Capítulo 04

ZANE

O cheiro dela ainda pairava no ar.

Doce, vibrante... e perigosamente viciante.

Zane andava de um lado para o outro na clareira da floresta, os músculos tensionados, o coração batendo forte demais no peito.

Ele a sentira.

Não só sua presença física, mas algo muito maior — uma explosão de poder adormecido despertando como um trovão sob a pele de Angela.

"Ela é nossa", pensou, cerrando os punhos até que os nós dos dedos ficassem brancos.

Mas não era tão simples.

Não quando Theo a olhava daquele jeito — como se pudesse salvá-la de tudo.

E muito menos quando Damiam, com sua escuridão faminta, já a reivindicava com seus olhos vermelhos e sua presença devastadora.

Zane rosnou baixo, os instintos ferais borbulhando sob sua pele.

Ele a viu caminhando pela trilha estreita, os cabelos desgrenhados pela ventania, os olhos brilhando com um fogo novo.

O poder que emanava dela era cru, incontrolado — e infinitamente belo.

Quando ela se aproximou, o mundo inteiro pareceu parar.

Zane deu um passo adiante, ignorando os outros dois.

— Angela — disse, sua voz rouca de desejo e medo. — Você sente, não sente?

Ela ergueu o olhar para ele, e naquele instante, Zane soube que estava perdido.

Não importava quantos obstáculos surgissem.

Ela seria dele.

Mesmo que tivesse que lutar até o último suspiro.

THEO

Theo permaneceu imóvel, observando.

O vento balançava as árvores acima, e a luz da lua prateava a pele de Angela, fazendo-a parecer algo etéreo, sagrado.

Ele sentiu a conexão também — uma corrente invisível que o puxava para ela com uma força quase dolorosa.

Mas Theo era paciente. Sempre fora.

Diferente de Zane, que era impulsivo como uma tempestade, ou de Damiam, que preferia dominar pela escuridão, Theo sabia esperar.

Sabia que as coisas mais preciosas precisavam ser conquistadas, não arrancadas à força.

E Angela...

Angela era uma chama bruxuleante no meio da escuridão.

Frágil, mas cheia de um poder imenso, esperando apenas o momento certo para incendiar o mundo.

Ele viu a dúvida nos olhos dela, a hesitação.

E também viu a coragem.

Quando Zane avançou, Theo colocou uma mão firme no ombro dele, segurando-o por um instante.

— Devagar, fratello — murmurou. — Ela ainda está descobrindo quem é.

Zane rosnou, mas recuou meio passo.

Theo então se aproximou de Angela, com a calma de quem entende a força da gentileza.

— Estamos aqui para você, bellissima — disse, a voz baixa e cheia de promessa. — Sempre.

Ele estendeu a mão aberta para ela, sem forçar, sem exigir.

E, por um breve segundo, Angela quase cedeu.

Mas então, a sombra se moveu.

E Damiam tomou seu lugar.

DAMIAN.

Ele os observava, sempre na sombra.

Sempre esperando.

Damian sabia que era diferente dos outros dois.

Zane queria possuí-la com fúria. Theo queria protegê-la com devoção.

Ele?

Ele queria tudo.

Queria a alma dela, os medos, as dores, as alegrias, as trevas.

Queria cada pedaço, até os que ela mesma ainda não sabia que existiam.

Quando viu Angela caminhando hesitante em direção a Theo, algo dentro dele se retorceu.

Não de ciúme.

De pura e brutal necessidade.

Ela pertencia a todos eles. Mas acima de tudo, pertencia a ele.

Porque apenas Damian poderia ensinar a Angela o que realmente significava ser forte.

A verdadeira força não vinha da luz — vinha da escuridão abraçada sem medo.

Ele se moveu antes de pensar, atravessando a distância em um piscar de olhos.

Angela se virou, os olhos arregalados, sentindo-o antes mesmo de vê-lo.

Damian parou a poucos centímetros dela.

O cheiro dela, a vibração de poder recém-despertado... era como um banquete oferecido a um faminto.

