas uma coisa era certa.

O destino dela não pertencia mais a ela mesma.

Ela era parte de algo maior, algo sombrio e belo, perigoso e inescapável.

Angela fechou os olhos, respirando fundo o cheiro da terra, da chuva, da magia.

E quando abriu os olhos de novo, havia uma decisão brilhando neles.

Ela não seria mais levada pelas correntes da vida.

Ela se tornaria a tempestade.

E, de alguma forma, sabia que esses três homens — selvagens, perigosos, irreversivelmente conectados a ela — seriam tanto sua ruína quanto sua salvação.

E, pela primeira vez em muito, muito tempo...

Ela sorriu.

O caminho era estreito, ladeado por árvores antigas que pareciam sussurrar segredos esquecidos.

Angela seguia entre Zane e Theo, com Damian logo atrás, sua presença escura como uma sombra viva.

Ainda sentia o eco da energia que explodira dentro dela minutos antes — uma eletricidade adormecida agora pulsando sob sua pele como uma segunda batida cardíaca.

O ar era mais denso ali, saturado de magia.

Ela podia senti-la, como se estivesse respirando algo mais pesado que o próprio oxigênio.

— Onde estamos indo? — perguntou, a voz ecoando estranhamente entre as árvores.

Zane olhou para ela de relance, seus olhos dourados brilhando sob a luz da lua.

— Para o começo de tudo.

Ela não sabia o que aquilo significava, mas não havia como voltar atrás.

E, estranhamente, não queria.

Chegaram a uma clareira oculta, onde as árvores se abriam em respeito a uma construção antiga de pedra branca coberta por musgo.

Era bela e assombrosa.

Pilares partidos se erguiam como dedos apontando para o céu, e inscrições em uma língua que Angela não reconhecia cobriam as superfícies.

Ela sentiu algo se agitar dentro dela ao ver o lugar.

Algo primal.

Algo que reconhecia aquele espaço como lar.

— Este é o Santuário de Eterna — explicou Theo, sua voz suave como o vento entre as colunas. — Onde os nossos juramentos são feitos.

Onde o sangue encontra seu destino.

Angela se aproximou, fascinada.

Tocou uma das pedras frias, e um arrepio percorreu seu corpo.

Viu flashes — visões — de rituais antigos, homens e mulheres banhados em luz e sombra, promessas sussurradas em línguas esquecidas.

Seu corpo reagiu antes de sua mente compreender.

Ela cambaleou, e foi Zane quem a amparou.

Seus braços fortes envolveram sua cintura, puxando-a contra seu peito largo.

O calor dele era como fogo contra sua pele arrepiada.

Angela ergueu o rosto, e seus olhos se encontraram.

O mundo pareceu se dissolver.

Havia algo entre eles — algo feroz e indomável.

Zane respirou fundo, lutando visivelmente contra algo.

— Você é... — ele começou, mas a voz falhou. — Você é feita para nós.

Ela engoliu em seco.

Parte dela queria lutar contra aquele absurdo.

Parte dela sabia, instintivamente, que era verdade.

Angela sentiu o cheiro dele — madeira queimada, couro, tempestade — e o desejo cravou garras em sua barriga.

Zane passou a mão pela lateral do rosto dela, traçando seu maxilar com um toque surpreendentemente delicado.

— Angela — ele murmurou, a voz rouca —, você não tem ideia do que está despertando em mim.

Os dedos dele afundaram no quadril dela, puxando-a ainda mais para perto.

Ela sentiu a dureza do corpo dele contra o seu.

Sentiu o calor crescendo entre eles, uma promessa sombria e deliciosa.

O coração de Angela batia tão rápido que ela mal podia ouvir outra coisa.

— Eu deveria te dar tempo — Zane rosnou, fechando os olhos como se lutasse contra seus próprios demônios. — Deveria ser paciente...

Ela poderia tê-lo afastado.

Deveria ter recuado.

Mas, em vez disso, se ergueu na ponta dos pés, guiada por algo maior que a lógica.

E, sem pensar, roçou os lábios nos dele.

Foi como acender um fósforo em um campo de pólvora.

Zane respondeu com um grunhido profundo, a mão em sua nuca, puxando-a com uma fome selvagem.

O beijo era tudo menos gentil.

Era exigente, brutal, desesperado.

E ela queria mais.

Queria se perder naquele calor, esquecer o passado, esquecer o medo.

Ele a pressionou contra uma das colunas antigas, seu corpo dominando o dela com facilidade, mas não havia medo em Angela.

Havia apenas uma necessidade latente que ela nunca soubera que possuía.

Quando finalmente se separaram, ambos ofegantes, Zane encostou a testa na dela.

— Você é nossa — ele disse, uma promessa e uma sentença ao mesmo tempo.

Angela abriu os olhos e viu Theo e Damian observando de longe.

Theo, com um sorriso triste e paciente.

Damian, com um brilho de aprovação escura.

Eles não estavam com ciúmes.

Eles esperavam.

Sabiam que seu tempo também viria.

O destino de Angela não era pertencer a um homem apenas.

Era pertencer a eles.

E, no fundo, ela sabia:

Estava disposta.

Mesmo sem compreender todas as consequências, mesmo sem entender ainda todo o seu poder.

Angela era deles.

E eles eram dela.

Para o bem.

Ou para o mal.

A noite parecia viva.

O vento sussurrava entre as árvores como vozes antigas tentando avisá-la de algo que ela ainda não compreendia.

Angela se afastou da coluna onde Zane a havia deixado, os lábios ainda formigando do beijo voraz que trocaram.

O corpo tremia — não apenas de desejo, mas de uma sensação incômoda, uma ansiedade que se enroscava em suas entranhas.

Ela caminhou sem direção, tentando acalmar o coração descompassado.

Foi então que Theo a encontrou.

— Angela — chamou com sua voz tranquila, mas carregada de urgência.

Ela se virou, aliviada ao ver seus olhos verdes, calmos como florestas profundas.

Theo caminhou até ela com passos firmes e seguros.

Ele parecia carregar o próprio peso do mundo nos ombros, mas ainda assim, era o mais centrado dos três.

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