Naquela noite, Gustavo não voltou para casa e eu também não liguei para perguntar onde ele estava.

Eu já tinha visto as atualizações de Wilma nas redes sociais dela.

Depois que saíram do hospital à tarde, eles foram direto para a casa de Wilma e contaram à família dela sobre a gravidez.

Nas fotos, a avó de Wilma segurava carinhosamente a mão de Gustavo, dizendo algo, enquanto ele, com a outra mão, acariciava suavemente a barriga de Wilma, sorrindo com uma ternura incomum.

Nós ficamos juntos por cinco anos, e depois que Gustavo aceitou meu pedido de casamento, ele só voltou para casa uma única vez.

Mesmo que a distância entre nossas famílias não fosse de mais de meia hora de carro, antes disso, ele nunca tinha ido lá por iniciativa própria.

Ele dizia que não gostava de ficar com os mais velhos, que se sentia desconfortável.

Naquela única visita, sua atitude foi apenas de cortesia, longe da calorosa gentileza que mostrava na foto com a família de Wilma.

Fechei os olhos, engolindo a amargura que ameaçava transbordar do meu peito, e desliguei o celular.

No dia seguinte, marquei um encontro com alguns amigos para contar que o casamento estava cancelado.

Gustavo sempre dissera que não gostava de casamentos, achava que não passavam de formalismos sem sentido.

Só depois da minha insistência ele concordou, com relutância, em fazer uma pequena cerimônia, convidando apenas os familiares e amigos mais próximos.

Todos ao redor sabiam dos meus sentimentos por Gustavo, então meus amigos ficaram muito surpresos quando ouviram sobre o cancelamento do casamento.

— Você não gostava do Gustavo há tanto tempo? Como decidiu desistir assim, de repente?

Uma onda de amargura indescritível invadiu meu coração.

Romper completamente uma relação de vinte anos, como seria fácil?

Mas, na verdade, esse amor nunca foi equilibrado desde o começo.

Do início ao fim, fui eu quem sempre corri atrás de Gustavo.

E ele, nunca parou para me esperar.

No começo, eu não me importava. Dizia a mim mesma que, já que consegui fazê-lo concordar em casar comigo, também conseguiria conquistar seu coração depois do casamento.

Eu estava disposta a esperar, até o dia em que ele se abrisse completamente para mim.

Mas tudo mudou desde que, há seis meses, Wilma, essa chamada salvadora, apareceu.

Finalmente percebi que Gustavo não era frio e indiferente com todos.

Na frente de Wilma, ele sempre mostrava um olhar terno, sorria sem qualquer reserva.

E eu, diante dele, sempre fui apenas uma coadjuvante.

O mais difícil de suportar era que ele, enquanto fingia pedir minha opinião, já tinha decidido pelas minhas costas fazer a inseminação artificial, fazendo com que Wilma engravidasse.

Naquele momento, finalmente entendi que eu e Gustavo não tínhamos mais futuro.

Não contei a verdade para meus amigos, apenas disse que teria que trabalhar no hospital e que, de agora em diante, só entraria em contato de tempos em tempos.

Para me desculpar, fiquei com eles até tarde da noite antes de voltar para casa.

Quando cheguei, Gustavo também acabara de chegar.

Ao sentir o cheiro de álcool em mim, ele franziu a testa, deu alguns passos para trás, cobriu o nariz e a boca com uma mão e falou com impaciência:

— Fique longe de mim, não quero que esse cheiro de álcool fique em mim.

Sorri com autodeboche.

Provavelmente estava preocupado que o cheiro de álcool pudesse afetar Wilma.

Afinal, ela agora está grávida.

Não disse nada, apenas fui direto para o banheiro tomar banho.

Quando saí, Gustavo estava sentado no sofá, digitando freneticamente no celular, com um sorriso estampado no rosto.

Lancei um olhar rápido e, sem intenção de interrompê-lo, fui direto para o quarto dormir.

Não esperava que ele me chamasse de repente.

— Preciso conversar com você sobre uma coisa.

Parei no mesmo instante.

A última vez que ouvi essa frase foi há um mês, quando ele sugeriu pela primeira vez ter um filho com Wilma. Discutimos durante um mês inteiro depois disso.

Agora, Wilma já estava grávida. O que mais ele teria para discutir comigo?