Fugindo de um casamento abusivo com um poderoso mafioso, Giulia Moretti encontra refúgio no Brasil. Perseguida pelos capangas do marido, sua vida muda quando é resgatada por Jack Thompson, um destemido cowboy. Unidos pelo perigo, Giulia e Jack embarcam em uma jornada de sobrevivência e descobrem, entre perseguições e confrontos, um amor inesperado que pode ser sua maior força.
Ler maisCapítulo 1
Milão - Itália A tarde que estava tranquila na mansão Moretti foi rompida de forma abrupta. O jardineiro, que cuidava pacientemente das roseiras no jardim, parou de podar ao ouvir os gritos furiosos do patrão e o som de vidros se estilhaçando. Dentro da imponente mansão, Giovanni Moretti, um dos mais temido chefe da máfia, estava à beira de perder o controle. Seus gritos ecoavam pelos corredores, e o ódio que sentia por seu pai era quase palpável. O homem era um vulcão prestes a explodir. Seus olhos escureceram quando avistou a esposa entrando no escritório, observando a destruição que ele causara. Um lampejo de desgosto atravessou seu rosto. — O que você está fazendo aqui? Saia! — Giovanni rugiu, virando-se abruptamente para pegar o telefone. Com uma pressa frenética, discou o número de um velho conhecido. — Paolo? "Ciao". Mande a garota para cá. Preciso me distrair. Desligando o telefone com força, ele se voltou para a esposa, agora observando-a com desprezo. — O que foi? Já mandei você sair. Não me provoque, ou você vai se arrepender. Além de tudo, o maldito do meu pai me traiu. Mas ele vai pagar com a vida! Ela o encarou, sem dizer nada, deixando que o silêncio falasse por si. Sua mente a levou de volta ao início de tudo, quando Giovanni a cortejava com promessas de amor e luxo. Um ano de casamento, e esse mesmo homem havia se tornado seu maior pesadelo. — Você está me traindo? — Sua voz saiu hesitante. — Traindo? — Giovanni riu, um som sombrio e sem humor. — Você é fria demais para mim. Ultimamente, parece uma estátua de gelo na cama. Eu quero mulheres que gritem meu nome, que se entreguem sem limites. Algo que você nunca vai entender. Agora, suma da minha frente antes que eu perca a paciência. — Eu não vou tolerar mais uma traição, Giovanni. — Seus olhos brilharam com raiva, coisa que ela estava reprimindo por meses. — Como ousa falar comigo desse jeito? — O tom dele era letal, a fúria crescente. — Saia agora, ou eu mudo de ideia e você vai se lembrar de quem manda aqui. — Não seria a primeira vez — respondeu, a voz firme, mas o corpo tremendo por dentro. O comentário dela foi como um tapa na cara de Giovanni. Sem pensar, ele avançou sobre ela com a brutalidade de sempre. Agarrando-a pelos cabelos, ele a jogou com força contra a parede. Ela se retraiu, sabendo o que viria em seguida. A mão dele se ergueu no ar, e o som seco do tapa preencheu a sala. Giulia caiu no chão, o gosto metálico do sangue enchendo sua boca enquanto o mundo ao seu redor escurecia. Giovanni a observou por um momento, antes de se virar, ignorando o corpo dela no chão. Quando finalmente abriu os olhos, tudo ao seu redor estava quieto. Com uma dor intensa no rosto e no corpo, ela se arrastou até o sofá para conseguir se erguer, sabendo que aquele seria o último dia que passaria naquela casa. Ela não aguentaria mais. Era hora de fugir. Antes de sair do escritório, Giulia escutou murmúrios abafados vindos de uma sala próxima. Eram gemidos, misturados com a voz de Giovanni, áspera e sem qualquer resquício de pudor. Seu coração apertou no peito. A confirmação que ela temia estava ali, em alto e claro som. Ele não só a maltratava, mas agora também a traía, sem se importar com quem estivesse por perto. Determinada a escapar daquela vida sufocante, Giulia subiu para o quarto, aproveitando a distração do marido. Seus olhos ardiam pelas lágrimas não derramadas, mas a dor física era ainda mais intensa. O tapa deixara uma marca profunda em sua face, lembrando-a de que aquele seria seu último dia naquela prisão de luxo. Andando pelos corredores vazios