Capítulo 4
— Amanhã não vamos mais tirar as fotos de casamento.

Olhei para o calendário em cima da mesa. Debaixo da data de amanhã estava escrito [fotos de casamento], claramente marcado.

Embora eu não soubesse por que Gustavo subitamente sugeriu cancelar as fotos de casamento, esse casamento era algo que eu já pretendia desistir.

Mesmo que ele não dissesse nada, eu também encontraria uma desculpa para cancelar a sessão de fotos.

Agora que ele tomou a iniciativa, não só me poupou o trabalho, como até me fez sentir aliviada.

Assenti com a cabeça, mantendo a voz calma.

— Tudo bem, vou ligar para o fotógrafo e cancelar a sessão.

Assim que terminei de falar, Gustavo ficou surpreso, não esperava que eu concordasse tão prontamente.

Ele hesitou por um momento, tentando disfarçar o próprio desconforto.

— Não precisa cancelar a reserva com o fotógrafo.

Continuou:

— Wilma disse que talvez nunca tenha a chance de se casar na vida, então queria tirar uma foto de casamento comigo, só para sentir como é, para não se arrepender depois.

— Amanhã, então, deixe Wilma tirar as fotos comigo. Depois, algum dia, nós tiramos as nossas.

O tom dele era tranquilo, como se estivesse falando sobre o que comer naquele dia, como se fosse uma sugestão banal.

Da mesma forma que, um mês atrás, ele me comunicou que faria inseminação artificial com Wilma; aparentemente queria discutir, mas, no fundo, já havia tomado a decisão, só estava me informando.

Mas ele não sabia que já não havia mais "depois" para nós.

Respondi baixinho:

— Tá bom.

Em seguida, virei-me para o quarto, pronta para descansar.

De qualquer forma, esse casamento não aconteceria mais. Não fazia diferença com quem Gustavo tirasse fotos de casamento.

Gustavo olhou para minhas costas, sentindo uma inquietação inexplicável.

Eu estava calma demais, nem sequer um questionamento.

Todos os argumentos e planos dele se tornaram inúteis.

Ele pensava que eu ficaria abalada, que o questionaria pelo motivo da decisão repentina, mas não tive nenhuma reação.

Na manhã seguinte, quando acordei, vi Gustavo se preparando para sair.

Enquanto calçava os sapatos, ele me avisou:

— Depois das fotos de casamento, Wilma e eu vamos sair de férias. Ela sempre quis conhecer a Cidade do Amanhã, então vou levá-la.

— O nosso casamento será o mais simples possível. Não terei tempo para ensaio ou decoração, você pode decidir tudo, não precisa me consultar.

Mastigando minha torrada, respondi com indiferença:

— Tudo bem.

Tudo o mais simples possível.

Essa cerimônia não teria fotos de casamento, nem convidados, nem mestre de cerimônias.

Também não haveria noiva.

Gustavo me observou tomando o café da manhã calmamente. Pensou um pouco e acrescentou:

— Depois do casamento, vamos passar a lua de mel em Belavista. Lembro que você sempre quis ir.

Se fosse antes, ao ouvir Gustavo mencionar espontaneamente uma lua de mel, eu teria ficado animada, começando a planejar, afinal, pedi muitas vezes para ele viajar comigo, mas ele sempre recusava, dizia que não gostava de sair, que viajar era cansativo demais.

Agora, apenas continuei concentrada no meu pão, sem nenhuma reação.

Gustavo ainda quis dizer algo, mas, ao olhar para o relógio na parede, saiu às pressas, deixando para trás um:

— Quando eu voltar, conversamos.

Peguei o calendário na mesa e risquei com uma caneta marcadora o [fotos de casamento].

Faltavam doze dias.

Depois do café, comecei a arrumar o quarto, aproveitando para me desfazer de algumas coisas desnecessárias.

No álbum, havia menos de cinco fotos. No canto, um projetor coberto de poeira. E aquele pijama de casal, nunca usado...

Cinco anos juntos. Cada objeto nesta casa foi escolhido cuidadosamente por mim, um a um, transformando pouco a pouco aquele espaço vazio em um lar aconchegante.

Mas, se olharmos bem, perceberemos que Gustavo nunca usou muitas dessas coisas.

Ele havia dito que, mesmo namorando comigo, continuava sendo um indivíduo independente e não gostava de usar coisas de casal, pois isso o fazia sentir-se preso o tempo todo.

Já que era assim, melhor desfazer-me delas logo, deixar que essas lembranças se dispersem com o vento.
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