Ele ergueu a mão e roçou os dedos no pulso dela, onde o sangue pulsava forte.

Um toque tão leve, mas carregado de um poder primitivo.

Angela estremeceu.

E Damian sorriu.

— Não lute contra isso, piccola — sussurrou. — Você nasceu para a escuridão.

E nós somos a escuridão que vai te abraçar.

Por um instante eterno, eles ficaram assim: três forças, três homens, três predadores ancestrais, girando ao redor de uma única mulher que carregava em si o poder de mudá-los para sempre.

Angela respirou fundo, olhando de um para outro.

E, em seus olhos, Damian viu a centelha de aceitação — e também de desafio.

O jogo estava apenas começando.

E ele pretendia vencer.

A qualquer custo.

Angela sentiu o peso do mundo em seu peito.

Zane, Theo, Damian

Três forças da natureza, girando em torno dela, puxando-a em direções opostas, cada um clamando silenciosamente pelo que achava ser seu por direito.

Ela sentia o olhar faminto de Zane queimando sua pele.

O toque protetor de Theo, suave e inevitável.

E a presença sombria de Damian, envolvendo-a como uma névoa espessa e inebriante.

Seu coração martelava descompassado.

Seu corpo parecia pequeno diante da imensidão deles, e ao mesmo tempo... algo dentro dela crescia, rugindo para ser liberado.

Angela deu um passo para trás, o ar ao redor vibrando.

Era demais.

Demais para um ser humano comum.

Mas ela começava a entender que nunca fora comum.

— Eu... eu preciso de espaço — sussurrou, a voz embargada.

Nenhum deles se moveu.

Eles apenas a observavam, olhos predadores, sentidos atentos, esperando sua reação.

O medo misturava-se ao desejo em suas veias, uma combustão lenta que ameaçava consumi-la.

Angela apertou os punhos.

O chão sob seus pés pareceu tremer.

Um sussurro atravessou sua mente — uma voz que era dela, mas também não era:

"Você é mais do que eles pensam. Deixe queimar."

Uma rajada de vento repentina varreu a clareira, fazendo as árvores se curvarem e as folhas dançarem em torno dela.

Angela arfou.

Ela não sabia o que estava fazendo — apenas sentia.

Sentia a energia fervendo sob sua pele, procurando uma saída.

— Angela... — Theo começou a dizer, mas parou ao ver a mudança nela.

Sua visão turvou por um instante, e então clareou — mas o mundo não era mais o mesmo.

Ela via além das cores normais: o dourado feroz da alma de Zane, o verde terroso de Theo, o vermelho tempestuoso de Damian.

E, ao redor de si mesma, uma luz azul intensa, vibrante, pulsando como um coração recém-nascido.

Angela soltou um grito — de medo, de liberdade, de pura existência.

A clareira explodiu em energia.

O chão rachou sob seus pés, pequenas fissuras se espalhando como teias.

As árvores mais próximas se inclinaram ainda mais, quase como se reverenciassem a tempestade que ela havia se tornado.

Zane avançou, tentando alcançá-la, mas foi arremessado para trás por uma onda invisível de força.

Theo cravou os pés no chão, resistindo à pressão brutal, os olhos arregalados de assombro.

E Damian...

Damian sorriu.

Um sorriso cheio de adoração sombria e orgulho.

Como se estivesse vendo exatamente o que sempre soube que existia nela.

Angela caiu de joelhos, o corpo exausto, a energia se dissipando lentamente no ar noturno.

Ela tremia.

Não de medo.

Mas de libertação.

Pela primeira vez em anos, ela não era a vítima.

Não era a mulher quebrada fugindo de monstros.

Ela era o próprio monstro agora.

Respirando com dificuldade, ergueu o olhar para eles.

— O que... o que está acontecendo comigo? — sussurrou.

Zane se aproximou lentamente, cauteloso como quem se aproxima de uma deusa furiosa.

Se ajoelhou diante dela, sua mão tremendo ao tentar tocá-la.

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