da mansão, ela percebeu algo incomum: a ausência dos seguranças. O caminho estava livre. Uma chance rara e preciosa de fugir. Chegando ao quarto, Giulia pegou um celular que havia comprado às escondidas meses antes. Ligou para um contato confiável, combinando os detalhes de sua fuga. Sabia que não tinha muito tempo. Com agilidade, preparou uma mala com o essencial e uma bolsa cheia de dinheiro que tirou do cofre. Ela havia descoberto a combinação há algumas semanas, um golpe de sorte que agora poderia salvar sua vida. Descendo com cautela até a garagem, onde seu carro estava estrategicamente posicionado, Giulia verificou se as câmeras tinham um ponto cego. Com a mala discretamente guardada no veículo, ela se permitiu um segundo de alívio. Ao entrar no veículo, disfarçou a marca do tapa com maquiagem. Não podia chamar atenção. Ela respirou fundo, suas mãos tremendo ao agarrar o volante. Cada fibra do seu ser gritava de medo, mas ela sabia que tinha que manter a calma. Sem hesitar, deu partida no carro e dirigiu em direção ao portão principal. Surpreendentemente, os seguranças abriram o portão sem questionar. Minutos depois, Giulia acelerava pela rodovia. Seu coração batia descompassado, e a sensação de estar sendo perseguida aumentava a cada quilômetro. Ao chegar ao aeroporto, encontrou seu contato no banheiro feminino. Ele estava disfarçado e pronto para ajudá-la. — Aqui estão as passagens, o passaporte e seu novo documento — ele disse, entregando os documentos. — Brasil? — Ela perguntou, surpresa ao ver o destino impresso nas passagens. — Você precisa sumir. O país não importa, mas no Brasil você estará segura, ao menos por um tempo — respondeu ele, firme. Giulia engoliu em seco. Ela queria fugir, queria se livrar de Giovanni e da vida que ele lhe impusera. Mas a incerteza de uma nova vida a milhares de quilômetros de distância era assustadora. — Agora vá. Seu voo sai em uma hora. Não olhe para trás — disse o contato, com urgência. Giulia agradeceu, segurando a ansiedade que se acumulava em seu peito. Ela se dirigiu ao guichê, onde um atendente verificou seu passaporte. Seu nome falso estava perfeito, mas o medo de ser descoberta fazia suas mãos suarem. Liberada para o embarque, ela sentiu seu corpo ficar tenso ao avistar os capangas de Giovanni entrando no saguão, armados e prontos para encontrá-la. O coração dela disparou. Eles estavam próximos. Muito próximos. Mas, contra todas as probabilidades, Giulia conseguiu embarcar. O alívio foi imediato, mas o pânico voltou quando ouviu o som de sirenes do lado de fora, antes de decolar. O avião fechou as portas. As sirenes pareciam se aproximar, e Giulia mal conseguia respirar, mas, finalmente, sentiu o alívio quando as rodas do avião começaram a deslizar pela pista. A decolagem estava garantida. Ela fechou os olhos, permitindo que as lágrimas finalmente caíssem. Por pouco, muito pouco, ela escapara com vida. Agora, ela teria que enfrentar um novo destino. E o Brasil seria seu refúgio. *** Na mansão Moretti, o foi interrompido pelo som estridente de Giovanni esmurrando a mesa. Ele rangia os dentes, o rosto tomado por uma expressão de fúria incontrolável. Giulia, sua esposa, havia fugido. E o mais revoltante: estava a caminho do Brasil. Ao desligar o telefone com um golpe, ele se levantou bruscamente, jogando a cadeira contra a parede e gritando cheio de ira. A notícia ecoava em sua mente como um tambor incessante. Ela ousara fugir, escapar de suas garras. Uma traição que ele jamais imaginara possível. Nunca a perdoaria. Com passos rápidos, pegou o celular novamente, discando um número que não usava há muito tempo. Do outro lado da linha, atendeu uma voz grossa de alguém que devia muitos favores ao mafioso. — Ela está indo para o Brasil. Eu quero Giulia de volta. Viva — ordenou, sem dar espaço para questionamentos. — Não me importa como vocês farão isso, apenas tragam-na. Se ela resistir, lidem com ela. Mas a quero viva. A voz do outro lado concordou com um breve "Sim, senhor", e Giovanni desligou, sentindo o gosto amargo. Ele se aproximou da janela, observando o jardim da mansão, as mãos ainda tremendo de raiva. Giulia podia correr, mas não havia lugar no mundo em que ele não pudesse encontrá-la. Giovanni sabia que, mais cedo ou mais tarde, sua esposa retornaria, arrastada de volta, se necessário. E quando isso acontecesse, ela conheceria o verdadeiro significado de ser sua prisioneira. O mafioso respirou fundo, tentando controlar a maré de emoções que o dominava. O Brasil não era o fim da linha para Giulia. Apenas o começo de um jogo mais perigoso. *** Giulia finalmente sentia o avião rasgar os céus, cada segundo a afastando do inferno que era a vida ao lado de Giovanni. No entanto, mesmo a milhares de metros de altura, sabia que o perigo estava longe de acabar. Ela tinha plena consciência de que Giovanni não aceitaria essa fuga tão facilmente. Giulia finalmente pousou no Brasil, mas, ao invés de se esconder em uma grande cidade, decidiu fugir para o interior de Minas Gerais, buscando uma pequena cidade onde pudesse se camuflar. A tranquilidade do lugar seria a sua melhor proteção. O ônibus que a levou até a cidadezinha serpenteava por estradas rurais, e Giulia aproveitou o caminho para tentar acalmar as emoções em sua mente. Ao descer na rodoviária, o ar era diferente, o clima era mais ameno, e a paisagem, bucólica. "Aqui eles não me encontrarão", pensou. Carregando a bolsa com dinheiro e a pequena mala, ela caminhou. Enquanto andava, passou em frente a um mercado pequeno, onde pretendia entrar para comprar mantimentos. No entanto, antes de entrar, um barulho de pneu cantando no asfalto a paralisou. Uma criança corria despreocupada da calçada para atravessar a rua, e Giulia percebeu que um carro descia rapidamente pela estrada em sua direção, parecia fora de controle. Sem pensar duas vezes, ela largou sua bolsa no chão e correu com toda a força, conseguindo agarrar a menina que tinha cerca de dez anos no último segundo.Capítulo 52A espera parecia interminável. Giulia andava de um lado para o outro no corredor do hospital, abraçando a si mesma para conter a ansiedade. Mateo estava sentado ao seu lado, silencioso, mas atento a cada movimento dela. Os filhos do casal dormiam em poltronas próximas, exaustos depois de uma tarde inteira de tensão.Quando o médico finalmente apareceu, Giulia sentiu o coração parar por um segundo.- Como ele está, doutor? - perguntou, a voz trêmula.O médico sorriu.- Carlos teve uma concussão leve e algumas escoriações, mas não há nada grave. Ele já acordou e está perguntando por vocês.Os olhos de Giulia se encheram de lágrimas, e ela levou as mãos ao rosto, aliviada.- Posso vê-lo?- Claro. Apenas não o sobrecarregue, ele ainda está se recuperando.Ela assentiu rapidamente e se virou para os filhos, tocando seus rostinhos com delicadeza.- Acordem, meus amores. O papai está bem! - sua voz saiu embargada de emoção.Os dois abriram os olhos devagar, e assimilaram as palav
Capítulo 51Camila cruzou as pernas devagar, acomodando-se em uma das mesas próximas ao balcão da padaria. Pediu um café, mas mal tocou na xícara. Seus olhos estavam atentos à porta de entrada, esperando a chegada de Carlos.Ela ajeitou o vestido colado no corpo, garantindo que seus movimentos chamassem atenção. Sabia que, mais cedo ou mais tarde, ele apareceria para comprar a torta de palmito que tanto adorava. Seu plano estava perfeito, e tudo o que precisava era o momento certo para agir.Os minutos se arrastavam, até que, finalmente, a porta se abriu e Carlos entrou. Usava sua camisa xadrez aberta no peito e um jeans surrado. Cumprimentou alguns conhecidos com um sorriso discreto antes de caminhar até o balcão. Camila sentiu o coração acelerar. Era agora.— Olha só quem está por aqui! — Ela se levantou e se aproximou com um sorriso sedutor.Carlos a encarou surpreso e com um certo desconforto. Não esperava vê-la ali, ainda mais depois de toda a confusão que havia causado ao sair d
