Capítulo 5
Na semana seguinte, Gustavo continuou sem voltar.

Mas eu sabia o tempo todo o que ele estava fazendo, afinal, com uma Wilma que gostava de postar tudo no Instagram, eu achava difícil não saber.

Os dois foram juntos às águas termais, olharam o mar, tiraram fotos ao nascer do sol...

Mais uma vez, vi um Gustavo diferente.

Afinal, ele também sabia se comportar como um homem comum apaixonado.

Nesses dias, eu também não fiquei parada. Havia tantas coisas em casa que passei vários dias organizando tudo até deixar completamente limpo.

Aproveitei e voltei para a casa dos meus pais, para avisar que iria para o Instituto de Pesquisas Médicas de Porto Esperança e que, nos próximos tempos, seria difícil manter contato com eles.

Meu pai ficou um pouco surpreso:

— Você e Gustavo não iam se casar em breve? Vocês não vão acabar morando separados?

Minha mãe também demonstrou preocupação, segurou minha mão e aconselhou:

— Pense bem, Catarina. Foi difícil chegar onde vocês chegaram. Tenho medo de que, se você for se dedicar à pesquisa médica, ele não concorde e até cancele o casamento, termine com você...

Eu entendia a preocupação dos meus pais.

Todos esses anos, eles testemunharam minha dedicação a Gustavo e já percebiam a maneira como ele me tratava.

Meus pais já tinham tentado, de forma delicada, me aconselhar. Achavam que eu não tinha tanta importância assim para Gustavo e pediram que eu reconsiderasse várias vezes. Mas, naquela época, eu estava confiante, acreditando que poderia mudá-lo, fazer com que ele me aceitasse completamente.

Então, eles pararam de insistir.

Mas agora, quem decidira cancelar o casamento era eu.

Depois que contei minha decisão aos meus pais, eles ficaram em silêncio por muito tempo.

Não mencionei que Wilma já estava grávida de Gustavo, com medo de que eles não suportassem esse golpe. Apenas disse que queria continuar na medicina e contribuir para a ciência.

No fim, meu pai suspirou, deu um tapinha no meu ombro e disse:

— Desde que você não se arrependa, está tudo bem.

Ao voltar para casa, chamei minha amiga Giselle para me ajudar a jogar fora as coisas já organizadas. As caixas de papelão se empilhavam na sala, ocupando um bom espaço.

Subimos e descemos várias vezes, até finalmente jogar todas as caixas no lixo. O cômodo ficou imediatamente vazio.

Giselle olhou para tudo aquilo, cheia de sentimentos.

Ela ainda se lembrava de dois meses atrás, quando eu, depois de pedir Gustavo em casamento e receber o sim, a arrastei para uma noite inteira de comemoração, dizendo o tempo todo que finalmente realizara meu desejo.

Quem diria que, apenas dois meses depois, eu decidiria cancelar o casamento.

— Você está mesmo falando sério? Achei que aquele dia, quando falou em cancelar, fosse brincadeira.

Ela estava incrédula.

— Eu vi você correr atrás do Gustavo por tantos anos. O que aconteceu? Por que decidiu desistir de repente?

Talvez por estar prestes a partir, senti uma vontade repentina de desabafar.

Contei tudo o que havia acontecido naquele último mês para Giselle, inclusive sobre Gustavo e Wilma, e o bebê.

Giselle, ao ouvir tudo, não se segurou e soltou um palavrão:

— Depois de tudo o que você fez por ele, ele ainda faz um filho com outra antes do casamento e espera que você aceite? O que se passa na cabeça dele?!

Baixei a cabeça, engolindo o amargor no peito.

— Quem sabe... Ele disse que a Wilma foi quem salvou a vida dele, e que precisava realizar o desejo dela.

O rosto de Giselle era pura indignação:

— Mas você também salvou a vida dele! Por que ele te trata desse jeito?!

Eu não respondi mais.
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