Capítulo 50Nos dias seguintes, Giulia manteve a calma, mas sua atenção estava completamente voltada para Camila. Cada olhar, cada sorriso forçado, cada aproximação desnecessária da babá em relação a Carlos não passava despercebida.Ela não queria agir de maneira precipitada, mas também não permitiria que a situação se prolongasse. Naquela noite, decidiu conversar com o marido.Enquanto ele se deitava na cama, ela sentou ao lado dele e respirou fundo antes de dizer:— Carlos, você percebeu algo estranho na Camila ultimamente?Ele franziu a testa, pensativo.— Estranho como?— Ela anda… próxima demais de você. Observando tudo. Sorrindo demais. Tocando você sem necessidade. — Giulia disse com cuidado, estudando a reação do marido.Carlos riu baixinho e balançou a cabeça.— Eu não tinha reparado nisso. Mas agora que você falou, acho que ela tem se mostrado um pouco mais atenciosa comigo do que com você.Giulia cruzou os braços, séria.— Acha que estou exagerando?Ele se levantou um pouco
Capítulo 49Carlos, depois de garantir que Giulia e as crianças estavam seguras dentro de casa, saiu para encontrar Mateo.— Tudo limpo? — Carlos perguntou, observando os homens de Mateo finalizarem a remoção dos últimos vestígios do confronto.Mateo deu um sorriso de canto.— Nada que precise de mais do que uma boa noite de sono pra esquecer. Mas Giovanni… esse nunca mais volta.Carlos assentiu, sentindo um peso sair de seus ombros. Porém, ele sabia que, apesar da ameaça ter sido eliminada, aquilo ainda poderia ter consequências.— E se alguém vier procurar por ele?Mateo cruzou os braços, olhando ao redor.— Giovanni era um homem perigoso, mas também um fantasma. Ele vivia à margem das leis, não tinha muitos aliados verdadeiros. O que importa agora é que vocês estão seguros.Carlos soltou um suspiro pesado, passando a mão pelos cabelos. Ele sabia que Mateo estava certo, mas parte dele ainda sentia a necessidade de reforçar a segurança.— Vou reforçar a fazenda. Não quero correr risc
Capítulo 48Giovanni caminhava em direção ao veículo, parecendo finalmente aceitar a retirada. Giulia, Carlos e Mateo ainda estavam tensos.Foi nesse momento que Giovanni se virou bruscamente. Seus olhos faiscavam com um brilho cruel enquanto sua mão se movia com rapidez mortal, sacando uma pistola prateada de dentro do paletó.- Morra, fazendeiro! - ele rosnou, puxando o gatilho.O tempo pareceu desacelerar. Carlos não pensou, apenas reagiu. Sua única arma era a faca que mantinha no cinto. Em um movimento instintivo e certeiro, ele a arrancou e a lançou contra Giovanni sem nem mirar.O fio afiado cortou o ar como um raio.A lâmina cravou-se no ombro de Giovanni no exato momento em que ele apertava o gatilho. Seu tiro saiu desviado, atingindo o chão com um estrondo ensurdecedor. Ele soltou um grito de dor, cambaleando para trás e levando a mão ao ferimento.Mateo e seus homens agiram no mesmo instante. O barulho dos tiros explodiu no ar como trovões, rompendo a tranquilidade da fazend
Capítulo 47A manhã na fazenda começou com a alegria de sempre. O sol brilhava forte, e o cheiro de café recém-passado se espalhava pela cozinha enquanto Giulia terminava de arrumar as mesas para o café da manhã. Carlos brincava com Enzo, jogando-o para o alto e arrancando gargalhadas do menino, enquanto Vitória ajudava Giulia com os pratos e cantava com sua bela voz uma canção sertaneja antiga. Tudo parecia perfeito.— Mamãe, quero panqueca! — Enzo pediu animado, abraçando a perna da mãe.— Está quase pronta, meu amor — respondeu ela, sorrindo e bagunçando os cabelos do filho.Os momentos felizes eram uma dádiva para Giulia. Depois de tudo que passou, encontrar paz ao lado de Carlos e dos filhos era algo que nunca pensou ser possível.Um ronco de motores soou do lado de fora, interrompendo a risada das crianças. Giulia franziu o cenho e trocou um olhar preocupado com Carlos. Ele se levantou, puxando o chapéu para a cabeça e caminhou até a porta.— Está esperando alguém? — ele pergunt
Último capítulo